“Em verdade vos digo que tudo o que
ligardes na terra será ligado no céu, e tudo o que desligardes na terra será
desligado no céu. Também vos digo que, se dois de vós
concordarem na terra acerca de qualquer coisa que pedirem, isso lhes será
feito por meu Pai, que está nos céus. ”
Definição dos termos
“Igreja”
No texto, Cristo declara:
“Sobre
esta pedra edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão
contra ela” (Mateus 16:18).
Todos os evangélicos (protestantes em geral) concordam com os
batistas quando afirmam que este versículo garante a continuidade da igreja até
aos fins da época atual, ou seja, até à segunda vinda de Cristo.
A diferença de ponto de vista deles
com referência ao dos batistas se encontra justamente no sentido da palavra “igreja” com a totalidade de todos os crentes
salvos (ao menos, os que se convertem a partir do Pentecostes até a segunda
vida de Cristo), e aí está o problema de interpretação.
Na outra América, foi a versão
anotada da Bíblia, editada por C.I. Scofield que popularizou a doutrina da
igreja “mística, invisível e universal”. Nas suas notas, o doutor
afirma a existência de três definições da mesma palavra, igreja (do grego). Ele
diz que o Novo Testamento ensina a existência da igreja como o corpo místico e
universal de Cristo, composta de todos os crentes nascidos de novo, desde o
Pentecostes até a segunda vinda de Cristo, (ou seja, de Pentecostes até ao
arrebatamento dos crentes). A segunda “igreja” que ele enxerga no Novo Testamento é
a igreja “visível”, isto é, o que se pode chamar de “cristianismo”, todas as seitas e denominações “cristãs” passando a fazer parte dessa
aglomeração. E a terceira “igreja” apresentada por ele é a igreja local.
Sua Bíblia anotada, usada por milhões
de crentes de todas as persuasões, espalhou efetivamente essa confusão, de tal
modo, que a posição batista, que afirma a igreja somente no sentido local,
tornou-se interpretação estranha aos olhos dos evangélicos em geral. Até muitos
grupos com nome batista adotaram a interpretação de Scofield e ensinam a
doutrina da igreja pelo menos de dois sentidos... o de os crentes, e a igreja
local. A posição doutrinária histórica dos batistas é a de que a igreja do Novo
Testamento se refere exclusivamente, em todas as suas referências (a palavra “igreja”, ekklesia, aparece 118 vezes) à
igreja local, com endereço local, e nunca constitui uma referência a todos os
crentes espalhados pelo mundo a fora. O conceito de “igreja
geral de todos os crentes”, pode,
mais biblicamente dito, ser definido pelos termos bíblicos de “a
família de Deus”, ou “o
reino de Deus”, termos
estes que abrangem a totalidade dos crentes desde Adão até o último a ser
convertido, a que podem até incluir os anjos que fazem das “hostes
celestiais”, as quais
servem fielmente a Deus. Definição do termo “continuidade” ou “sucessão de igrejas”. A posição adotada neste estudo da “História
dos Batistas”, será a
posição histórica batista de sucessão de igrejas batistas (em matéria de
doutrina e prática), desde a hora em que Cristo pessoalmente fundou sua
primeira igreja local em Jerusalém, até o presente momento.
É claro que esta doutrina não
significa a possibilidade de traçar nossa história de uma igreja para outra,
igreja por igreja. Mas cremos firmemente que tal ligação de igrejas, desde os
apóstolos até ao dia de hoje, realmente existe. O motivo preponderante para tal
convicção não surge do testemunho, que havemos de estudar, dos historiadores
que indica a continuidade dos batistas e seus princípios. Provém,
principalmente da promessa de cristo de que “as portas do inferno não
prevalecerão contra a sua igreja” (Mateus 16:18), e de que Ele, pessoalmente, está
presente com suas igrejas “até a consumação dos séculos” (Mateus
28:20).
Dada a definição de igreja como
somente local, essas promessas garantem tal sucessão de igrejas ou corpos organizados
locais até ao fim da época atual, mesmo se não tivéssemos convincentes provas históricas
da existência de pelo menos alguns grupos batistas através dos séculos, ainda
creremos em tal continuidade, apoiando-nos nas palavras sagradas de nosso Salvador
e Fundador, Jesus Cristo.
OS BATISTAS SEM FUNDADOR HUMANO
A
tese de quase todas as denominações, com exceção da católica romana, a respeito
de tal continuidade, à de que o cristianismo (confundido geralmente por eles
com “a igreja cristã”) deturpou-se desde os
dias do imperador Constantino (o primeiro a aceitar o “cristianismo” e fazer
dele a religião do Império Romano, cerca do ano 313 d.C.).
Portanto,
coube a qualquer reformador ou líder religioso a tarefa de “recuperar” ou “restaurar”
o cristianismo primitivo. Deste o surgimento de Martinho Lutero do século 16, o
número de tais “restauradores” aumenta cada vez mais, a tal ponto de
defrontarmos atualmente com um número sem fim de seitas e denominações, todas
afirmando serem as “verdadeiras” igrejas de Cristo.
Os
batistas, porém, discordam firmemente com essa pressuposição, e afirmam que a
igreja de Cristo, em qualidade de Instituição Divina, garantida a sua
perpetuidade pelo próprio fundador Jesus Cristo, nunca cessou de existir
através de todos os séculos, e que ainda se encontra incorporada nas muitas
igrejas batistas de doutrina histórica neotestamentária, espalhadas pelo mundo
inteiro.
Somos,
enfim, os autênticos sucessores das primeiras igrejas organizadas durante o
primeiro século da era cristã, pelos apóstolos, muitos dos quais aparecendo
antes da morte dos próprios apóstolos, contribuíram para o desvio de uma boa
parte das igrejas cristãs, mas, ao lado das igrejas apóstatas, eventualmente
unidas sob a presidência de Constantino e, ainda mais tarde, dos papas, existem
até hoje igrejas fiéis, embora terrivelmente perseguidas pelos “cristãos”
da igreja estatal (a igreja católica), e ainda mais tarde, pelas
igrejas reformadas “protestantes”, as quais não demonstraram
menor ardor no seu zelo de extirpar e acabar com as igrejas batistas em todos
os países onde elas se encontravam.
Os batistas não têm fundador ou organizador
humano, com exceção do próprio Cristo. Até alguns pretendem achar a origem dos
batistas com o inglês Smyth ou seu colega Helwys, mas, como veremos mais
adiante, esses dois organizaram igrejas que tiveram pouca influência na vida
batista da época. Os batistas os antedatam e sua presença se fazem sentir mesmo
na Inglaterra muito antes do aparecimento desses dois personagens.
Até hoje ninguém conseguiu e nem consegue
identificar um fundador humano para os batistas. Esta honra atribui-se
exclusivamente a Jesus Cristo! Por outro lado, todas as demais seitas e
denominações têm que as fundou:
v A igreja
católica por Constantino, a luterana por Martinho Lutero, a presbiteriana por
João Calvino e João Knox, a anglicana por Henrique VIII, a “igreja de Cristo” por
Alexandre Campbell, Brasil para Cristo por Manuel de Melo, a Igreja Universal
do Reino por Edir Macedo, etc. 4.
A igreja organizada
por Cristo antes da sua morte na cruz. Antes de embarcarmos no estudo da
continuidade das igrejas de Cristo, será proveitoso estabelecer as provas
bíblicas da fundação da igreja (local) por Cristo durante ao seu ministério
pessoal.
Os evangélicos em geral apontam o dia de
Pentecostes como sendo o “dia natalício da igreja”, e citam
I Coríntios 12:13 como prova desta tese. Este versículo, na versão de Almeida,
diz:
“Pois todos nós fomos
batizados em um Espírito formando um corpo, quer judeus, quer gregos, quer
servos, quer livres, e todos temos bebido de um Espírito”.
Mas o batismo deste versículo, se for referência
ao batismo no Espírito Santo, indica o que aconteceu no dia de Pentecostes,
quando o Espírito Santo veio para a igreja uma vez por todas para autenticá-la
e prepará-la para sua missão de evangelização mundial. Por outras palavras, se
o verso tratar do batismo no Espírito, foi cumprido no dia de Pentecostes e não
se repete mais em nossos dias. Se for, porém, uma referência ao batismo em
água, o verso diz que cada um de nós foi batizado em um só espírito, ou
disposição de coração, visando nossa identificação NO CORPO DE CRISTO e,
portanto, não diz nada de uma suposta fundação da igreja pelo Espírito Santo.
Cristo mesmo a fundou e organizou. Podemos ver
nos evangelhos que Cristo convocou os discípulos já batizados por João o
Batista, assim formando sua igreja. Os 12 apóstolos foram o primeiro dom
espiritual colocado na igreja local (I Coríntios 12:28), indicando que a igreja
já existia antes que Cristo assim chamasse e colocasse os doze (Marcos
3:13-19). Cristo doutrinou esta igreja durante três anos e meio. Ele lhes
entregou “a chave”, a autoridade dEle para sua obra
(Mateus 16:19), no exercício dos quais, Cristo deixou instruções para a
disciplina dos membros (Mateus 18:15-18). Também Ele os autorizou a realizar
batismos dos convertidos (João 4:1-2), entregou-lhes a celebração da Ceia do
Senhor (Mateus 26:26-30, I Coríntios 11:23-29), tudo isso antes da Sua
crucificação.
Depois da Sua ressurreição e ascensão, e durante
a espera de 10 dias até Pentecostes, esta igreja se reunia com os apóstolos,
tendo um “rol de membros” de 120
(Atos 1:13-15). Esta mesma igreja ainda realizou, com aprovação do Espírito
Santo, uma “sessão de negócios” na qual
se elegeu um apóstolo para tomar o lugar de Judas, o traidor (Atos 1:16-26). A
igreja já funcionava antes do dia de Pentecostes! O que aconteceu naquele dia?
Simplesmente foi a igreja revestida do poder do alto para realizar sua missão
(Lucas
24:49; Atos 1:8) e confirmar a igreja como corpo de Cristo constituído
tanto de judeus como de gentios (gente de outras raças). Isto foi demonstrado
pela confirmação do acontecido no caso dos samaritanos (Atos 8:14-17) e dos
gentios (romanos) no caso de Cornélio e seus parentes (Atos 10:44-48). Será a
sucessão de igrejas provenientes desta primeira organizada pelo próprio Cristo
que estudaremos.
Veremos que há uma linhagem maravilhosa, senão
muito sofredora, que haveremos de descobrir pelas páginas da história dos batistas.
Façamos jus a essa linhagem nobre, sendo nós firmes e fiéis aos princípios
pelos quais nossos antepassados espirituais estavam dispostos até a darem suas
vidas!
1)
Comente
as “três
igrejas” definidas por C.I Scofield na Bíblia cidadã por ele.
2)
Qual
a definição de “igreja” defendida pelos batistas?
3)
Quais
os termos bíblicos que abrangem a totalidade dos crentes?
4)
Que
tipo de “continuidade” ou “sucessão” é defendida pelos batistas?
5)
Qual
a base da nossa doutrina de continuidade?
6)
Qual
a tese dos protestantes pela qual procuram justificar através de algum líder
religioso?
7)
Qual
a diferença básica que existe entre os batistas e os protestantes em geral
quanto ao seu fundador?
8)
Como
entendem muitos evangélicos I Coríntios 12:13?
9)
Qual
a interpretação melhor deste versículo (I Coríntios 12:13)?
10)
Quais
as provas bíblicas que a igreja existia organizada e funcional, antes do dia de
Pentecostes?
11)
Qual
a finalidade do “batismo do Espírito Santo” no dia de Pentecostes com relação à
igreja?
SEGUNDA LIÇÃO
(INTRODUÇÃO GERAL)
As
primeiras mudanças, ou seja, os primeiros desvios da simplicidade e pureza
apostólica que se nota nas igrejas durante os primeiros três séculos da nossa
era, foram os seguintes (mencionados no “Rasto de Sangue”, páginas 10-15):
1)
O pastor da igreja local deixa
de ser um “servo”
e começa a assumir atitudes de “príncipe”, chegando a ser entronizado com seus servos em
volta, assim copiando os governantes e reis do Império Romano. Assinala-se
assim o início da distinção de clero dos “leigos”, e iniciam-se as “graduações” da hierarquia eclesiástica que mais tarde
produziu o papado;
2)
As cerimônias simples que
denominamos de “ordenanças simbólicas da
igreja”, o batismo e a ceia, começam a tomar um sentido
muito alheio ao dado no Novo Testamento, isto é, começam a tomar a natureza de “sacramentos”, ministrados para salvar, ou ao
menos ajudar na salvação das almas. Aqui se inicia a doutrina chamada “regeneração batismal”, ou
seja, salvação através do batismo e também da ceia;
3)
O início da prática de conceder
o batismo às crianças, resultado lógico do erro nº 2, se bem que esse desvio
não se tornou uma prática geral até muito mais tarde.
Quanto a erro nº 1, foi Cipriano, “bispo”
da igreja grande de Cartago, África do Norte, que promoveu,
ativamente, a ideia da supremacia do pastor, não apenas sobre os membros da sua
igreja, bem como sobre os “pastorzinhos” das igrejas
das vilas, cidadezinhas, e dos campos da sua região. Foi ele que inventou a
famosa frase, “o bispo e a igreja é a igreja é
o bispo”, (Orchard´s History of The
Baptits, página 30). Nessas igrejas, e em outras filiadas, foi nos primeiros
250 anos da nossa era que apareceram numerosas inovações para agradar o gosto
dos pagãos, assim induzindo-os a deixar o paganismo para aderirem ao “cristianismo”
(Orchard página 31).
Com esse influxo de pagãos, muitas vezes não
convertidos, mas batizados e feitos membros da igreja, é que foram penetrando
nas igrejas ideias paganizadas, tais como o dar ao batismo um ar de mágica lhe
outorgando o poder de realmente remover a mancha do pecado original! Assim
nasceram os “sacramentos” da igreja. O 3º erro se
seguiu, pois, se o batismo é necessário para salvar a alma do inferno, para que
adiar? Deve-se dá-lo tão logo possível, poucos dias depois do nascimento do
bebê! A única “autoridade”
citada da Bíblia para justificar essa nova doutrina, foi o caso de os
judeus serem circuncidados poucos dias depois de nascer a criança, segundo o
pacto feito por Deus com Abraão (Gênesis17:10-14)
Mas quem pensa que esses erros foram adotados e
praticados universalmente durante esses primeiros séculos, deve recorrer aos
historiadores eclesiásticos (Mosheim, Schaff, Naander etc.) onde verá que houve
muito protesto e muitas reações negativas a essas mudanças. Falando
especialmente de a inovação do “bispo”
ambicionar poderes não lhes outorgados pela Bíblia, Orcherd diz na
página 311:
“Durante o desenvolvimento dessas
corrupções (nas igrejas), as igrejas durante 300 anos permaneceram no estado em
que foram organizadas pelos apóstolos, isto é, totalmente independentes umas
das outras, unidas somente pelos laços fraternais, e as práticas corruptas não
prevaleceram dentro de algumas das igrejas no mesmo grau que prevaleceram
dentro de outras, principalmente naquelas regiões de ordem camponesa, onde os
objetos que estimulavam os pastores às rivalidades raramente serviam”.
