Segurança
Eterna do Crente
A
questão da segurança eterna do crente tem sido a causa de muita controvérsia na
igreja, durante séculos, e continua causando confusão e desgosto a muitos
cristãos. É demais esperar que o assunto seja esclarecido neste pequeno texto,
mas, pelo menos, tentaremos ajudar um pouco.
Os que acreditam na perda da salvação
acusam os que acreditam na “segurança eterna do crente” de promoverem a “graça
barata”. Mesmo que esta, em certos casos, seja uma expressão adequada, trata-se
de uma premissa não bíblica. Chamar “barata” a graça de Deus é o mesmo que
negá-la, visto como esta graça custou um preço por demais elevado ao Senhor que
por ela pagou com o Seu próprio sacrifício na cruz do Calvário.
Quando uma pessoa acha que pode pagar
uma parte desse preço, tentando ganhar a própria salvação pelas suas obras, ela
está barateando a graça, pois desvaloriza o dom infinito que somente Deus pode
oferecer, o qual dispensa qualquer esforço humano.
Falar
em “cair da graça” inclui o mesmo erro, visto como nossas obras nada têm a ver
com o merecimento da graça e também nada poderíamos fazer para merecê-la.
Portanto, também nada poderíamos fazer para perdê-la. As obras implicam em
recompensa ou castigo (Gálatas 6:7), porém nunca na salvação da pessoa. O grave
problema é a confusão que se faz entre a graça e
as obras do crente.
Compreendendo
a graça:
1)
- Deve ficar absolutamente claro que graça e obras não se misturam. Paulo
declara em Romanos 11:6: “Mas se é por graça, já não é pelas obras; de outra
maneira, a graça já não é graça. Se, porém, é pelas obras, já não é mais graça;
de outra maneira a obra já não é obra”. Desse modo, a salvação não pode ser
conseguida em parte pelas obras e em parte pela graça.
2) - Devemos ter absoluta certeza de
que as obras nada têm a ver com a salvação. A Bíblia declara, meridianamente:
“Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de
Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie”. (Efésios 2:8-9).
3)
- A salvação não pode ser conseguida por nós, nem sequer em parte, pois ela
exige o pagamento da penalidade do pecado - o que não podemos fazer. Se alguém
recebesse uma multa de trânsito por excesso de velocidade nada lhe adiantaria
dizer ao juiz: “Eu sempre dirigi a 55 Km por hora; portanto, esta boa ação deve
compensar o erro que eu agora cometi”. Nem que ele dissesse: “Se o senhor me
liberar agora, prometo que jamais cometerei outra infração”. Então, o juiz iria
responder: “Ora, não cometer mais infração é apenas cumprir a lei, pelo que não
lhe cabe crédito algum. O castigo por ter quebrado a lei é outro assunto e você
deve pagar por isso”. Paulo diz em Romanos 3:20: “... Nenhuma carne será
justificada diante dele (Deus) pelas obras da lei, porque pela lei vem o
conhecimento do pecado”.
4) - Se a salvação do castigo por
termos quebrado a lei não pode ser conseguida pelas boas obras, ela também não
pode ser perdida pelas obras más. Nossas obras nada influem para se conseguir
ou perder a salvação. Se isso acontecesse, os que chegam ao Céu poderiam se
vangloriar de que, embora Cristo lhes tenha dado a salvação, eles, por sua vez,
viveram vidas santas, a fim de manterem a mesma. Desse modo, Deus seria
defraudado no
recebimento
de Sua glória, por toda a eternidade.
5)
- A salvação pode ser-nos concedida como um dom gratuito somente se a
penalidade do pecado foi totalmente paga. Violamos a infinita justiça divina,
exigindo, portanto, uma penalidade infinita. Somos seres finitos; portanto, não
podemos pagar uma penalidade infinita e, assim, ficamos separados de Deus por
toda a eternidade Deus é infinito; por isso, Ele pôde pagar a penalidade
infinita; porém, só quando se tornou um membro de nossa raça. Deus, em amor e
graça, através do nascimento virginal, tornou-Se homem, a fim de pagar o débito
do pecado por toda a raça humana. Está consumado!
Cristo clamou na cruz “Está
consumado!”, significando que todo o débito havia sido pago e a justiça divina
fora satisfeita com o pagamento total da penalidade. Foi assim que Deus Se
tornou “justo e justificador daquele que tem fé em Jesus” (Romanos 3:26). Nesta
base, Deus oferece o perdão dos pecados e a vida eterna, como um dom gratuito.
Ele não força pessoa alguma a aceitá-lo; pois, neste caso já não seria um dom,
mas uma imposição. Por isso, Ele também não aceita que pessoa alguma rejeite
essa base legal de perdão, oferecendo, como “pagamento parcial”, as próprias
obras.
