segunda-feira, 13 de novembro de 2017

O Martírio de Weynken em 1527 d.C.



No dia 15 de novembro de 1527, Weynken, filha  de Claes, foi levada da prisão do castelo de Woerden para a Haia. No dia 17 desse mesmo mês, o Conde de Hoogstratem, governador da Holanda, se encontrou neste mesmo lugar. No dia 18, Weynken foi conduzida perante o governador e seu conselho. Foi uma mulher que fez o interrogatório que segue:



Per. Você considerou bem tudo o que os lordes propuseram?

Res. Continuo firme naquilo que já disse.

Per. Se você não mudar de ideia e abandonar o seu erro, terá que se sujeitar a uma morte intolerável.

Res. Se vocês receberam poder o alto para infligir tal morte em mim, estou disposta a sofrer (leia João 19:11)

Per. Você não teme a morte, que na realidade nunca experimentou?

Res. É verdade que nunca experimentei a morte, e nunca vou, porque Cristo disse: “Se alguém guardar a minha palavra, jamais verá a morte” (João 8:51). O homem rico experimentou a morte e a experimentará durante toda a eternidade. (Leia Lucas 16:23)
Per. Como você encara os sacramentos da igreja?

Res. Encaro os seus sacramentos como pão e farinha, e se vocês os encaram como Deus, transformam-se em seu diabo.

Per. Como você encara os santos?

Res. O único Mediador que conheço é Jesus Cristo (leia 1 Timóteo 2:5)

Per. Se você não mudar de ideia, terá que morrer.

Res. Já estou morta (leia Gálatas 2:19)

Per. Se está morta, como é que fala?

Res. Quem fala é o Espírito que habita dentro de mim. O Senhor está em mim e estou nele (leia João 14:20)

Per. Você deseja se confessar?

Res. Eu confesso meus erros a Cristo. Contudo, se tiver falhado com alguém, peço-lhe perdão.

Per. Quem lhe ensinou a pensar desta maneira? Ou que foi que aconteceu que a fez pensar deste jeito?

Res. O Senhor chama a todas as pessoas. Eu sou uma das ovelhas dele, e, portanto, escuto a sua voz (leia João 10:27)

Per. Ele chamou apenas você?

Res. Não, porque o Senhor chama a todos os que estiverem oprimidos (leia Mateus 11:28)

Depois de um interrogatório longo, Weyken foi levada à prisão novamente. Durante os dois dias seguintes, muitas pessoas, entre elas monges, sacerdotes, mulheres e amigas chegadas, a tentaram de toda forma possível.

Vieram dois padres, um para ouvir a sua confissão e o outro para instruí-la. Este último, mostrando-lhe um crucifixo.

Per. Veja aqui o seu Senhor e Deus.

Res. Este não é o meu Deus. A cruz na qual o meu Salvador morreu é bem diferente. Este crucifixo é um deus de madeira. Joguem-no no fogo, para assim se aquecerem.

Per. (o outro padre) Você não quer receber o sacramento no dia da sua morte? Para mim seria um prazer atende-la.

Res. Qual é o deus que me dariam? Um que perece, um deus que se compra no mercado? (Olhando para o padre que queria rezar missa no dia da sua morte, disse) Você querendo crucificar o Senhor novamente.

Per. Parece-me que você está muito enganada.

Res. Não adianta. O que tenho, eu recebi do meu Senhor e Deus, a quem dou honra, louvor e toda a minha gratidão (leia Apocalipse 4:11).

Per. O que você acha do azeite sagrado?

Res. O azeite vai em numa salada e serve para conservar os sapatos da gente (leia 1 Timóteo 4:4)

Mais uma vez foi levada perante o tribunal. Foi neste lugar que um monge colocou um crucifixo em sua frente.

Per. Você gostaria de mudar de ideia antes de ouvir a leitura de sua sentença?

Res. Continuo firme com o meu Senhor e Deus. Nem a vida e nem a morte me separarão dele (leia Romanos 8:39)

Um monge falou baixinho em seu ouvido: “Ajoelhe-se e peça perdão a Deus. ”, Ela respondeu: “Quieto! Não lhe disse que você não é capaz de me afastar do Senhor?

O reitor de Naeldwijck, subcomissário e inquisidor, leu a sentença, primeiramente em latim, para em seguida lê-la na língua holandesa. Disse que seu erro principal era relacionado aos sacramentos, sendo por isso uma herege. Em consequência disso, Weynken seria entregue ao governo. Ele fez questão de deixar  claro que não  concordava com sua morte. Com isso ele e seus dois assistentes se retiraram do tribunal.

O juiz imediatamente leu a sentença secular, afirmando que em virtude  da sua obstinação, teria que ser castigado. Portanto seria queimada até ser reduzida a cinzas e toda a sua propriedade seria confiscada.