Ele
prossegue, dizendo que durante os primeiros 50 anos do século três (200-250
d.C.) muitas vozes se levantaram contra essas inovações, e igrejas formadas por
“dissidentes”
aparecem em todo o Império Romano em grande número. E, principalmente,
na Itália, diz ele, (página 32), havia muitas dessas igrejas “as
quais nunca tinham estado em comunhão com a Roma...”, a qual
estava querendo se opor como a “matriz”
do cristianismo, já que a sede do Império Romano se encontrava naquela
cidade.
OS TERTULIANISTAS E OS MONTANISTAS
Os montanistas apareceram antes do fim do segundo
século, nas regiões montanhosas da Frigia da Ásia Menor. Diz Euzébio (pagina
194ss da sua História Eclesiástica, em Inglês), que essa “seita”
foi fundada por um tal de Montano e caracterizado por “visões
e profecias”. Mas, evidentemente, a verdade
foi muito torcida pelos seus inimigos, pois, o único montanista cujos escritos
existem até nossos dias são de Tertuliano, de Cartago, o qual deixou sua
igreja, a de Cipriano, e se uniu com uma igreja montanista da mesma cidade.
Esse fato vem ressaltar duas verdades:
1)
Essas igrejas (montanista) já eram numerosas até
essa data (215 d.C.) quando Tertuliano ingressou em uma delas,
2)
Elas não eram, evidentemente, do tipo “pentecostal”
como alegam seus inimigos que tanto as odiavam (sendo o próprio Eusébio um dos mesmos!).
Cremos
que a história dessas igrejas ficou muito deturpada pelo ódio e pelos
preconceitos daqueles que a escreveram! De qualquer maneira, temos os escritos
de Tertuliano diante de nós, e podemos deixar que um verdadeiro montanista nos
fale! Quem era Tertuliano? Foi um erudito advogado pagão de Cartago, nascido no
ano 155 d.C. Ele se converteu e mais adiante se tornou um dos anciãos da igreja
popular (que mais adiante se tornou a igreja CATÓLICA do lugar). Ele ficou
decepcionado pelo relaxamento da liderança dessa igreja e tentou influenciar a
igreja a tomar mais cuidado na maneira de admitir membros, exortando-os
rigorosamente, constatando bem de que eram primeiramente convertidos antes de
dar-lhes o batismo.
(Orchard, páginas 32 e 69). Orcharddiz: “Tertuliano achava que sua igreja e as igrejas
nas proximidades de Carthago cresciam rapidamente, e que tinham perdido já a simplicidade
da religião cristã. Durante algum tempo, ele se esforçou por segurar a
torrente, através de um exame mais enérgico dos candidatos ao batismo, e quando
alguns se apresentavam à igreja para se tornarem membros, que alegavam terem
sido já batizados, em outro lugar, ele insistiu em examiná-los de novo e em
batizá-los de novo, a não ser que eles pudessem provar que tinham sido
batizados por igrejas em comunhão com a de Carthago! ”).
Diríamos
que ele agia como um batista bem zeloso dos nossos tempos! Contra a doutrina
errada sobre a salvação batismal, Tertuliano não foi menos positivo! Segundo
Orchard (página33, citando os escritos do próprio Tertuliano), ele afirma:
“A alma é santificada, não por uma lavagem (em água), e sim, pela
indagação de uma boa consciência para com Deus (I Pedro 3:21). O batismo, diz
ainda Tertuliano, é o selo da fé, e essa fé é embelezada e iniciada pelo
arrependimento. Não estamos lavados (batizados), portanto, para que deixemos a
prática de nossos pecados, e sim, porque já deixamos, e estamos JÁ (antes do
batismo) purificados em nossos corações! ”
Parece
ter sido também um batista nas suas convicções sobre a salvação e o batismo! Muitos
historiadores, baseando-se na história, cheia de preconceitos, escrita por
Eusébio e outros, veem no “movimento
montanista” o fanatismo ignorante. Mas o próprio Philip
Schaff, autor de uma história eclesiástica reconhecida praticamente por todas
as denominações, afirma o seguinte na página 421 do primeiro volume da sua “History of the church”:
“Tertuliano
diz que (os objetivos doutrinários dos montanistas) consistem na reforma da disciplina
nas igrejas, e num entendimento mais profundo das escrituras, e num esforço
para atingir-se uma purificação maior, que eles tinham a mesma fé, o mesmo
DEUS, o mesmo CRISTO e as mesmas ordenanças (chamadas por Schaff de
sacramentos) que os católicos (daquela época! ”).
Lembremo-nos que a palavra “católico”
não tinha o mesmo sentido que traz hoje em dia; significava apenas “ortodoxo”, ou
seja, “de doutrina correta, aceita pelas igrejas verdadeiras de Cristo”.
É certo que essas igrejas “católicas”
mais tarde se corromperam mais e mais até o papismo do sétimo século,
mas na época de Tertuliano (antes do ano 250 d.C.), a diferença maior entre
elas e as igrejas montanistas não era uma diferença doutrinária, senão de
pureza de disciplina! Em outras palavras, as igrejas ditas “tertulianistas”
ou “montanistas” insistiam em que os
membros fossem pessoas realmente convertidas, renascidas, regeneradas, e que
demonstrassem uma vida totalmente transformada e livres dos vícios e dos
pecados já antes de serem batizadas!
Eram igrejas verdadeiramente batistas! A igreja a
qual Tertuliano aderiu, e em que ele se tornou um dos pastores, lá em Cartago,
durou mais de duzentos anos (Orchard, página 115). Agripino, seu primeiro
pastor conhecido por nome, junto com o próprio Tertuliano admitiam membros
através de um exame preparatório e o batismo, mas todos que ingressavam na sua
igreja, procedentes de outras igrejas, foram “re-batizados”.
Assim faziam também todas as demais igrejas
montanistas! Tertuliano dizia: “O batismo dos hereges não é o
mesmo que o nosso” (“Batismo Estranho e os Batistas”,
por W.M.Nevins). Nas próximas lições prosseguiremos em nossa procura
de outros grupos batistas através dos séculos, mas já neste estudo, encontramos
batistas bem identificáveis logo depois da época apostólica nos países da Ásia
Menor, Itália, Grécia, África do Norte, a qual uma região densamente povoada e
civilizada nos primeiros séculos da era cristã.
1)
Mencione as primeiras três “mudanças”
observadas
durante os primeiros três séculos.
2) Qual o nome do homem
que promoveu a supremacia do “bispo”
nas
igrejas?
3) Deve-se entender
que as igrejas se desviaram totalmente do modelo apostólico nessa época?
4) Como era o zelo
de Tertuliano na sua igreja original (a de Cipriano)?
5) Por que ele se
separou dela para se unir a uma igreja “montanista”
(batista)?
6) Qual a doutrina
dele a respeito do “re-batismo”?
7) Qual a doutrina
dele sobre o batismo com relação à salvação?
8) Qual era,
afinal, a diferença do zelo das igrejas “montanistas” de Tertuliano e
as “católicas” da época?
9) Como admitiam os
montanistas membros para suas igrejas?
OS NOVACIANOS
Os montanistas (batistas) mais tarde se fundem no movimento de igreja “novacianas”. Não deveremos nos
esquecer que esses apelidos lhes foram dados pelos seus inimigos, aderentes à
igreja popular e mundana que mais tarde se tornou a igreja católica romana. No
ano 250 d.C. em diante, notamos na história a existência de numerosas igrejas que
se conservam separadas das igrejas católicas, e “rebatizavam” os que destas passavam
para elas.
Um dos pastores mais destacados foi Novaciano de Roma, e os
historiadores gostam de lhe conceder a honra de ser o “fundador” do movimento novaciano,
mas, como veremos, ele simplesmente era um dos exemplos mais notáveis dos
pastores que levantaram a voz contra a corrupção na igreja popular, e que se
separou da mesma!
Ouçamos o testemunho de um historiador não batista, quanto à origem e
extensão das igrejas novacianas, o de Roberto Robson, na sua obra “Robson´s
Ecclesiatical Researches”, página 126, citado por W.A Jarrell, “Baptist
Church Perpetuity”, páginas 86-87:
“O caso com resumo é o seguinte: Novaciano
era um ancião da igreja de Roma. (Ele tinha sido consagrado como um ancião
entre vários da igreja que eram conselheiros do pastor). Era um homem erudito,
e sustentava a mesma doutrina que a sua igreja ensinava, e chegou a publicar
vária obras em defesa dessa doutrina. Sua maneira eloquente de pregar e
convincente, e quanto à pureza da sua vida, era irrepreensível. Ele via com
muita dor a depravação intolerável da sua igreja; os cristãos eram, no espaço
de poucos anos, acariciados por um Imperador Romano (pagão), e perseguidos por
outro. Em épocas de paz, muita gente ingressava precipitadamente na igreja por
motivos duvidosos. Em épocas de perseguição, negavam a fé e voltavam de novo
para a idolatria. Quando a tempestade passava, regressavam para
a igreja, ingressando e levando para dentro dela todos os seus vícios, para
corromper os outros por seu exemplo.
Os bispos (pastores), desejosos de fazer
adeptos, incentivavam isso, e desviavam a atenção dos cristãos da antiga luta
em prol da virtude, para os espetáculos vãos na Páscoa, e outras mil cerimônias
de origem judaica, misturadas, também, com o paganismo! Quando o bispo (pastor)
Fabiano morreu, um dos anciãos colegas de Novaciano, cujo nome era Cornélio, o
qual era um adepto entusiasmado da ideia de receber toda essa gente, foi nomeado
para ser pastor da igreja. Novaciano foi contra essa nomeação, mas quando
Cornélio ganhou a eleição pela igreja, Novaciano via que a igreja não podia
mais ser corrigida, e, pelo contrário, estava sendo inundada de imoralidade, e
ele resolveu se retirar da igreja com um número considerável dos seus
membros...muitos seguiram o seu exemplo, e por todo império romano igrejas
“puritanas” apareceram e floresceram através dos seguintes 200 anos.
Mais tarde, quando as leis penais os obrigaram a
reunir-se clandestinamente, e a se esconderem, eles eram conhecidos por uma
variedade de nomes, e uma sucessão deles continuou até a época da grande
reforma (1.500 d.C.)! As igrejas novacianas, através do Império Romano, eram
quase tão numerosas quanto às católicas! Os católicos não podiam chamá-los de “herejes”,
pois eram bem “ortodoxos”,
nas suas doutrinas bíblicas. Eles não tinham nada com os “gnósticos”,
ou os “maniqueus”,
ou outras muitas heréticas. O Imperador Constantino, o primeiro
imperador a se “converter”
cristão, queria, no início do seu reinado, reconciliar os novacianos
com os católicos, mas os novacianos não queriam saber de se unirem com igrejas “impuras”!
Consequentemente, incentivado pelos pastores
católicos, Constantino iniciou uma severa perseguição contra eles, destruindo
muitas igrejas dos novacianos, e tirando-lhes suas propriedades e seus direitos
de livre culto. Agora os cristãos nominais (católicos) lançam mão do poder secular
do governo para fazer o que não podiam fazer através da PALAVRA: vencer e
destruir o povo e a doutrina dos novacianos! As igrejas novacianas eram congregacionais,
quanto ao seu governo, como as igrejas batistas de hoje. Elas excluíam membros
que cometiam pecados grosseiros, e em certos casos, como o de um cristão ter
negado a Cristo durante uma perseguição, para fugir ao sofrimento, as igrejas
novacianas não o readmitiam ao seio da sua comunhão!
Diziam que não negavam a possibilidade de os
mesmos serem perdoados e salvos por deus, mas que não devia pôr em perigo a
pureza da igreja ao admitir tais pessoas. Por outro lado, as igrejas católicas
e populares, davam as boas-vindas a essas pessoas. As igrejas novacianas não as
reconheciam com igrejas verdadeiras de Cristo, e deixavam de reconhecer o seu
batismo, re-batizado qualquer que passava das igrejas católicas para as suas.
Eram por isso chamadas de ANABATISTA! As igrejas novacianas eram, realmente, as
continuadoras das igrejas primitivas.
http://www.fenestra-verlag.de/buch.php?id=28
Adolf Harnak, um grande historiador eclesiástico,
citado por W.A. Jarrell (página 84) diz dos novacianos:
“Está fora de
dúvida que os novacianos conservavam as velhas tradições (apostólicas), e a ideia
da igreja como sendo a comunhão dos santos (crentes de vida pura) corresponde exatamente
a ideia prevalecente nos primeiros dias do cristianismo! ”
Os novacianos consideravam as igrejas católicas
como sendo as desviadas, as quais se tinham separado da comunhão das
verdadeiras igrejas de Jesus Cristo! Pela influência de Agostinho e Cipriano da
África do Norte, e os pastores católicos de Roma, os quais odiavam os novacianos
e os donatistas (que eram o mesmo povo, com outro apelido), os imperadores do
império, um do Oeste, outro do Leste, Teodósio e Honório, fizeram um edito
declarando que todas as pessoas re-batizadas, bem como os rebatizadores, seriam
punidos com a morte!
Um dos pastores novacianos, Albano, foi, de
acordo com esse edito, morto; a seguir, vários outros novacianos também o
foram. Esse edito foi publicado no ano 413 d.C., levando os pastores romanos a
agirem, sem medo de serem castigados pelas autoridades, no sentido de roubarem os
novacianos de praticamente todas as suas igrejas em Roma, bem como em uma boa
parte do império.
Muitos deles fugiram para o norte da Itália,
passando pelas montanhas para a Europa, e foram conhecidos pelo nome de valdenses.
Também, suas igrejas foram confundidas, e, certamente, se associaram depois com
os donatistas que surgiriam um pouco mais tarde na África do Norte,
espalhando-se também por todo o império. Mas com apelido de novacianos traçamos
sua existência até o fim do sexto século depois de Cristo!
Certo
historiador, Lardner, diz:
“A extensão
vasta desta [seita] torna-se manifesta pelos nomes dos autores que escreveram
combatendo-a, e também das muitas partes do império romano em que os novacianos
apareceram. Fica evidente, também, que estas igrejas tinham, entre elas,
algumas pessoas de nota e eminência! ”
(Os fatos, acima citados foram extraídos de
várias histórias eclesiásticas, citadas principalmente pr Orchard, “A
consise History of The Baptists”, páginas 53-63). Sem dúvida, ao
estudarmos a história dos “novacianos”, nos
deparamos de novo com uma sucessão de igrejas batistas que remonta a época
apostólica!
“Os portões do inferno” não
conseguiram vencer a verdadeira igreja de Jesus Cristo!
1)
Por que dizemos que Novaciano não era realmente o
fundador das igrejas novacianas?
2) Por que a parte
pura da igreja de Roma se separou, junto com Novaciano da maioria da mesma?
3) Eram numerosas,
ou poucas, as igrejas novacianas?
4) Em que pontos se
assemelham as igrejas novacianas às igrejas batistas verdadeiras de hoje?
5) Até que século os novacianos apareceram na
história com esse nome?
6) Quais alguns
nomes pelos quais os novacianos foram conhecidos mais tarde?
7) Como a sucessão
dos batistas desde os apóstolos até hoje é provada através dos novacianos?