A salvação é obtida pelo completo
perdão (através da graça) da penalidade dos nossos pecados passados, presentes
e futuros e a vida eterna é o bônus que dela resulta. Negando esta verdade
cardeal, os sectários, como as TJs, rejeitam a salvação exclusivamente pela
graça, insistindo em que ela deve ser obtida pelas boas obras. As TJs acusam os
evangélicos de ensinarem que tudo que devemos fazer é crer em Cristo, passando
a viver uma vida como bem quisermos, cometendo os pecados mais grosseiros e,
mesmo assim, continuando na certeza de que chegaremos ao Céu. Ora, nós não
ensinamos tal coisa, embora uma queixa semelhante seja feita pelos que
acreditam na perda da salvação. Eles dizem que afirmar: “uma vez salvos, para
sempre salvos” pode encorajar as pessoas a uma vida de pecados. Mas, o fato de
saber que não perderemos a salvação, em virtude de um motivo maior, para uma
vida piedosa de amor e gratidão pelo que Cristo fez por nós na cruz do
Calvário...
Conquanto, para aqueles que acreditam
em “cair da graça”, fique claro que as boas obras não salvam, eles continuam
ensinando que a salvação é obtida através das boas obras. Desse modo, alguém é
salvo pela graça; porém, mais tarde, se esta salvação pode ser perdida pelas
obras más, é o mesmo que ensinar que as boas obras conservam a salvação, e o
mesmo erro de afirmar que são as boas obras que ganham a salvação. O mesmo que
negar a graça é afirmar que, uma vez salvo pela graça, eu preciso me conservar
salvo praticando boas obras. Em vez de glorificar o sacrifício de Cristo, este
ensino, conforme Hebreus, está condenando-O ao ridículo diante do mundo,
crucificando-O novamente, a fim de que Ele possa nos salvar. Ele também seria
ridicularizado por ter morrido para nos dar a salvação, sem ter feito uma
provisão para que a conservássemos... E de dar um dom inestimável a quem,
inevitavelmente, iria perdê-lo. Se a morte de Cristo em nosso lugar e Sua ressurreição
não foram suficientes para nos conservar salvos, então Ele perdeu inutilmente o
Seu tempo. E se não podemos viver uma vida bastante boa para ganhar a salvação,
também não podemos viver uma vida bastante boa para conservá-la. Fazer da
salvação em Cristo algo dependente de nossas obras é uma grande tolice.
A
doutrina “cair da graça” nos torna piores, após a salvação, do que fomos antes
da mesma. Pelo menos, antes da conversão, poderíamos ser salvos; mas, se após a
mesma, perdemos a salvação, estaremos perdidos para sempre. Hebreus 6:4-6 fala
de uma hipotética recaída, ao declarar: “Porque é impossível que os que já uma
vez foram iluminados, e provaram o dom celestial, e se tornaram participantes
do Espírito Santo, e provaram a boa palavra de Deus, e as virtudes do século
futuro, e recaíram, sejam outra vez renovados para arrependimento; pois assim,
quanto a eles, de novo crucificam o filho de Deus, e o expõem ao vitupério”
[Este é um dos versos preferidos pelos
“perdedores da salvação”] Ora, a recaída não acompanha a salvação. O autor de
Hebreus está mostrando que se pudéssemos perder a salvação, jamais poderíamos
reavê-la, a não ser que Cristo fosse novamente crucificado. Então, conforme
essa tolice, Cristo teria de morrer um número infinito de vezes [conforme
acontece nas missas católicas.] para que pudéssemos ser salvos, após cada
pecado cometido.
Assim, os que rejeitam o “uma vez
salvo, para sempre salvo” só podem substituí-lo pelo “uma vez perdido, para
sempre perdido”.
A garantia da salvação está expressa
na 1 João 5:13: “Estas coisas vos escrevi a vós, os que credes no nome do Filho
de Deus, para que saibais que tendes a vida eterna, e para que creiais no nome
do Filho de Deus”. Em João 3:16, lemos as palavras de Cristo: “Porque Deus amou
o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que
nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna”. Em João 5:24, lemos estas
palavras: “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve a minha palavra, e crê
naquele que me enviou, tem a vida eterna, e não entrará em condenação, mas
passou da morte para a vida”. Em João 10:28-29, lemos: “E dou-lhes a vida
eterna, e nunca hão de perecer, e ninguém as arrebatará da minha mão. Meu Pai,
que mas deu, é maior do que todos; e ninguém pode arrebatá-las da
Mãe
de meu pai”.
Se,
após termos sido salvos, pudéssemos perder a salvação, estaríamos chamando
Jesus de mentiroso. E se o pecado causa a perda da salvação, então, qual o tipo
e a quantidade de pecados que seriam suficientes para essa perda? [Por acaso
existe uma distinção bíblica entre pecado “venial” e “mortal”, conforme o falso
ensino católico?] Interessante é que os que admitem a perda da salvação jamais
afirmam que foram “novamente salvos”. Eles confessam os pecados e dizem que
foram perdoados. Em Hebreus 12:3-11, lemos sobre Deus disciplinando os filhos
como Pai e que se Deus não nos disciplinasse seríamos como filhos bastardos.
Ora, se, após termos sido disciplinados deixássemos de ser filhos de Deus,
então Deus já não mais teria filhos para disciplinar. A verdade é que a
disciplina confirma que somos filhos de Deus, e não que tenhamos perdido a
salvação.
Não pelas obras - Alguns [0s mórmons,
por exemplo] afirmam que precisamos ser batizados, a fim de sermos salvos.
Outros [os pentecostais], que precisamos falar em línguas. Estas são formas de
salvação pelas obras. Alguns até acham que perderam a salvação porque não
conseguiram falar em línguas. E há quem afirme estar salvo simplesmente porque
acredita nisso. Estes se assemelham aos mencionados em Mateus 7:22-23, conforme
as palavras de Cristo: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não
profetizamos nós em teu nome? e em teu nome não expulsamos demônios? e em teu
nome não fizemos muitas maravilhas? “E então lhes direi abertamente: Nunca vos
conheci; apartai-vos de mim, vós que praticais a iniqüidade”. Jesus respondeu
“nunca vos conheci”, em vez de ter dito:
“Vocês
foram salvos, mas perderam a salvação!”.
Temos
aqui uma importante distinção. Os que acreditam numa “recaída” diriam sobre os
cristãos professos, que apostataram da fé e estão vivendo numa vida de pecados
grosseiros, que estes “caíram da graça” e “perderam a salvação”. Mas, os que
crêem na segurança da salvação eterna, e não sendo coniventes com uma conduta
reprovável, prefeririam afirmar que tal pessoa jamais havia conhecido Cristo e,
portanto, jamais fora realmente salva.
Devemos dar o conforto bíblico aos
que realmente estão salvos, mas quando outros afirmam estar salvos, mas negam o
que dizem com os lábios, tendo uma vida reprovável, não devemos oferecer falsas
esperanças.
Somos salvos pelas obras? Claro que
não! Mas essas obras são uma prova de que fomos salvos, conforme Efésios 2:10.
Na 1 Coríntios 3:12-15, lemos sobre as obras “E, se alguém sobre este
fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno,
palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque
pelo fogo será descoberta; e o fogo provará qual seja a obra de cada um. Se a
obra que alguém edificou nessa parte permanecer, esse receberá galardão. Se a
obra de alguém se queimar, sofrerá detrimento; mas o tal será salvo, todavia
como pelo fogo”. Elas serão provadas pelo fogo diante do Tribunal de Cristo (2
Coríntios 5:10). Ali, nossas boas obras receberão galardão, mas a falta delas
não causará a perda da salvação. Uma pessoa que jamais tenha praticado uma boa
obra, mas tenha crido sinceramente na suficiência do sacrifício de Cristo, será
salva, “todavia como pelo fogo”. Nós nunca iríamos pensar que tal pessoa fosse
salva e que ela nem parecia ser cristã, mas, pela fé em Cristo ela não Pereceu,
pois foi salva pela fé e não pelas obras.
Será
que a base do ”uma vez salvo, para sempre salvo” deve encorajar os cristãos a
viverem em pecado? Paulo responde no ato: “De modo nenhum!” (Romanos 7:7-c).
Nunca devemos oferecer conforto algum, nem segurança, a quem vive em ostensivo
pecado. Em vez disso, devemos lhe dizer: “Ora, se você fez uma decisão por
Cristo em sua vida, como pode ter sido sincero, se continua a viver em pecado?”
Em vez disso, devemos declarar o mesmo que Paulo, conforme a 2 Coríntios 13:5:
“Examinai-vos a vós mesmos, se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou
não sabeis quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já
estais reprovados”.
Nossa confiança na vida eterna
repousa no AMOR, na imutável GRAÇA e na provisão de Deus em Cristo; não em
nosso merecimento ou comportamento. Vivendo conforme a Palavra Santa,
sentiremos uma gratidão eterna pelo nosso bendito Salvador e pelo dom da Sua GRAÇA,
a qual Ele jamais vai retirar de nós, por causa da nossa fragilidade
espiritual. Deus é fiel!
Dave Hunt - The Question of Eternal Security of the
Believer
Mary Schultze, 17/08/2011 - www.maryschultze.com
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Aquele que crê em Cristo como seu Salvador e Senhor está salvo, está
sendo salvo e será salvo. Quanto à justificação já fomos salvos; quanto à
santificação estamos sendo salvos; quanto à glorificação seremos salvos. Na
justificação fomos salvos da condenação do pecado; na santificação estamos
sendo salvos do poder do pecado; na glorificação seremos salvos da presença do
pecado.
"Porque
pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não
vem das obras, para que ninguém se glorie;"
(Ef. 2:8-9)