OS DONATISTAS
Um pouco mais de 100 anos que surgiram os
montanistas e 50 anos depois que apareceram os novacianos, descobrimos na
história do cristianismo outro grupo muito grande apelidadas de “puritanas”
por seus inimigos das igrejas mundanas (católicas), Tratam-se dos
donatista, que apareceram na história cerca de 300 d.C. Mais uma vez, essas
igrejas são identificadas por um dos seus líderes, um pastor de Cartago, na
África do Norte, que separou-se da igreja grande e mundana e foi pastorear uma
igreja “puritana” da mesma cidade. Todas as
igrejas “separatistas” da região ficaram com os
nomes de “donatista” e “anabatista”.
Citamos diretamente da “History
of the Baptist”, de Thomas Armitage, DD.,
escrita no século passado, página 200, com referência ao local de maior número
dessas igrejas:
A agitação donatista surgiu na África do Norte no
ano 311 d.C., com seu centro na cidade de Cartago, em Numídia, e na Mauritânia.
Sua extensão abrangia quase sete graus de latitude norte, onde havia, naquela
época, vastos centros de comércio e de influência, solos e climas, delineando
uma extensão de terra de quase 3.500 Km. de comprimento, e 500 de largura,
desde o Egito até o mar atlântico, e beirando as montanhas Atlas, o Mar
Mediterrâneo, e o deserto.
Nessas regiões, a independência das igrejas tinha
sido mais firmemente conservada do que em muitos outros lugares, e a ameaça
(pelo imperador, incentivado pelas igrejas católicas) de roubar essa
independência fez com que elas se levantassem para defendê-la com vigor.
Merivale diz dos
donatistas:
“Eles
representavam o princípio dos montanistas e dos novacianos, que diz que a
igreja verdadeira de Cristo é somente a ASSEMBLÍA DE PESSOAS REALMENTE SANTAS,
e não admite aqueles que são simplesmente membros nominais as suas igrejas”.
Na sua história dos batistas “Baptist
Denomination”, por David Benedict, ele cita a
“História dos Donatistas”, delong, e a história do
cristianismo de Lardner (página 9): Os donatistas, segundo dizem, derivam seu apelido
de Donato, nativo da Numídia, na África, o qual foi eleito bispo (pastor) de
Cartago, cerca de 306 d.C., foi um homem de erudição e eloquência e de alto
padrão moral... o qual se dedicou a combater as corrupções crescentes da igreja
católica.
Os donatistas eram, consequentemente, um grupo
separado de cristãos, que apareceu durante mais ou menos três séculos, e em
quase todas as cidades da África (do Norte), havia um bispo (pastor) desta
seita (os donatistas), e outro dos católicos. Os donatistas eram muito
numerosos, pois descobrimos que no ano 411 d.C., foi realizado um debate famoso
em Cartago entre os donatistas e os católicos, no qual estavam presentes 286
bispos (pastores) católicos, e 279 pastores donatistas, e que, ao se levar em
conta o seu rigor de disciplina, dá-nos uma impressão muito deplorável do seu
número, e muito especialmente quando lembramo-nos de que eles eram sujeitos à
perseguição severa e sanguinária da parte do partido dominante (os católicos).
O imperador Constance, o qual reinou sobre a
África, incentivado pelo zelo de sua família pela paz da igreja, enviou duas
pessoas de iminência, Paulo e Macário, no ano de 848 d.C., para realizar uma
conciliação entre os donatistas e os católicos e, se possível, restaurá-los
para a comunhão, mas os donatistas não queriam saber de
reconciliarem com uma comunhão tão impura! Em resposta a todas as suas
propostas de paz, os donatistas diziam: “Quid est imperatori cum ecclesia?
” Isto é, “O que tem o imperador com a igreja?
”
Optato, (um bispo católico que combatia os
donatistas) relato outro ditado dos donatistas: Quid christimis cum
regibus, aut quid episcopis cum palatio? ”, isto
é, “O que tem os cristãos com os reis, ou o que fazem os bispos
(pastores) no palácio (do imperador)?" Essas
palavras dos donatistas confirmam claramente suas atitudes quanto a separação
da igreja e do governo civil, as quais combinam com as dos batistas de hoje.
Orchard (Concise History of the Baptists, páginas
86-87) cita o historiador: “As igrejas dos donatistas da
África eram 400 em número”. Ele também diz que outros
nomes dos donatistas eram “Montanheses”,
isto é, gente das montanhas. Citando uma porção de historiadores,
Orchard dá os seguintes fatos interessantes sobre os donatistas:
“Eles não eram diferentes em doutrina dos
católicos, e sim, no padrão moral, e separarem-se por defenderem uma disciplina
rigorosa. Afirmavam que a igreja de ser composta de homens justos e santos... e
embora pessoas ímpias pudessem se esconder na igreja, isso não justificava
deixar que homens ABERTAMENTE PERVERSOS fizessem parte da comunhão da igreja....
Achavam que deviam conservar a igreja separada do mundo...”
OS PAULICIANOS
As fontes
principais das nossas informações a respeito dos paulicianos são “A
História do surgimento e do declínio do Império Romano”, obra
monumental escrita por Gibbon, um ateu confesso, e a muita conhecida e citada
obra, “História Eclesiástica” de
Mosheim, o historiador luterano (obra esta publicada no ano de 1.755 d.C.) Os
dois derivam a maior parte de dois escritores católicos, Fótio e Sículo, da
época dos paulicianos, os quais procuram difamar os pauliciano, e, portanto,
torcem os fatos de tal forma que se torna difícil chegar a uma ideia exata das
suas crenças.
As pesquisas feitas por historiadores batistas,
porém, nos convencem de que os paulicianos foram, evidentemente, batistas nas
suas doutrinas e práticas. Eles se tornaram numerosos, e, sem dúvida, os seus
inimigos aplicaram o apelido “pauliciano”
a qualquer que não concordasse com a religião oficial, qual seja, a
católica. É por isso que se encontram pessoas que criam em doutrinas realmente
erradas que também eram chamadas de paulicianos, mas, nem por isso devemos
pensar que todos os paulicianos eram hereges! Muito pelo contrário, eles
constituíam as igrejas continuadoras dos apóstolos!
Os paulicianos diziam que suas igrejas eram
sucessoras das igrejas primitivas do Novo Testamento, e, portanto, deixavam de
aceitar o batismo das demais seitas, dizendo, especialmente, dos católicos:
“A
estes não pertencemos; eles há muito tempo se afastaram de nós, as igrejas
verdadeiras, e foram por nós excluídos! ” (Citado de Gregório
Magistos de 1.058 d.C.,)
Outra fonte da história dos pauliciano, cuja obra
histórica é citada por John T. Christian, “A History oh the
Baptists”, volume 1, página 50). Certo
maniqueu (doutrina antiga pérsica), pelo nome de Constantino, de Monanalis, na
Armênia, no ano 653 d.C., recebeu o Novo Testamento como presente de um diácono
batista. Tendo-se convertido, Constantino jogou fora seus livros maniqueus e
durante muitos anos pregava e estabelecia igrejas paulicianas, as quais se
achavam em toda a Ásia Menor. Ele foi chamado de Silvano, o nome do colega
missionário do apóstolo Paulo.
Ele foi morto por um “Judas” da sua
igreja, pelo nome de Justo, pelas ordens de um oficial do exército, Simeão, que
foi enviado pelo imperador grego para exterminar os paulicianos. Mas depois de
ver um grande número de paulicianos se entregarem com gozo para serem mortos,
Simeão, o perseguidor, se convenceu da realidade da fé deles, a investigou, e
se tornou um grande pregador pauliciano, finalmente selando o seu testemunho,
também, com sangue.
Outro pregador famoso deles, Sérgio, durante 34
anos espalhou a fé dos paulicianos, organizando muitas igrejas. Tanta gente se
convertia (no ano de 700 d.C.), que os padres e bispos católicos o chamavam de
precursor do anticristo, o qual estava produzindo a grande apostasia da fé
(católica) profetizada pelo apóstolo Paulo! Finalmente, a imperatriz, Teodora,
(845 d.C.), que implantou a adoração de imagens em todas as igrejas católicas
gregas do oriente, baixou decretos visando o extermínio total dos paulicianos,
e segundo estatística dos seus oficiais, cem mil (100.000) paulicianos foram
torturados e mortos.
Mesmo assim, os paulicianos continuavam crescendo
em número, e até o século doze, tinham-se espalhados por toda a Europa.
Mosheim, embora luterano, confessa que os paulicianos possuíam o “espírito
apostólico” e que eles penetram
“até
as regiões mais bárbaras da Europa com o evangelho”, sem
apoio oficial, sem fundos ou sociedades religiosas, e com a ajuda somente das
suas igrejas locais, espalharam sua fé e igrejas na França, na Itália, na
Bugária, na Boêmia, e na Alemanha, talvez atingindo também outros países. Na
Itália, ganharam o nome de Paterini e Cáteri (humildes e puros), na França, de
búlgaro, publicanos, e “boni homines”, bem
como o nome de albigenses, da cidade de Albi. Estudaremos os albigenses em
estudo posterior.
Suas doutrinas e práticas, embora torcidas e
difamadas, eram claramente as dos batistas atuais. Eles não aceitavam o batismo
de outras seitas, exigindo a fé antes do batismo, batizando somente crentes
adultos, e repudiando o batismo infantil. Praticavam somente a imersão total.
Eram difamados com o apelido de “maniqueus”,
mas eles, pelo contrário, rejeitaram as filosofias orientais
representadas por este nome. Eram ortodoxos na doutrina da trindade. Quanto ao
seu sistema de governo da igreja, rejeitavam a autoridade do papa e dos bispos,
tendo somente pastores de igrejas locais, e missionários. Eram, por isso,
apelidados de “acéfali”, no
grego, “sem cabeça”, pois reconheciam só
Cristo como cabeça e chefe da Sua igreja.
Eram acusados por seus inimigos de desprezarem o
batismo, mas isso só significava que eles DESPREZAVAM A PRÁTICA DO SACRAMENTO
DO BATISMO INFANTIL! Até seus inimigos, com muita relutância, admitem que os
paulicianos levavam vidas muito acima da repreensão, mas não deixavam de
condená-los mesmo assim, destruindo TODOS OS ESCRITOS DESTE POVO. É por isso
que estamos limitados aos escritos dos seus inimigos para a maior parte da
nossa informação a respeito deles. (Orchard´s History of the Baptists, páginas
127-138).
Veremos que a sucessão dos batistas da época dos
apóstolos, tendo sido traçada através dos montanistas, novacianos e donatistas,
continua com os paulicianos, e depois com os albigenses e valdenses. Esses
grupos tinham outros nomes, dependendo do local. Alguns desses (henricianos,
arnoldistas, etc.) mencionaremos mais adiante.
1)
Quais fontes principais da história dos
paulicianos?
2)
Qual a opinião dos paulicianos a respeito dos
católicos?
3)
Dê a história de Constantino, pregador destacado
pauliciano.
4)
Explique como Simeão se tornou pregador
pauliciano.
5)
O que era chamado Sérgio, o pregador pauliciano,
pelos vigários católicos?
6)
Qual imperatriz responsável pela morte de cem mil
paulicianos?
7)
Comente o “espírito apostólico” dos
paulicianos
8)
Comente as doutrinas e práticas batistas dos
paulicianos.
OS VALDENSES
(Do ano 1.100 ao ano 1.500 d.C.)
I-
SEU NOME, SUA ORIGEM E
SUA IDENTIDADE
Ao chegarmos a este ponto na história dos
batistas, descobriremos que os seus antepassados do período mencionado acima
(de 1.100 a 1.500 d.C.) surgem com uma variedade de nomes inventados (como
sempre) pelos seus adversários implacáveis da época, com o intuito de difamar
aqueles que não se submetiam à autoridade do Papa, os quais se multiplicavam
tanto que os católicos viam nessas igrejas “heréticas” uma séria ameaça à sua
própria existência e ao seu poder político e espiritual sobre as almas das
nações do mundo.
Diz Jones (Conferências Sobre a História
Eclesiástica, volume 2, páginas 219-220):
Não será
possível dar uma relação completa dos vários nomes e títulos dados (pelos seus
inimigos, os católicos) para as “seitas”
que surgem nesta época em oposição à Igreja Romana, mas seguem alguns dos
principais: foram chamados de cátaros (ou gozari) (os puros), os paterinos (os
humildes e sofredores, os paulicianos), os petrobrussianos (de Pedro de Bruis,
grande pregador batista da época), os henricianos (de Henrique, outro
pregador), os Arnoldistas (de Arnaldo de Bréscia, outro grande pregador), os
leonistas (de Leão, França, de onde surgiu Pedro Valdo, os insabatistas (porque
não observavam os sábados e os dias dos católicos), os bonés homines (bons
homens), os Albingenses (de Albi, da França, onde se encontravam em grande
número), os valdenses ou vaudois... Será necessário lembrar-se de que este povo
(os paulicianos) era o tronco principal do qual a maioria dessas “seitas” surgiram.
Em sua segunda obra, Jones diz (História da
Igreja Cristã, páginas 4-5):
“Alguns escritores
(historiadores) tem-se esforçado para demonstrar que os valdenses e os
albigenses eram classes de cristãos totalmente diversas uma da outra, e que
eles defendiam doutrinas diferentes, mas não existe nenhum motivo para essa
suposição. Quando os papas saíram com suas “fulminações” contra os albigenses,
eles os condenam pelo nome de valdenses; seus legados fizeram guerra contra
eles como confessando a fé dos valdenses, os monges da inquisição fazem seus
processos e suas acusações contra eles, lhes atribuídos o nome de valdenses;
eram perseguidos sob esse nome, e com gozo adotaram este nome quando lhes
conferido pelos inimigos, julgando-se honrados pelo mesmo...”
Está provado, pelos livros deles, que eles
existiam com valdenses, antes de Pedro Valdo, o qual começou a pregar cerca do
ano 1.160 d.C. Perrin, o qual escreveu sua história, tinha em mãos um Novo
Testamento na língua deles, a valesa, escrito em pergaminho, em letra muito
antiga, e também um livro com o seguinte título, na sua língua: “Qual
cosa sia I´Antichrist? ”, isto é, “O
que é o Anticristo? ” Este livro trazia a data
de 1.120 D.C., que remonta, no mínimo, a VINTE ANOS DE VALDO.
Outro livro deles, intitulado: “A
lição Nobre”, traz a data de 1.100 D.C. Jones
habilmente os defende de um dos apelidos injustamente aplicados aos valdenses,
a saber, o de “maniqueus”.
Esse sistema de heresia consiste em uma forma de “dualismo”,
afirmando haver duas divindades, a da luz, e outra das trevas,
igualmente poderosas. Como todos os antigos batistas afirmavam o mundo estar
debaixo do reinado de Satanás, inclusive o Papa e a Igreja Católica, não é de
se admirar de que os seus perseguidores católicos se agradassem em lhes
outorgar esse nome odioso para deixá-los difamados e desonrados diante do povo.
Devemos notar, porém, que existem verdadeiros “hereges”
nesses tempos que ensinavam doutrinas bem antibíblicas, os quais foram
todos confundidos pelos católicos sob o mesmo nome, “valdenses”.
Desse modo, os mesmos queriam lançar sobre os batistas mais desonra
aos olhos dos povos da época. Convém, saber também, que os verdadeiros
valdenses e albigenses combatiam essas heresias com a Palavra de Deus, e
negavam possuir qualquer ligação com as mesmas, condenando o maniqueísmo e
todas as demais heresias da época.
Eram verdadeiros crentes na Bíblia e verdadeiros
batistas. Isso verificamos mais adiante ao examinarmos o que seus adversários e
eles mesmos dizem a respeito das suas doutrinas. Ademais os valdenses batistas
bíblicos se queixavam do tratamento católico de confundi-los com os hereges da
doutrina errada. Jones (Conferências, página 251) diz:
“Ao ler as obras dos historiadores Mosheim, Dupin,
Fleury, e outros, o leitor levado a pensar dos cátaros, dos paulicianos, dos
arnoldistas, dos leonistas, dos paterinos, dos albigenses, dos valdenses, e de
muitos outros, como tantas outras seitas contrárias, as quais defendiam
sentimentos doutrinários diversos uns dos outros, e lutavam umas contra as
outras... disso nada poderia ser mais longe da verdade e dos fatos conhecidos!
”
Jones cita o conceituado historiador Tuano, que
escreveu a “História dos Seus Tempos”, isto é,
de 1.546 a 1.608 d.C., na qual ele, embora não batista, traça a sucessão dos
valdenses desde Pedro Valdo de 1.160 d.C. até os tempos de Lutero, 1.500 d.C.
Ele diz que Valdo levou as doutrinas dos valdenses até Holanda, Alemanha, e
finalmente para Boêmia, onde eram chamados de picardos. Ele diz que o colega de
Valdo, certo Arnaldo, levou a doutrina para Languedoc, a cidade de Albi, da
França, de onde surgiram os albigenses que se espalharam por toda a França.
Os sucessores de Arnaldo foram os pregadores
Esperon e José (por isso os apelidos josefistas, arnoldistas, esperonistas e
gázaros). São chamados de os “pobres de Leão”,
ou leonistas, os tramontanos, paterinos e lolardos. Ele cita o Papa
Gregório IX com afirmando:
“Como
no caso das raposas de Sansão, esses todos têm caras diferente, mas as suas
caudas amarradas juntas”, porque eles pregavam contra a riqueza
exorbitante, o orgulho, e os vícios dos papas e do clero católico em geral.
Quanto à origem do nome “valdense”,
Jones afirma (História, página 3):
“Em Languedoc (França) os católicos
pretendiam que a origem desses “hereges”
(os valdenses) fosse recente, e que derivavam seu nome de vaudois ou valdense
do Pedro Valdo, destacado pregador deles, cujos seguidores seriam chamados de
valdenses”.
Ele, porém, demonstra que em outras regiões o
mesmo povo trazia também o nome de ilustres pessoas do seu meio, como
josefistas em Dauphine, henricianos em languedoc, em outras províncias
petrobrussianos, de Pedro de Bruis. Às vezes ganhavam apelidos da sua maneira
de viver, como o de “cátaros”
(puritanos), e às vezes do país de onde tinham emigrados, como no caso
de búlgaros e “bougres”
da Bulgária. Na Itália eram chamados “fraticelli”,
homens da irmandade, por causa do amor fraternal que prevalecia no
meio deles. Por vezes erma chamados de “paulicianos” e por
deturpação desse apelido, “paulicianos”,
por serem considerados descendentes da seita antiga, a qual no século
SETE se espalhou por toda a Armênia e Trácia, e, sendo terrivelmente
perseguidos pelos imperadores gregos, emigraram para Europa para lá se
misturarem com os valdenses de Piemonde (dos Alpes).
Em certos casos ganhavam seu nome do país ou da
cidade em que se encontravam em grande número, como no caso de lombardistas, toulousianos
e albigenses. Diz Jones novamente: “todas essas ramificações,
todavia, surgiram do mesmo tronco comum, e foram animados pelos mesmos
princípios morais e espirituais”. Citando
Robson, que realizou importantes pesquisas históricas sobre esse povo, Jones
afirma o seguinte a respeito do nome valdense (História, página 2): “Da palavra
latina “vallis” deriva-se a palavra em
inglês, “valley”, em espanhol e francês, “valles”,
em português, “vales”,
em italiano, “valdesi”,
em holandês, “valleye”,
em Provençal “vaux, vaudois, valdenses, ualdenses
e waldenses”. A palavra simplesmente significa
“vales, habitantes dos vales” e nada
mais!
“Aconteceu que os
habitantes dos vales do Pirineus não confessavam a fé católica, nem os
habitantes dos vales dos Alpes, e aconteceu ademais, que no século nono, um tal
Valdo, amigo e conselheiro de Berengário, homem de eminência, o qual tinha
muitos adeptos, não aprovava da disciplina e da doutrina papal; e aconteceu que
130 anos mais tarde, certo negociante rico da cidade de Leão, cujo nome era
Valdus, ou Valdo, por aceitar as doutrinas dos habitantes dos vales mencionados
acima, separou-se publicamente da religião católica romana, apoiando e
sustentando financeiramente muitos dos pregadores dessas mesmas doutrinas, e se
tornou o instrumento usado por Deus para a conversão de multidões de gente,
todas essas pessoas e “seitas” eram chamadas de valdenses”.
Torna-se
historicamente claro que o próprio Valdo não era o fundador dos valdenses,
senão um produto deles, e um grande pregador entre eles, pelo qual a causa dos
valdense foi simplesmente divulgada e reforçada. Fica fora da dúvida que os
valdenses descendem das igrejas apostólicas do primeiro século da nossa era.
Eles mesmos assim afirmam no documento mencionado acima chamado “A
lição nobre”, datado de 1.100 D.C. Nesse
documento, os valdenses dizem que as igrejas de Jesus Cristo permaneciam
relativamente humildes e puras desde a época da sua fundação apostólica até os
tempos de Silvestre, bispo romano da época de Constantino. Eles consideram
Silvestre como sendo o primeiro dos “papas”,
e afirmam que na hora em que Constantino adotou o “cristianismo”
como religião oficial do império, e concedeu a Silvestre e aos
pastores católicos honras mundanas, houve uma grande separação entre as igrejas
verdadeiras e as corruptas.
“Nós cremos que nem todas as igrejas de
Cristo se desviaram, e sim, que uma porção delas cedeu, e a maioria foi levada
para o lado do erro; mas outra parte ficou fiel à verdade recebida (dos
apóstolos) por muito tempo”.
Foi através
da crença deles que Pedro Valdo foi erguido por Deus para simplesmente reavivar
e reanimar as verdadeiras igrejas de Jesus Cristo (Citado de “Baptist
History”, Volume
I, páginas 72-73, por John T Christia). Reinério Sacchoni foi um padre da ordem
dominicana, cerca do ano 1.260 D.C. Ele afirma que tinha andado no meio dos
valdenses durante 17 anos, e que deles tinha se separado. Foi indicado pelo
papa para ser inquisidor desses “hereges”.
Acerca da
origem e Antiguidade dos valdenses ele diz o seguinte:
“Entre todas as seitas, não existe nenhuma
tão perniciosas como a dos valdenses, por três razões: em primeiro lugar, por
ser a mais antiga, pois algumas pessoas afirmam que essa seita remonta à época
do papa Silvestre (325 D.C.), outros que ela remonte aos tempos dos apóstolos.
Em segundo lugar, por ser a mais espalhadas das seitas. Não existe país onde
não se encontre os valdenses. Em terceiro lugar, porque, embora as outras
seitas causam horror para os que as ouvem, os leonistas (um dos apelidos dos
valdenses), pelo contrário, causam admiração pela grande aparência externa da
piedade. Realmente eles levam vidas acima da repreensão diante dos homens, e
quanto a sua fé, e aos artigos do seu credo (da sua crença), são ortodoxos
(genuínos). Sua única falha é que eles blasfemam contra o clero (os padres, os
monges, os bispos, as freiras etc.). E contra a igreja (romana), e isso
facilmente leva o povo geral a apoiar os seus erros (devido à vida errada e
imoral do clero). ”
Eis o testemunho de um católico que os conhecia
através do contato pessoal. E todos os seus perseguidores assim afirmam com
relação a sua antiguidade e quanto ao seu testemunho irrepreensível de vida. Os
valdenses que traduziram a primeira Bíblia na língua francesa, também afirmam a
sua antiguidade. Na introdução eles dizem que os valdenses sempre haviam gozado
a verdade celestial encontrada nas Escrituras Sagradas, desde os tempos em que
a mesma lhes foi transmitida pelos apóstolos, tendo preservado manuscritos
corretos da Bíblia inteira na sua língua nativa, de geração a geração!
(Orchard, página 257).
Orchard também acrescenta, na página 256, que
Cláudio Seyssel, arcebispo católico da mesma época, diz que um certo Leão foi
acusado de ter dado origem aos valdenses dos vales, nos dias de Constantino o
grande. Quando, depois disso, os editos já mencionados, de Honório, saíram
condenando os rebatizadores (413 D.C.), os mesmos aumentaram ainda mais o
número de anabatistas refugiados nos vales do Pismonte. No sexto e no sétimo
séculos D.C. houve outras fugas para lá de crentes que não suportavam os erros
e a perseguição do papado; os valdenses se achavam, portanto, já em grande
número naquelas regiões bem antes dos tempos de Pedro Valdo.
Quanto à questão da antiguidade dos valdenses, e da sua com os
batistas atuais, o testemunho dos eruditos holandeses Ypeig Durmont, de 1.819
D.C., historiadores oficiais da sua igreja, a Igreja Reformada da Holanda, no
primeiro volume de sua conceituada história, na página 48, sendo fonte insuspeita,
tende a confirmar as reivindicações batistas com respeito a sua origem
apostólica:
“Temos visto até
aqui, que os batistas, os quais foram antigamente chamados de anabatistas, e em
tempos posteriores menonitas, originaram-se dos antigos valdenses, e durante a
grande parte da história eclesiástica vêm recebendo a honra dessa origem. Por
esse motivo, os batistas podem ser considerados a única comodidade cristã que
existe desde a época dos apóstolos, e como sociedade cristã, tem conservado
pura a doutrina do evangelho através de todos os séculos! ”
II- PEDRO
VALDO E OS VALDENSES
Pedro Valdo era um negociante rico da cidade de
Leão, França, cerca do ano de 1.160 D.C. Ele tinha dúvida sobre certas
doutrinas católicas enquanto ainda não convertido. Certo dia aconteceu algo na
sua vida particular que o despertou e o deixou abalado. Certa noite, jantando
com amigos, viu cair ao chão repentinamente um deles, morto de enfarte. Ao
refletir sobre a incerteza da vida, examinou as Escrituras e se converteu.
Querendo que outros também conhecessem o caminho
da salvação, ele sendo homem de certo grau de conhecimento linguísticos, e com
auxílio de outros entendidos, fez traduzir a Bíblia do latim para o vernáculo
do povo, ele mesmo começou a pregar e a ensinar suas doutrinas, atraindo assim
uma multidão de gente. Ele vendeu uma porção dos seus bens, distribuindo suas
riquezas em seguida entre os pobres necessitados. Não se sabe como ele entrou
em contato com os valdenses, mas sabemos que depois de ser expulso da cidade de
Leão pelo próprio arcebispo local, ele se torna um dos “barbes” ou pastores valdenses
que mais ajudou sua causa na época.
Sem a menor dúvida, deles ele ganhou seu apelido
de “Valdo”. Ele espalhou a verdade em
Dauphine e de lá seguiu para Picarti (regiões da antiga França), de lá para
Alemanha e finalmente para a Boêmia. Em todos esses lugares ele foi cruelmente
perseguido, juntamente com seus “adeptos”,
mas muitas igrejas valdenses foram organizadas e muitas almas
convertidas. Nessa época os valdenses se espalharam por toda parte, inclusive
pela Bulgária, Croácia, Dalmácia, Hungria e França. Só na Boêmia havia 80.000
deles no ano de 1.315 D.C. Eles foram cruelmente martirizados, torturados,
mortos, banidos, perseguidos por todos os meios.
Apesar disso, no ano de 1.260 D.C., havia em toda
a Europa, no mínimo um total de 800.000 valdenses! (Esses fatos extraídos da
História de Jones, páginas 12-13. Os cálculos do historiador Perrin, citados
por Orchard, página 274). Convém a essa altura citar as palavras do conceituado
historiador Mosheim, da igreja luterana, o qual escreveu sua “História
Eclesiástica” no século 18. No volume II, página
127, ele afirma o seguinte:
“A
verdadeira origem daquela seita que ganhou o nome anabatista pelo seu costume
de dar novo batismo para aqueles que passam para suas fileiras, oriundas de
outras denominações... está escondida nas profundezas da antiguidade e, portanto, é difícil de
averiguar...”
Os menonitas atuais (apelido para alguns dos
anabatistas da época da reforma) se consideram os descendentes dos antigos
valdenses, os quais foram terrivelmente oprimidos pelos líderes despóticos da
igreja católica e dizem ser os descendentes mais puros dos mesmos... Os menonitas
(os anabatistas) não estão totalmente errados ao afirmarem terem descendidos
dos valdenses, dos petrobrussianos, e de outras “seitas”
antigas, as quais são consideradas geralmente as
testemunhas da verdade durante os tempos de obscuridade e superstição geral.
Antes do tempo de Lutero e Calvino, haviam
ocultos em quase todos os países da Europa, especialmente na Boêmia, Moravia,
Suíça e Alemanha, muitas pessoas que aderiam tenazmente à seguinte doutrina, a
qual os valdenses, os viclifitas, e os hussitas haviam defendido, alguns de uma
maneira mais oculta, outros mais aberta e publicamente,
“Que o reino de
Cristo, ou seja, a igreja visível que Cristo fundou na terra, é uma assembleia
de verdadeiros e reais santos, e deverá permanecer por esse motivo fora do
alcance dos homens perversos e injustos, e também isenta de todas aquelas
instituições que a sabedoria humana nunca poderá sugerir para resistir ao
progresso da iniquidade, ou para corrigir e reformar os transgressores”.
Trata-se
de uma concessão bastante interessante da pena de uma pessoa antagônica à causa
batista, o historiador luterano Mosheim. Assim fica fora da dúvida a sucessão
batista a partir dos valdenses até os nossos dias, e isso tende a confirmar a
existência dos batistas desde os dias dos apóstolos pela linhagem já estudada.
A seguinte citação do historiador do século passado, David Benedict, na
História dos Batistas, obra essa agora raríssima, confirma essa linhagem. Na
página 47 da sua obra (a qual consiste em quase 1.000 páginas), ele diz em
anotação ao pé da página:
“ O sr. Orchard se deu ao trabalho de
agrupar, debaixo de um cabeçalho só, os nomes das várias [seitas]
de batistas, e anota as datas da origem ou ascendência dos
batistas visados na afirmação de Mosheim acima, na qual ele abrange 1.200 anos
de história, desde os picardos e valdenses do ano 1.450 D.C. de volta aos
novacianos de 250 D.C”
Segue a
relação, segundo nome, data, e autoridade histórica dessa linhagem batista:
III- NOME DA “SEITA” DATA AUTORIDADE HISTÓRICA
Valdenses
e Picardos 1.450 D.C. Wall Hussitas 1.420 Crosby e Ivemy Valdo e seus colegas
1.178 Jones Valdenses e Albigenses 1.150 Collier Arnoldistas 1.140 Bellarmine
Henricianos 1.135 Wall Petrobrussianos 1.110 Wall Berengarianos 1.049 Mezeray
Gundulfianos 1.025 Jortin Paterinos 945 Jones Vaudois da França e da Espanha
714 Robison Paulicianos 653 Gibbon, Allix Donatistas 311 Mosheim Novacianos 250
Enciclopédia Britânica Convém notar que somente dois dos historiadores acima
mencionados são batistas.
1)
Por que razão os católicos queriam difamar os
valdenses através dos apelidos pejorativos?
2)
Segundo o historiador Jones, como se pode saber
que os albigenses e os valdenses eram o mesmo povo, e não “seitas” adversárias uma
da outra?
3)
Como prova o mesmo que os valdenses existem antes
dos tempos de Pedro Valdo?
4)
Um dos apelidos que os valdenses não aceitavam
era o de ___________ (uma seita que ensinava o “dualismo”.
5)
Cite as palavras do papa Gregório IX a respeito
da identidade de todas as “seitas” batistas que recebiam diversos apelidos
6)
Explique como os diversos apelidos mencionados
por Jones vieram a ser aplicados aos valdenses.
7)
Qual é a verdadeira origem do nome “vaudois”
e “valdenses”
e qual seu sentido verdadeiro?
8)
No documento, chamado “A lição Nobre”, como
explicam os próprios valdenses a sua origem?
9)
Pedro Valdo era fundador ou produto dos
valdenses?
10)
Mencione as três razões (resumindo-as) que o
inquisidor Reinério Sacchoni cita para provar o perigo (para a igreja católica)
dos valdenses.
11)
O que os valdenses afirmam, a respeito da sua
antiguidade, na introdução da sua Bíblia em francês?
12)
O que afirma Cláudio Seyssel a respeito da origem
dos valdenses?
13)
O que afirmam Ypeig e Durmont a respeito da
ligação dos batistas aos valdenses?
14)
Como foi a conversão de Pedro Valdo?
15)
Quantos valdenses (batistas) havia na Europa no
ano 1.250 D.C?
16)
Dê o testemunho (resumindo) do luterano Mosheim a
respeito da ligação dos batistas (anabatistas) e os valdenses.
OS VALDESNES
(Do ano 1.100 ao ano
1.500 D.C)
Continuação como os valdenses ficaram “dispersos”,
espalhados pelos trabalhos missionários dos seus próprios obreiros, bem como
pelas perseguições, sofridas das mãos da Igreja Católica, ficaram conhecidos
por vários nomes, segundo local e o nome dos seus pastores mais bem conhecidos,
assim como pelas características da sua vida santa e exemplar.
Vamos examinar nesta lição alguns grupos dos
valdenses, para verificarmos que não se tratavam de “seitas” de
doutrinas diversas, e sim, de grupos de batistas, verdadeiros sucessores das
igrejas apostólicas.
A.
OS
CÁTAROS. Esse nome significa simplesmente “puritanos”
ou, os puros, apelido esse atribuído a sua santa maneira de viver.
Aqui cito autoridades da história eclesiástica, principalmente o testemunho de
William Jones, “The History of The Christian
Churc” de 1.824, volume I, páginas 438ss.:
Um
pouco antes do ano 1.140 D.C., Ervino de Steinfield, da diocese da Colonha, da
Alemanha, dirigiu uma carta para o celebrado “São Bernardo”, a
respeito de certos hereges das suas vizinhanças (do Ervino). Essa carta foi preservada por
Mabillon, e o Dr. Allix na sua renomada obra, “Observações Sobre as Antigas Igrejas de Piemont” a traduziu... Ervino estava muito perplexo
(sobre esses “cátaros”, o apelido local desses “hereges”), e queria solucionar suas dúvidas
consultando o renomado Bernardo, cuja palavra era lei na Igreja Católica da época.
Ervino fala na carta
sobre um “debate”
realizado entre um pastor dos cátaros e os bispos de Colonha, no qual
o pastor batista cita largamente as Escrituras, confundindo os bispos com seus
argumentos bíblicos. Segundo Ervino, os batistas foram apanhados violentamente
pelo povo e levados para serem queimados vivos em praça pública. Diz Ervino:
“O
que nos deixa mais perplexo é que eles sofreram, não somente com paciência, mas
mesmo com alegria. Se eu estivesse pessoalmente contigo, ó santo padre,
gostaria de lhe perguntar de que maneira será possível esses membros de Satanás
persistir na sua história com tanta constância e coragem como não se acham nem
entre os mais religiosos (católicos) na fé de Cristo! ”
Ervino prossegue na carta sobre os cátaros
batistas:
“A
heresia deles consiste no seguinte: Eles dizem que a Igreja verdadeira só se
encontra na pobreza entre eles mesmos. ”
E depois eles descrevem
sua maneira de imitar os apóstolos na pobreza e na pureza de vida, enquanto os
sacerdotes católicos viviam no pecado e na opulência material; ele afirma
ainda:
Eles não aceitam o
batismo infantil, alegando o lugar das Escrituras (Marcos 16:15-16) que diz: “Aquele que crer e for batizado será salvo”. Eles não creem na
intercessão dos
santos; e tudo quanto a igreja (católica) observa que não foi
ensinado e estabelecido por Cristo e seus apóstolos (na Bíblia) eles o chamam
de superstição! Eles não admitem a doutrina do fogo do purgatório depois da
morte; pelo contrário, ensinam que as almas, tão logo saídas dos seus
respectivos corpos, entram diretamente ou no descanso (do paraíso) ou no
castigo (do inferno), e isso eles provam pelas palavras de Salomão (Eclesiastes
11:3b) “e caindo a árvore para o sul, ou
para o norte, no lugar em que a árvore cair ali ficará”; pelo qual eles
entendem que são inúteis todas as orações e oblações dos fiéis em intenção das
almas dos falecidos... Devo comunicar-lhe também que aqueles que já voltaram
para as fileiras dos fiéis da nossa igreja (católica) nos dizem que há grande
número de pessoas da sua persuasão espalhado em toda parte (da Europa), e que
entre eles se encontra muitos padres e monges do nosso clero. Aqueles que foram
queimados nos disseram que essa heresia (a doutrina dos cátaros batistas) ficou
oculta desde os tempos dos mártires (os que morreram pela fé durante os 300
primeiros anos da nossa era), e que essa doutrina existiu na Grécia e em outros
países.
Até aqui, o testemunho de
Ervino, citado por Jones. Jones, na sua obra histórica, também cita as palavras
de um monge conhecido da mesma época, um tal de Egberto, o qual em um sermão
denuncia violentamente os cátaros. Ele alega ter aprendido os sentimentos
doutrinários dos mesmos através de testemunhos daqueles que, por meio de
torturas aplicadas pelos católicos confessaram-se “hereges”
e voltaram para o seio da Igreja Católica.
Egberto diz (Jones,
páginas 442ss.):
Eles
são comumente chamados de “cátaros” (puritanos), um povo bastante perigoso para
a fé
católica,
a qual, como a descreve, eles corrompem e destroem.
Egberto afirma que eles
negavam a utilidade do batismo para os infantes (bebês), o qual não adianta
nada para a sua salvação, devido a sua incapacidade de crer, eles insistem em
que o batismo deve ser adiado até as pessoas chegarem aos anos da maturidade
(mental e espiritual), e mesmo então só deverão batizar-se aqueles que fizerem
profissão pessoal de fé, os quais deverão pedir o batismo voluntariamente.
Eles
têm grandes multidões de adeptos em todos os países, resultando em grande
perigo para a igreja (católica) .... Os daqui, da Alemanha, chamamos de
cátaros, em Flanders se chamam de pifles; na França de Tisserandos, da arte de
tecer, porque muitos deles são tecelões de profissão.
O mesmo Egberto diz que
os batistas (cátaros) não aceitavam a doutrina do purgatório; zombavam das
missas rezadas pelos defuntos, e dos sinos nas igrejas, e “quanto às missas em geral”,
diz ele, “as desprezavam completamente,
afirmando que...não existe sacerdócio verdadeiro dentro das igrejas católicas
(a romana e a grega), e que os legítimos sacerdotes só existem dentro das suas
igrejas (dos batistas) ”. (Provavelmente Egberto entendesse os pastores
cátaros pelo nome “sacerdote”).
B.
OS
PATERINOS. É outro nome dado pelos inimigos para os cátaros e os valdenses.
Jones afirma na segunda obra, “Conferências Sobre a História
Eclesiástica”, página 253 (volume II), vem da palavra latina “pati”,
a qual significa “sofrer”
e, portanto, tem quase o mesmo sentido que tem a nossa palavra moderna
de “mártir”.
Orchard (página 142
da sua História
Batista), diz que mesmo depois que um bom número de novacianos saíram da Itália
por causa das perseguições, ficaram lá ainda muitos deles, e sabemos disso
pelas queixas dos padres e monges italianos, de modo que encontramos, a partir
do ano 575 D.C., a sucessão de igrejas batistas na existência dos hereges que
seriam mais tarde chamados de paterinos.
Bonizo, bispo de Sutrio,
diz que havia grande surto de paterinos durante o pontificado de Estevão II
(750 D.C.).
Orchard cita Roberto
Robison (“Eclesiastical Researches”,
páginas 211ss.) como dizendo o seguinte a respeito dos paterinos:
“Seu culto público mais consistia na leitura e na
exposição das Escrituras, na oração pública, no batismo, (realizado uma só vez
para os convertidos), e na ceia do Senhor celebrada tão frequentemente quando
fosse conveniente. Diziam que uma igreja cristã devia consistir somente em
gente de vida santa, que a igreja não tinha direito de criar leis e impor
estatutos religiosos fora das Escrituras, deixando a entende assim que o Novo
Testamento fornece orientação completa; que não devia jurar; que não era lícito
matar os homens (por motivos religiosos), que um homem não devia ser entregue
para as autoridades civis para ser convertido à força; que a igreja não devia
perseguir a quem quer que fosse, nem mesmo os ímpios; que a lei de Moisés não
serve como regra de fé e prática para os crentes; que não havia necessidade de
sacerdotes, especialmente dos maus; que os sacramentos, as ordens, e as
cerimônias da Igreja de Roma eram todos inúteis, caros, opressivos e
perversos”.
Robinson, ainda citado
por Orchard, também diz que os católicos daqueles tempos batizavam por imersão,
de modo que os paterinos não tinham problema com os católicos quanto ao modo do
batismo, pois também batizavam exclusivamente por imersão, mas quando
examinados pelos inquisidores católicos, os paterinos confessavam contra o
batismo infantil, e condenavam essa doutrina católica como um erro muito
grande.
Nas páginas 455ss. De
Jones (“History”), ele
continua citando o testemunho de Robinson, o qual, por sua vez cita Dr. Allix
(Igrejas Piemont):
“Aqui,
então encontramos um grupo de Crente na Itália, antes do ano 1.026 D.C.,
quinhentos anos antes da Grande Reforma de Martinho Lutero, cuja doutrina
contraria às opiniões da igreja de Roma, e que condenavam redondamente os seus
erros”.
Robinson afirma que Atto,
bispo de Verceulli, tinha se queixado dos paterinos fazia 80 anos atrás, e
ainda antes daquele tempo, outros mais haviam se queixado da existência deles,
e que existem motivos muito bem justificados para se crer que eles (os paterinos)
tinham existido na Itália. Ele ainda afirma que havia igrejas em Milão e
Modena. Tinham casas de culto em Ferrar, Bréscia, Viterbe, Vicenza, e várias em
Rimini, Romandiola e em mais outras cidades.
Reinério diz, no ano
1.259 D.C., que a igreja paterina de Alba tinha mais de 500 membros; a de
concorezzo mais de 1.500 membros; e a de Bagnolo mais de 200. As casas onde se
reuniam eram alugadas para essa finalidade (já que não lhes era permitido
construir tempos próprios), nas quais morava alguma família paterina, servindo
de zeladores. Havia sempre várias casas em cada cidade, distinguidas por algum
sinal conhecido somente por eles. Os paterinos tinham pastores e “anciãos”
ou líderes respeitados, ensinadores da Bíblia, diáconos e mensageiros
(irmãos enviados para acudir os perseguidos ou necessitados).
Em épocas de perseguição,
eles se reuniam em grupos de 8, 20, ou 30, evitando assim a denúncia por seus
inimigos. Quanto ao seu comportamento, era exemplar. Não frequentavam lugares
de bebidas alcoólicas, nem certas diversões públicas. Eles se vestiam e se
comportavam decentemente. Não usava de mentira, nem dos palavrões, e empregavam
seu tempo em serviço para ganhar o pão (geralmente alguma profissão manual), e
seus momentos de lazer eram empregados nos ensinamentos e aprendizado das
Escrituras ou qualquer outra atividade útil.
Cerca do ano 1.040 D.C.,
os paterinos se tornam bastante numerosos na cidade de Milão, e lá floresceram
durante pelo menos 200 anos. Durante essa época, o governo milanês não os perturbava,
mas o clero católico os combatia através de sermões, rezas e livros. Cerca do
ano 1.176 D.C., o arcebispo de Milão, homem já velho e enfermo, quando estava
pregando contra os paterinos com bastante veemência, foi acometido de acesso no
púlpito, e caindo ao chão, depois de receber a extrema unção morreu!
Os paterinos eram muito
zelosos quanto à disciplina da igreja. Serve também como comprovação de que
eram batistas no seu regime de governo interno da igreja, o fato registrado da
igreja dos paterinos da cidade Cremona, a qual no ano de 1.243 D.C. excluíram
seu pastor por ele caído no pecado de adultério! Evidentemente eram batistas,
pois uma igreja local católica não tem esse direito de receber e excluir
membros, muito menos quando se trata do próprio vigário!
Esse fato histórico é
mencionado por Matthew Paris na sua obra citada por Jones na página 373 das
suas “Conferências”. Orchard
(página 144) diz que um dos pastores famoso dos paterinos era um certo “gundulfo”,
que aparece no ano 1.020 D.C., do qual eram chamados de “gundulfanos”.
Alguns dos seus discípulos, segundo Allix, diziam:
Os
católicos nos acusam de sermos contrários ao batismo; erram nisso, pois é o
sacramento que negamos. Se eles dizem que algum sacramento se encontra no
batismo, a força disso é desfeita por três razões: primeiramente, porque a vida
errada dos seus ministros não pode transmitir a salvação a ninguém; em segundo
lugar, porque os pecados renunciados na fonte batismal pelos batizandos são
depois retomados; e em terceiro lugar, porque a vontade alheia, a fé estranha,
e a confissão estranha, não pertencem ao pequenino, o qual “nem pode querer,
nem correr”, e que permanece ignorante do seu próprio bem e da sua própria
salvação, e em quem não pode haver desejo de regeneração , e de quem não se pode
esperar uma confissão de fé!
Outro grande pregador
deles, foi o Berengário do qual os valdenses ganharam o apelido de berengeus,
ou berengarianos), o qual aparece na França no ano 1.035 D.C. Suas doutrinas
foram espalhadas através da França, Itália, Alemanha, e mais outros países.
Segundo Orchard, página 179, Deodwin, bispo católico de Leige, diz que:
“Há uma notícia que saiu da França e passou
pela Alemanha, no sentido de que um tal de Bruno, bispo de Angiers, e
Berengário, arcediácono da mesma, afirmam que a hóstia não é realmente o corpo
de Cristo, os quais se esforçam o mais possível para derrubar o batismo das
criancinhas. ”
O Berengário, no seu zelo contra a igreja
romana, chegou a dizer que a igreja católica é “a igreja dos malignos, o concílio da vaidade, e o trono de Satanás!
” Suas pregações fizeram grande impacto que resultou na conversão de multidões
para a fé dos paterinos (valdenses) batistas.
1)
O apelido “cátaro” significa _________________.
2) Qual foi a
dúvida do bispo Evervino, revelad na sua carta dirigida ao “São
Bernardo”?
3) Segundo testemunho de Evervino, o que criam os
“cátaros”
(batistas) a respeito da igreja, do batismo infantil, do purgatório, e da
intercessão dos “santos”?
4) O que Egberto
afirma quanto à doutrina do batismo segundo os cátaros?
5) O que ele afirma
com respeito à atitude dos cátaros para com as missas e o sacerdócio?
6) Orchard afirma
que os paterinos descendiam dos antigos _______________.
7) Os católicos da
época dos paterinos também batizavam por ______________.
8) Verdadeiro ou falso: Segundo a apostila, o
historiador Robinson acreditava que os paterinos sempre existiam na Itália, desde
os tempos dos apóstolos.
9) Mencione algumas
das cidades onde se conhece haver existido igrejas paterinas.
10) As igrejas dos
paterinos eram numerosas ou poucas? Tinham muitos ou poucos membros?
11) O que nos ensina
o caso da igreja dos paterinos de Cremona que excluiu o seu próprio pastor pelo
pecado de adultério?
12) Como foi o
argumento contra o batismo infantil empregado pelos “gundulfanos”?
13) Quais as doutrinas de Berengário e do seu colega
Bruno que escandalizaram o Deodwin, bispo de leige?
OS VALDENSES
(Do ano 1.100 ao ano
1.500 D.C.) [continuação]
INTRODUÇÃO
Na última lição estudamos
os crentes batistas desse período sob vários nomes, um dos quais era o de “paterinos”.
Eram conhecidos por esse apelido principalmente na Itália. Os papas,
um após outro, reuniam concílios de bispos e cardeais a fim de decretar suas bulas
de extermínio e perseguição contra eles, nas quais procuravam obrigá-los a
aceitar o batismo infantil.
Dois papas principalmente
saíram com editos contra os paterinos: o papa Inocêncio III (1.215 D.C.), e o
papa Honório III (1.220 D.C.), e pediram ao Frederico II que fizessem valer
esses editos no sul da França e em toda a Itália. Muitos dos paterinos foram
obrigados a fugir, e Mosheim cita a obra, “Reforma na Itália”,
de M´Crie (páginas 4ss) que diz que se espalharam em verdadeira
inundação por todas as províncias da Europa, e que a Alemanha especialmente
recebeu grande número deles, onde passaram a ser chamados de “gazari”
no lugar de “cátaros”
(puritanos) Essa autoridade da história eclesiástica diz que certo Ivo
de Narbonne foi chamado pelo inquisidor (católico) de “heresia” para dar conta
das suas crenças. Ele fugiu para a Itália.
Na cidade de como
conheceu os paterinos, e abraçou suas doutrinas por algum tempo: Os crentes
paterinos lhes informaram, depois que ele se tornou membro da sua igreja (pelo
batismo), de que existiam igrejas em todas as cidades de Lombardi, e que os
seus membros muitos dos quais eram negociantes, procuravam nas feiras e nos
mercados, ensinar suas crenças aos leigos ricos com os quais negociavam, e aos
proprietários em cujas casas eram acolhidos.
Quando Ivo deixou a
cidade de como, recebeu dos irmãos cartas de recomendação aos paterinos na
cidade de Milão, e dessa maneira passou por toda as cidades que se achavam ao
longo do Rio Po, Cremona, e os estados venezianas, sendo generosamente
hospedado pelos paterinos, os quais o recebiam como irmão, quando lhes mostrava
suas cartas e dava os sinais conhecidos por todos quantos pertenciam às suas
igrejas. (Esses fatos históricos extraídos de Orchard, História, páginas
155-156). Isto nos dá uma ideia da vida diária dos nossos irmãos batistas da
época.
Outro fato histórico
bastante interessante se deu com respeito a um dos pastores paterinos.
Panzilupe, um irmão destacado como líder entre os paterinos, foi ouvido a dizer
mais do que 100 vezes, que:
“Os
ministros da igreja católica são homens perversos, enganadores da humanidade,
lobos vorazes, os quais gostam de perseguir homens de bem. Eles querem me levar
a crer que o vinho da missa seja o próprio e verdadeiro sangue de Cristo, mas
faz pouco tempo eu pessoalmente vi o sacerdote de São Julian ficar bêbado desse
vinho junto ao altar da igreja. ”
Mas por causa da sua piedade
e vida consagrada e santa, quando Panzilupe morreu, no ano 1.269 D.C., em broa
membro da igreja dos paterinos da cidade de Bagnolo, e um dos pastores, foi
sepultado dentro da catedral católica. O povo, ciente de sua bela vida, se
aglomerava ao seu túmulo para fazer uma espécie de adoração, e o bispo Alberto,
entrou com processo para a canonização dele como santo da igreja católica!
Alegava-se que até milagres se realizavam junto ao seu túmulo! Foi assim
venerado durante 24 anos, mas alguns monges invejosos conseguiram convencer os
oficiais da igreja que ele tinha morrido como um herege paterino incorrigível!
Portanto, seus ossos foram devidamente desenterrados e queimados!
Citamos
mais o testemunho de Orchard (página 188):
Do zelo e dos
esforços de Gundulfo e Arnaldo na Itália, do Berengário, Pedro de Bruys, e
Henrique na França, os adeptos e discípulos desses “reformadores” se
tornavam tão números que os católicos ficaram receosos, muito antes que Valdo,
de Leão, aparecesse pregando. Nos diversos países eram conhecidos por vários
nomes, e é sabido que nesse tempo havia 800.000 confessando essa fé.
Em uma nota ao pé da página 189, Orchard
acrescenta:
“Se
esse cálculo de 800.000 estiver certo, e para cada um deles admitir-se 3
aderentes (simpatizantes), haverá 3.200.000 pessoas confessando a fé dos
valdenses nessa época... Já que não há provas de que os costume do pedobatista
(batismo infantil) era praticado fora das igrejas católicas romana e grega,
esse número deve ser considerado como sendo composto de pessoas da classe
berengariana, isto é, daquelas que criam somente no batismo de crentes confessos!
”
VI- OS
PETROBRUSSIANOS E OS HENRICIANOS
Antes do Valdo, aparece Pedro de Bruys, no
ano 1.110, no sul da França, das províncias de Languedoc e Procença. Ele se
torna valdense, sendo nativo daqueles vales das montanhas Alpes, dos quais os
valdenses ganharam seu apelido. Ele era padre da cidade de Toulouse, mas depois
que se converteu e se uniu aos Albigenses, ele se tornou um dos seus pregadores
principais, (orchard, página 181) Armigate (History of the Baptists, páginas
284ss.) afirma:
“Nos
petrobrussianos encontramos um grupo de batistas sobre os quais não existe
nenhuma dúvida quanto a sua doutrina. ”
Pedro de Bruys se agarrou
a doutrina integral do batismo ensinada na Bíblia, e insistia na prática da
mesma ao rejeitar a imersão de criancinhas e ao praticar a imersão só dos
crentes em Cristo... Ele jogou fora a tradição Católica e aceitava a
interpretação literal da Bíblia. Rejeitou a doutrina católica da
transubstanciação, afirmando a ceia ser um ato memorial e simbólico.
Ele pregava que a igreja
deve ser feita só de pessoas nascidas de novo; considerava os bispos e os
sacerdotes simples fraudes; recusava-se a adorar as imagens, rezar pelos mortos
ou para os mortos, e rejeitava a penitência. Riu-se da estupidez que ensina que
uma criancinha nasce de novo quando batizada pelo vigário, e que ela pode fazer
parte do rebanho de Cristo enquanto nem conhece pessoalmente a Cristo como seu
Sumo Pastor! Exigia que todos quantos vinham fazer parte da igreja aceitava ser
imerso, depois da confissão da sua fé pessoal.
Ele não tinha
controvérsia com os padres quanto à questão da imersão como modo bíblico do
batismo, pois a igreja católica ainda a praticava... Sua grande ofensa (aos da
igreja Roma) foi a de rebatizar por imersão todos quantos tinham sido imersos
quando bebês, e só os batizava depois que eles davam provas da regeneração pelo
Espírito de Deus, e se tornavam verdadeiros discípulos de Cristo.
Pedro de Clugney se
queixa deles como ensinando o seguinte:
“É
inútil mergulhar na água o candidato (como sacramento), não importa com que
idade que o candidato tenha, sendo possível somente lavar o corpo, mas não
sendo possível, através dessa imersão, purificar a alma dos pecados”.
Esse venerável líder da igreja católica da
época ainda diz que os petrobussianos diziam assim do batismo:
“Nós
aguardamos a idade em que as pessoas são capazes de pessoalmente crerem, e
depois disso, nós não as rebatizamos, como vós costumais dizer através das
vossas calúnias, e sim, damos o batismo único e verdadeiro; pois ninguém deve
ser considerado como batizado, sem haver sido batizado dessa maneira”. (Citado por Armitage, página 285).
O documento chamado “O
que é Anticristo? ”, publicado no ano 1.120,
foi escrito, ou pelo próprio Pedro de Bruys, ou por algum petrobrussiano
valdense (batista). Nele, afirma-se o seguinte ao batismo:
“A terceira obra do anticristo consiste nisso,
que ele (o anticristo, identificado como o papa), atribui a regeneração do
Espírito Santo ao simples rito externo do batismo, batizando os bebês nessa fé,
ensinando que através disso, obtém-se o batismo e a regeneração... Isto é
contrário ao parecer do Espírito Santo”. (Orchard, páginas 183-184).
Pedro de Bruys foi tão bem-sucedido
nas suas pregações, que as multidões saíam para ouvi-lo, e nas dioceses de
Arles, Embrun, Die e Cap, havia tanto entusiasmo pelos ensinos dele que o povo
chegou a queimar suas imagens e seus crucifixos, e em alguns lugares, chegou a
destruir igrejas católicas. Certa sexta-feira da Paixão, as multidões levaram e
um monte de crucifixos de madeira e deles fizeram uma grande fogueira, na qual
assaram carne e a comeram.
Queixa-se ainda Pedro de Clugney:
“O
povo está sendo rebatizado, as igrejas profanadas, os altares derrubados, os
crucifico queimados, mesmo no dia da paixão do nosso Senhor...”
Em outro escrito, ele
afirma que Pedro de Bruys deixava de batizar as criancinhas porque tinha
preguiça de batizá-las; que ele queimava crucifixos por achar mais fácil
queimá-los do que adorá-los; e que rejeitava as missas porque não lhe pagavam o
suficiente para rezá-las! (Armitage, páginas 286- 287).
Armitage ainda diz que os
petrobrussiano aboliam todos os jejuns religiosos (católicos) e penitências
pelo pecado, pois afirmavam que somente Cristo pode perdoar os pecados, e Ele o
faz no instante em que o pecador se volta a Ele com fé; que eles consideravam o
casamento sagrado e válido até para os padres; negavam que a pessoa de Cristo
realmente se encontrava na hóstia do altar; negavam que o trono do papa fosse o
de São Pedro; negavam que um bispo (católico) podia consagrar outro; condenavam
os sacramentos, e exigiam que o batismo fosse dado somente aos crentes.
Para os petrobrussianos,
a igreja seria não o edifício, e sim, uma congregação de gente convertida e
batizada. Pedro de Bruys foi perseguido e expulso de vários lugares, mas
continuou ativo no seu ministério durante 20 anos, sendo por fim preso em São
Giles e levado por uma turba violenta e queimado à estaca. Sucedeu-o na
liderança um jovem pregador, um discípulo seu, Henrique da cidade de Toulouse.
Ele tinha subido a uma posição no clero da igreja católica como um monge, mas
tudo renunciou e aderiu ao Pedro de Bruys e aos ensinos.
Pedro de Clugney, o
grande abade, disse a seu respeito:
“Henrique
é um apóstata da fé havendo, voltado para o vômito do mundo e da carne, e é um
monge negro e condenado”.
Henrique era homem
erudito, letrado, mas rejeitava os escritos dos ditos “padres
da igreja” (Santo Agostinho, et eal.), e se
dedicava exclusivamente aos ensinos das Escrituras. Era pregador eloquente, de
voz de trovão, segundo dizem seus contemporâneos. Em muitos lugares,
congregações católicas inteiras, juntamente com os padres, deixavam a igreja
católica para se converterem a Cristo.
O tal de São Bernardo, ao
visitar as paróquias da França, escreve o seguinte sobre o efeito das pregações
dos pregadores valdenses:
“Encontrei
as igrejas sem gente; o povo sem sacerdote; os padres sem o devido respeito do
povo; a missa e os outros sacramentos desprezados; e os dias de jejum não observados
pelo povo”.
“Está
fechado o caminho para o céu para os filhinhos dos cristãos; a eles a graça do
batismo é negado; a eles estão impedidos de se chegarem ao paraíso! Apesar do
Salvador lhes chamar, dizendo: Deixar vir a mim os meninos, o batismo deles
está sendo proibido. ”
Na sua raiva dos “hereges”, os
quais ensinavam o batismo só dos crentes, ele mandou que os pais de muitas
dessas crianças fossem mortos... e até muitas das criancinhas também foram
brutalmente mortas pelos soldados do papa nas suas cruzadas contra os valdenses
e albigenses. Orchard acrescenta (página 187) que Bernardo também diz:
“Os
albigenses ganharam seu apelido de henrecianos da pessoa de Henrique. Eles
afirmam ser os verdadeiros sucessores dos apóstolos, e os fiéis conservadores e
seguidores da doutrina deles. São pessoas simples, rudes nas suas maneiras, mas
ainda assim, muitos padres, bispos, e príncipes leigos se dignam a mostrar
simpatia e favores para eles! ”
O arcebispo de Narbonne,
também se queixa dos trabalhos de Henrique, numa carta enviada para Luís VII,
rei da França:
“Meu Senhor Rei, estamos apertados de vários
lados por calamidades, entre as mesmas, o pior é que a fé católica está
extremamente abalada aqui na minha diocese, tanto é que o barco de São Pedro
está sendo violentamente jogado pelas ondas e está em iminente perigo de se afundar!
” (Orchard, página 186).
O papa Eugênio III resolveu
acabar com o ministério de Henrique e finalmente os bispos conseguiram
prendê-lo e levá-lo diante do papa e seu famoso Concílio de Reims, sobre o qual
presidiu o próprio papa. Lá Henrique foi julgado e condenado à prisão perpétua,
e, assim abandonado, logo faleceu. Allix, porém, afirma que Henrique foi
queimado em Toulouse, à semelhança de Pedro de Bruys. (Armitage, páginas
290-291, e Orchard, página 187).
1)
Ivo de Narbonne descobriu que os paterinos da Itália
eram muito ____________.
2) Certo paterino
quase chegou a ser canonizado um santo da Igreja Católica, qual o nome dele?
3) O número dos valdenses
da época de Pedro de Bruys, junto com seus simpatizantes foi
calculado____________, sem contar seus filhinhos.
4) A grande ofensa
contra a fé católica, cometida por Pedro de Bruys, foi o costume de___________
todos quantos fossem batizados bebês, depois que os mesmos dessem sua confissão
de fé pessoa.
5) O entusiasmo dos
ouvintes de Pedro de Bruys os levou a__________________.
6) Falso ou
verdadeiro: Henrique de Toulouse era monge antes de se tornar um
petrobrussiano. ______________.
7) Qual foi o
comentário de Bernardo sobre o efeito das pregações de Pedro e Henrique, nas
paróquias da França?
8) Como foi que
Bernardo desmentia sua suposta compaixão e seu interesse pela salvação das
criancinhas?
9) O que é que o
arcebispo de Narbonne disse a respeito do “barco de São Pedro”?
10) Falso ou
verdadeiro: Tanto Pedro de Bruys, como Henrique de Toulouse tiveram morte
natural dentro das suas próprias casas. ______________.
OS VALDENSES
(Dos anos 1.100 ao ano
D.C.) (continuação).
V- OS ALBIGENSES
Junto com o título de “valdenses”, o nome
de albigenses se tornou conhecido e usado nas cruzadas contra os batistas da
Europa desde o ano 1.100 até 1.400 D.C., quando os albigenses ficaram quase
extintos ou dispersos do sul da França para toda a Europa. Eles ganharam o seu
nome da cidade de Albi, uma cidade francesa, que ficava a 70 quilômetros de
Toulouse.
Devido a sua relativa
independência, do domínio do papa, sob o governo dos “condes”
de Toulouse, os albigenses se multiplicaram no sul da França ao ponto
de dar aos papas muita preocupação, os quais declaram “a
guerra de extermínio” contra os albigenses. No
ano 1.208 d.C. saiu de Cesaréia o documento “A Crônica Bélgica”,
no qual o autor, depois de citar o que ele chama de “os
erros doutrinários dos albigenses”, afirma:
“O erro dos albigenses prevaleceu de tal modo que
eles chegaram a infestar mais de mil cidades; e se esse erro não fosse
reprimido pela espada dos fiéis (católicos), eu acho que iria corromper toda a
Europa”. (Citado de Jones, “Conferências”, página 274).
Suas origens se traçam
desde os novacianos e seus sucessores da Espanha, do outro lado dos pirineus, e
dos paulicianos da Bulgária e da Itália. Muitos milhares dos batistas da
Espanha emigraram para o sul da França devido às severas perseguições contra eles.
O Dr. Allix, citado por Orchard (History, página 166), diz:
“Desde
a antiguidade, as igrejas do norte da Espanha foram unidas com as do sul da
França”.
Diz Mosheim (History, citado por Orchard,
página 195):
As
“seitas”
dos cátaros,
valdenses, petrobrussianos, e outras mais (inclusive a dos albigenses)
aumentaram em número
de dia a dia e se espalharam imperceptivelmente por toda a Europa, e
organizaram numerosas congregações (igrejas locais) na Itália, na França, na
Espanha e na Alemanha.
O
número desses “dissidentes” (com respeito à igreja católica), não foi maior em nenhuma parte do que em Narbona,
da França, e nas províncias adjacentes, onde foram recebidos e protegidos de
uma maneira notável por Raimundo, conde de Toulouse, e por outras pessoas de
alta distinção, onde os bispos locais, por motivos de humanidade ou de
preguiça, não se sabe, permitiram-nos a formar colônias, e multiplicar
prodigiosamente de dia a dia.
Essas
seitas (os albigenses) formaram, pouco a pouco, um partido tão poderoso que
eles se tornaram muito temíveis aos olhos dos papas romanos, e puseram em
perigo a jurisdição papal naquela região.
O próprio Pedro Valdo,
encontrou os albigenses já bem estabelecidos em toda a região em volta da
cidade de Leão, onde ele iniciou seu ministério.
Diz Dr. Allix (Orchard, página 192):
“Os
albigenses, cujos pontos de vista religiosos já estavam bem firmados na região
deram a Valdo o seu apoio total, assim que este apareceu pregando
publicamente”.
Como confirmação dessa
identidade dos albigenses com os valdenses, citamos aqui Jacó de Riberia,
secretário do rei da França, na sua história de Toulouse (Orchard, página 193):
“Os
valdenses...primeiramente se encontravam na diocese de Albi (daí o nome de albigenses)
.... Eles foram posteriormente permitidos pelos vigários locais a pregarem e
ensinarem publicamente, não que estes aprovassem dos seus ensinos (dos
albigenses), mas porque os sacerdotes (católicos) não eram iguais a eles em
habilidade (isto é, não tinham capacidade de refutar seus ensinos, desde que os
valdenses usavam a Bíblia para provar os seus ensinamentos). Esta seita de
homens foi tida em tanta honra que foram isentas (pelo governo dos condes) de impostos;
e recebiam mais benefícios dos testamentos dos falecidos do que os sacerdotes
católicos. Se alguém encontrasse o seu inimigo acompanhado de um desses hereges
(dos albigenses), ele deixava de vingar-se do inimigo, já que a segurança de
todos os homens era julgado ser dependente da proteção garantida aos hereges! ”
Já o citado inquisidor
Reinério (Orchard, página 193), o qual examinava os valdenses e os albigenses,
afirma o seguinte:
Em
suas maneiras, eles são calmos e modestos, sem ostentação de vestimentas, cujos
trajes não são caros, e nem sórdidas. Eles realizam seus negócios sem mentiras,
fraude, ou juramentos, sendo eles na sua maior parte, de profissões manuais;
seus pastores e ensinadores são tecelões ou sapateiros, os quais não podem
multiplicar riquezas, contentando-se com o que é necessário. Esses “leonistas” (de Leão, cidade dos albigenses e de Valdo), são muito puros e
moderados no comer e no beber; eles não frequentam os bares e as bodegas. Eles
controlam suas paixões, e sempre passam seu tempo trabalhando, ensinando ou
aprendendo. Eles se reúnem frequentemente para os seus cultos...
Jones diz (Conferências,
página 274) que Reinério procurou justificar o grande crescimento dos
albigenses e valdenses como sendo estimulado por vários fatores:
01) Motivos de
vanglória: os “doutores” (ensinadores) albigensianos querem ser honrados da
mesma forma que os doutores católicos.
02) Devido ao seu
grande zelo. Todos eles, tanto homens como mulheres, de dia e de noite, não param
de ensinar e de aprender.
03) Devido à
disponibilidade das Escrituras, traduzidas por eles na língua vulgar (do povo),
as quais estão sendo constantemente citadas e explicadas por eles. Ele diz:
“Eu já vi e ouvi certo jovem
rústico, sem estudos, citar o livro de Jó, palavra por palavra, sem errar, e vi
muitos deles que conheciam de cor o Novo Testamento inteiro”.
04) Porque eles
ensinam as suas doutrinas em lugares secretos, em horários conhecidos só por
eles, na presença somente dos crentes.
05) Devido ao
escândalo do mau comportamento de certos católicos (referindo-se à vida imoral
dos colegas de Reinério, os padres e bispos católicos!)
06) Devido aos
ensinamentos dos padres não autorizados pelas Escrituras (uma confissão
interessante de um inquisidor católico, perseguidor desses “hereges”!). Diz ele:
“O que um doutor da nossa igreja (católica) pregar, que ele não prove
pelo Novo Testamento, os albigenses consideram falso, contrário à autoridade da
igreja católica”.
07) Devido à falta
de reverência com que certos ministros (padres) realizam o sacramento (havia
já, nessa época, os festivais “dos burros” e outras blasfêmias realizadas nas
catedrais pelos próprios vigários da igreja. Criava-se um “bispo de palhaços”,
e um jumento, vestido de capa e chapéu de cardeal era levado para dentro da
catedral e o vigário despedia a multidão zurrando três vezes como burro, e o
povo lhe respondia em tom de asno! (Orchard, página 150, citando Jones).
08) Devido ao ódio
que eles (os hereges) têm da igreja católica (!). Diz Reinério:
“Já
ouvi da boca dos hereges que eles querem tirar os dízimos dos padres e dos
monges, assim reduzindo-os ao estado de trabalhadores manuais! ” Ainda o
Reinério comenta, a respeito do crescimento e grande número dos “hereges”:
“Em todas as
cidades de Lombardo, e em Provença, e em outros condados e reinos, há maior
número de escolas dos hereges do que de teólogos (católicos), e muito mais
gente que os ouve. Eles debatem publicamente (com os católicos), chamando o
povo para assistir aos debates, e pregam nos mercados, nas feiras, nos campos,
e nas casas. Eu tenho estado presente, frequentemente, na hora da inquisição
(do exame) dos hereges, e posso afirmar que as suas escolas, só na diocese de
Pavia, chegam ao número de 41! ”.
No ano 1.198 D.C., o papa
Inocêncio III resolveu acabar de vez com os hereges da região do sul da França,
e com a ajuda de Dominique, o fundador da sociedade dos dominicanos (“os
cães de Deus”), organizada com o único intuito de caçar e castigar
todos quantos não concordavam com a fé católica, o papa mandou um grande exército
contra essa parte da França, que atacou as cidades de Toulouse, Narbona,
Biziers, e outros mais, o qual cometia horrendos crimes de massacre aos súditos
principalmente de Raimundo, o conde de Toulouse, e seu filho, Raimundo Rogério,
o qual foi assassinado na prisão por Simão de Montfort, o “nobre” que se entregou a
obedecer à risca as ordens do papa, visando o total dos ditos “hereges”
Albigenses. Esse Simão se tornou, a convite do legado do papa, o comandante
principal dessa campanha de extermínio.
Os monges pregavam as
cruzadas, levantando os exércitos de homens fanáticos para derramar sangue, já
que lhes foi prometido o paraíso instantâneo caso caíssem mortos em batalha, e
pleno perdão de uma vida de pecado, crime, e vício, só completando os 40 dias
das cruzadas. As incursões foram repetidas até que todos os albigenses da
região ou haviam sido liquidados, ou expulsos. Foi no sítio à cidade de Besiers
que o legado do papa, Arnaldo Amalric, falou as suas famosas palavras, ao ser
interrogado pelos lordes perplexos: “Como saberemos distinguir os
católicos dos hereges? ” A essa pergunta Arnaldo
replicou: “Matem todos eles! O Senhor conhecerá bem
aqueles que pertencem a Ele! ”
Só na tomada dessa cidade foram
massacrados 60.000 pessoas, homens, mulheres, crianças, velhos, tudo quanto
tinha fôlego. Os soldados, munidos assim das “indulgências plenárias” do papa, abusavam das
mulheres antes de matá-las. Depois a cidade toda foi reduzida a cinzas, como um
“grande
holocausto para o Senhor”. Na tomada de ainda outra cidade, a de Lavaur, o historiador católico
que assistia, sendo ele um dos monges fanáticos das cruzadas contra os albigenses,
assim descreve a matança:
“A
senhora da fortaleza, a qual era irmã de Aimery, e uma herege execrável, foi,
pela ordem do conde Simão, jogada para dentro de uma fossa, a qual foi então
entupida de pedras. Depois disso, os nossos peregrinos (referindo-se aos
soldados da cruzada), ajuntaram os hereges inúmeros que se encontravam na
fortaleza (realmente o número era de 400, segundo outra fonte fidedigna), e os
soldados os queimaram vivos com grande gozo! ” (Jones, Conferências, página 307).
No final dessas cruzadas,
cerca do ano 1.218 d.C., depois de vinte anos de matança e derramamento de
sangue, um milhão de vidas inocentes haviam sido sacrificadas. Entre essas a
grande parte era de albigenses, mas apesar disso, é afirmado por autoridades
dignas de confiança, que havia ainda na Europa no ano de 1,260 D.C. (no final
dessas cruzadas), 800.000 pessoas que confessavam a fé dos valdenses
(albigenses)! (Orchard, página 226).
A Igreja de Cristo ainda
continua em pé!
1)
O apelido “albigenses” se deriva da cidade de __________
do sul da França.
2) Como foi a
origem dos albigenses que surgiram em grande número nessa região?
3) Como descreve
Jacó de Riberia a honra conhecida por quase todos aos “hereges” albigenses?
4) Como descreve o
Reinério os modos de vida albigenses?
5) Comente a
alegação de Reinério com respeito ao suposto “ódio” dos albigenses da
Igreja Católica.
6) O que foi
prometido pelos monges pregadores aos integrantes do exército de fanáticos para
o extermínio dos albigenses?
7) O nome do
comandante desse exército foi o lorde ____________________.
8) Cite as palavras
de Arnaldo Amalric, o legado do papa, quando interrogado como haveriam de
separar os hereges dos católicos da cidade de Beziers ______________
9) Quantas vidas inocentes foram sacrificadas nas
cruzadas contra os albigenses?
10) Quantos anos durou a guerra de extermínio?
OS VALDENSES
(Do ano 1.100 aos anos
1.500 D.C.) [Conclusão]
VI- A POSIÇÃO DOUTRINÁRIA
DOS VALDENSES
Se bem que tenhamos
citado os testemunhos das fontes históricas deixadas pelos inimigos e por
alguns dos amigos dos valdenses, quanto às suas doutrinas e práticas bíblicas,
queremos deixar fora da dúvida a afirmação de que esse grupo de crentes “evangélicos”
eram, realmente, dos nossos antepassados batistas, particularmente em
vista do fato de que quase todas as igrejas reformadas (protestantes, da grande
reforma, de 1.500 D.C. em diante) logo queriam estabelecer identidade com eles,
devido às zombarias dos católicos.
À essa altura convém
citar as palavras do historiador inglês, não batista, Roberto Robinson, o qual
já foi citado várias vezes, no seu prefácio à obra, “Dissertação de Claude”, volume
II, página 53, citado por Jones, “Conferências”,
páginas 217-218:
Todos os nossos doutores
(teológicos) afirmam, e todos os nossos historiadores comprovam, e a Igreja
Romana não procura desmentir, o fato de que existem, desde os dias dos apóstolos,
vários dissidentes das “igrejas”
estabelecidas (católicas).
Esses
dissidentes têm
sido acusados de inúmeras
calúnias,
chamados por nomes odiosos, acusados de defenderem erros detestáveis e marcados
com infâmia pública; mas durante a Grande Reforma esses mesmos dissidentes
foram pesquisados e tirados da obscuridade, “lavados” e
“vestidos” de roupas novas, e apresentados como testemunhas,
quantas vezes surgisse (da parte dos católicos) a seguinte pergunta: “Onde
estava a sua igreja (as dos reformadores) antes do Lutero? ”
Eu pessoalmente já
vi o suficiente para me convencer de que os dissidentes ingleses (entre os
quais os batistas ingleses da época),
os quais defendem a suficiência
das Escrituras e a liberdade cristã primitiva de interpretar, individualmente,
o sentido das mesmas, podem ser ligados, através das pesquisas históricas, aos
antigos não conformistas: os puritanos, os lolardos, os valdenses, os albigenses,
e, através dos paulicianos, e outros mais, aos próprios apóstolos.
Essas igrejas
(evangélicas) às vezes tinham uma existência clandestina, e outras vezes
visível, e eu bem que quisera dizer uma existência legal (mas não posso);
acontece que essas igrejas sempre defendiam mais da verdade e menos do erro do
que as dos seus perseguidores (católicos)! Uma ramificação deles (dos “hereges”)
uniformemente negava o batismo infantil, e todos os grupos admitiam a liberdade
cristã, sendo todos eles inimigos das hierarquias estabelecidas reinando sobre
as consciências dos seus irmãos!
Como disse Robson, todas
as igrejas reformadas queriam apontar para os valdenses como sendo dos seus
antecessores, mas tem ficado bastante evidente, que, no caso de pelo menos a maioria
deles, são antepassados doutrinários dos batistas, e não das igrejas
reformadas, todas as quais trouxeram muita bagagem com eles ao se separarem da
fé católica.
Tanto Martinho Lutero,
bem como João Calvino queriam ser identificados com os valdenses, e de fato,
conseguiram trazer uma porção deles para dentro do “aprisco”
reformado, como veremos mais adiante. Mas os padres Gretzer, o qual no
ano 1.613 d.C. publicou os escritos completos de Reinério, os inquisidores da
época dos valdenses, afirma, comentando as práticas e as doutrinas dos
valdenses:
“Isto é um retrato fiel dos hereges dos nossos dias (do ano 1.613),
principalmente dos anabatistas! ” (Jones, página 475, das “conferências”).
Limborch, o professor de
divindade da universidade de Amsterdã, na sua “História da Inquisição”,
volume I, capítulo 8, citado por Jones, History, página 84), embora
membro, na época, da Igreja Reformada da Holanda, ainda discorda com Lutero e
Calvino e com os demais reformadores, ao afirmar: “Para dizer francamente o que penso (dos albigenses e valdenses) é que
de todas as seitas atuais do cristianismo, são os batistas holandeses os que
mais se parecem com os antigos albigenses e valdenses! ”
O historiador afamado, o
lutero Mosheim, já citado, concorda com Limborch:
“Antes
do surgimento de Lutero e do Calvino, existiam, meio ocultados, em quase todos
os países da Europa, pessoas que defendiam tenazmente os princípios dos atuais
batistas holandeses! ” (História de Mosheim, citado por Jones, History,
página 84).
Com esses testemunhos concordam todos
quantos pesquisam em profundeza a história dos valdenses.
Jones cita (páginas 220-221) o renomado
historiador Venema, da sua “História Eclesiástica”, volume VI, divisões
115-126, como afirmando a identidade doutrinária dos valdenses em geral, sendo,
segundo ele, descendentes dos paulicianos, e subdivididos, na época dos
valdenses, em grupos conhecidos pelos apelidos de paterini, picardos,
lombardos, boêmios, búblgaros, albigenses etc.
Ele afirma mais que todas essas “seitas” não constituem grupos
divergentes, defendendo sentimentos doutrinários conflitantes... pois nem a
igreja romana lhes acusa de doutrinas diferentes uns dos outros, e sim, os
condenam e os perseguem, a todos, sob a denominação geral de hereges e por vezes,
de maniqueus.
Ele prossegue a mostrar que tipos de “heresia” que era, pelo qual eles
eram universalmente condenados pela igreja romana. Ele afirma que suas
principais “heresias” se resumem nas seguintes
doutrinas:
1)
Que as Sagradas Escrituras são a única fonte
verdadeira da nossa fé e prática. Eles usavam principalmente o Novo Testamento,
mas, ao contrário das acusações infundadas dos seus inimigos, eles reconheciam
o Velho Testamento como sendo canônico igual ao Novo.
2) Eles aderiam à
fé completa da ortodoxia teológica (quanto à natureza de Deus, de Cristo, como
divino etc.). Não eram “maniqueus” nem “adocionistas” (“cátaros”
que criam que Jesus era só humano até receber o Espírito por ocasião do
batismo). Eram inteiramente sãos na sua teologia.
3) Eles rejeitavam
todos os ritos externais da igreja romana, menos a ceia e o batismo. Não
aceitavam a santidade especial dos templos católicos, as vestimentas, as
imagens, os crucifixos, a adoração das relíquias santas (ossos dos mártires,
pedaços da “verdadeira cruz”, etc.), e os demais (cinco) sacramentos da
igreja romana. Eles consideravam tudo isso como invenções de Satanás e da carne
e que não passava de superstição pagã.
4) Rejeitavam a
doutrina do purgatório, das missas e rezas pelos defuntos, admitindo somente
dois destinos finais, o do céu e o do inferno.
5) Não admitiam as
indulgências, as confissões pelo pecado (ao vigário), só admitindo as
confissões mútuas dos crentes para fins de conforto e instrução.
6) Admitiam só as
ordenanças do batismo e a ceia, mas somente em caráter de símbolos, negando a
presença real de Cristo na “eucaristia”, conforme descobrimos
na obra sobre o anticristo, e como Ebrardo, de Betúnia, lhes acusa no seu livro
contra as “heresias”.
7) Criam somente em
três ordens eclesiásticas (na realidade, só duas): os bispos (pastores), os
presbíteros (também pastores), e os diáconos, julgando os demais só invenções
humanas. Julgava a ordem dos monges “um defunto malcheiroso”, e os votos
o invento dos homens. Alegavam que o casamento para o clero era desejável e
necessário.
8) Finalmente, que
afirmavam a igreja romana era a grande meretriz da Babilônia (Apocalipse 17 e
18), e eles recusavam obedecer ao papa ou os bispos romanos, e afirmavam que o
papa não tinha qualquer autoridade sobre as igrejas, nem possuía o poder da
espada civil ou eclesiástica.
Onde estava, então, a “heresia”
dos valdenses? Consistia em afirmar a verdade do Novo Testamento, e
negar as tradições da igreja romana, ainda mais, condenando aquela igreja,
chamando-a da “grande meretriz! ” Não é
de se admirar que a igreja católica ficasse bastante perturbada pelo grande
número desses “hereges”
que havia por toda parte!
Os valdenses, através dos
anos, publicaram várias confissões de fé. Jones resume alguns pontos que
aparecem nessas confissões, nas páginas 454-455, “Conferências”:
ele diz que nelas os valdenses afirmam que:
“A igreja de Roma é a meretriz da Babilônia, e o papa e os bispos são
os lobos da igreja de Cristo – tantas ordens e classes de clero, tantos sinais
da besta! ”
Eles não eram unitarianos
ou adocionistas, pois criam “que Deus é
um só: Pai, Filho e Espírito Santo”.
Criam na plena divindade
de Cristo, sua igualdade em essência divina com o Pai. Criam na queda de Adão,
e que os homens nascem do pecado original, e podem ser salvos somente pela
graça, sem méritos próprios de qualquer espécie, através da morte sacrifical e
substituta de Cristo na cruz; que Cristo é o único intermediário, e que os
pecadores são regenerados (nascidos de novos) pela operação do Espírito Santo
nas suas almas:
“Sendo por Ele renovados no espírito dos seus entendimentos, o Qual
nos faz novas criaturas para, em seguida, realizarmos as boas obras, e do Qual,
nós recebemos o conhecimento da verdade”.
A respeito da igreja, eles dizem que uma
igreja cristã é:
Uma
assembleia (congregação organizada) de crentes, homens fiéis, e que de tal
igreja somente Cristo é o cabeça; que ela é governada por Sua Palavra, e guiada
pelo Espírito Santo; que todos os crentes devem pertencer a tal igreja; e que
as únicas ordenanças que Cristo deixou são a da ceia e do batismo; a duas
ordenanças são simbólicas, ou sinais visíveis de coisas santa”, ou seja,
“sinais visíveis de bênçãos invisíveis”, e que somente pessoas verdadeiramente
convertidas estarão em condições de participar nelas.
Por não crerem nas “ordens
eclesiásticas” (papa, cardeais, bispos, padres etc.), seus inimigos acusavam aos
valdenses de não terem pastores. Mas o próprio historiador católico, o bispo
Bousset, diz:
“Os valdenses não admitem
que um leigo (irmão não consagrado) administre a Ceia do Senhor” (Jones, página 458).
Comênio, grande historiador das igrejas da
Boêmia, afirma:
“Um ministério estabelecido
foi sempre considerado um assunto de grande importância entre as igrejas dos
valdenses” (Jones, página
459).
Certa vez, afirma mais o
Comênio, os valdenses (da Boêmia) foram espalhados por uma grande perseguição,
somente ficando um dos pastores, por nome Miguel Zambérbio. Ele foi enviado
pelos irmãos até as fronteiras de Morávia e Áustria, onde deviam existir
igrejas valdenses, para poder consultá-las, levando consigo dois candidatos ao
ministério.
Ao chegarem, um dos
pastores locais, pelo nome de Estevão, convocou seus colegas pastores da
região, os quais todos impuseram as mãos na congregação desses candidatos, para
que pudessem voltar para Boêmia com autorização bíblica para dar continuidade à
obra. Disto, diz Dr. Allix;
“Se
torna evidente que os valdenses conservavam entre eles a antiga disciplina
(ordem) das igrejas; daí vemos que é falsa a acusação de que não existia entre
eles um ministério legítimo, e que os leigos tomavam entre si a autoridade de
pregar, consagrar pastores, e de administrar as ordenanças”.
Sobre seus pastores, Pierre Gilles diz
(citado por Jones, página 461):
“Os
valdenses tiveram pastores bem estudados, homens versados nas ciências, nas
línguas, e no conhecimento das Escritura Sagradas, bem como nos escritos dos
antigos padres...todos os seus barbes (pastores) se entregam...à tarefa de
transcrever as Sagradas Escrituras para o uso dos seus estudantes (obreiros das
suas escolas bíblicas), antes que a arte de impresso fosse conhecida. Todos
eles conheciam algum ofício útil, muitas vezes da medicina e da cirurgia, na
qual, aliás, eram muito hábeis, e pela sua habilidade eram procurados. Alguns
deles eram homens casados; outros viviam como solteiros, não por escrúpulos de
consciência, e sim, para terem a liberdade para viajar para às igrejas
distantes e para efetuar obras evangelísticas e missionárias”.
Serve de grande interesse
o testemunho do Luiz XII, o rei da França de 1.498 D.C. Acerca dos valdenses de
Provença, ele tinha ouvido de crime horrível atribuídos a eles por seus
inimigos católicos, e por isso mandou seu representante pessoal para lá
investigar o assunto. Esse representante, um doutor em teologia (católica),
visitou todas as paróquias onde se encontravam os valdenses, e os lugares dos
seus cultos. Ele não encontrou nada de imagens, sinais ou objetos pertencentes à
missa, ou a quaisquer cerimônias da igreja romana, e muito menos qualquer prova
dos supostos crimes alegados por seus inimigos.
Pelo contrário, descobriu
que os valdenses respeitavam o dia do Senhor (domingo) observavam a ordenança
do batismo segundo o costume da igreja primitiva (das igrejas apostólicas),
instruíam seus filhos nas doutrinas da fé cristã e dos mandamentos de Deus.
Quando o rei ouviu o relatório dos seus enviados, ele disse com juramento, que
os valdenses eram melhores homens do que ele mesmo ou de qualquer um do seu
povo (católico)! (Do Perrin, citado por Jones, página 470).
Citamos aqui dois artigos
de fé de uma confissão de fé valdense, datada de 1.120 d.C., tornada pública
por João Paulo Perrin, na sua História dos Valdenses, do ano 1.619 d.C.: Artigo
12:
“Cremos
que os sacramentos (as ordenanças) são sinais de coisas sagradas, ou sinais
visíveis de bênçãos invisíveis. Consideramos conveniente, e mesmo necessário
que os crentes usem desses símbolos, ou forma visíveis, quando for possível;
por outro lado, afirmamos que os crentes serão salvos sem esses sinais, quando
não há nem lugar, nem oportunidade para observá-los. Artigo 13: Não
reconhecemos nenhum sacramento (ordenança) senão somente o batismo e a ceia do
senhor”. (Jones, página 482).
É interessante como os
reformadores procuravam atribuir aos valdenses a crença no batismo infantil,
pois todas as igrejas reformadas ficaram com essa relíquia do papado, e queria,
de qualquer modo, justificar tal prática. Mas existem bastantes testemunhas,
principalmente dos seus inimigos, os católicos, contemporâneos, no sentido de
que, foi justamente por causa dos valdenses desprezarem o batismo infantil e
insistirem no batismo só de crentes que lhes trazia tamanha perseguição!
As citações são
numerosas, trago somente uma, de Ermengardo, quando escrevia para combater os
valdenses:
“Esses
hereges (os valdenses) afirmam que o batismo não pode servir para qualquer um
senão para aquele que o pede com a própria boca; daí eles tiram a conclusão
errônea (diz Ermengardo) de que o batismo nenhuma vantagem traz para o bebê” (Jones, página
486).
Os valdenses não eram da
fé e doutrina dos reformadores, e sim, dos batistas. Entre os reformadores,
Jones (página 500) menciona os nomes de Martinho Lutero, João Calvino, Felipe
Melancthon, João Decolampádio, Pedro Mártir, Bullinger, e muitos outros, dos
quais todos concordavam nos seus pontos doutrinários principais, com Lutero e
Calvino. Apesar de ele mesmo ser protestante, e não um batista, Jones afirma:
“Eu
considero todos esses reformadores, em geral muito inferiores aos valdenses no
seu conhecimento das Sagradas Escrituras, e no seu entendimento da natureza
espiritual e celestial do reino de Cristo, principalmente quanto às suas instituições,
leis, e ao seu culto. ”
Tanto Lutero, bem como
Calvino, eram defensores de um cristianismo nacional: Eles tinham por objetivo
englobar países inteiros no cristianismo em vez de voltarem para os princípios
bíblicos, separando os discípulos (crentes) de Cristo do mundo incrédulo, e
unindo-os em uma comunhão entre eles mesmos, conforme as instruções apostólicas
(I Coríntios 5:17). Esses reformadores tinham sido treinados em escolas
erradas, e precisavam desaprender muita coisa...e possuíam muitas manchas
misturadas com as suas boas qualidades.
Os valdenses eram
batistas também na forma democrática do seu regime interno. Diz Preger, uma
autoridade histórica, citado por Jarrell (Baptist Pepetuity, página 179),
“Nas
suas igrejas, toda a autoridade eclesiástica foi depositada na congregação (na assembleia
plenária da igreja), de modo que não havia, entre eles, nenhum lugar para
bispos. Reinério afirma que eles criam na absoluta igualdade de todos os
membros da igreja”.
AS SUA
PERSEGUIÇÕES
Desde o século doze, os
papas se entregaram a uma guerra sem tréguas, de total extermínio contra os
valdenses. Os vales dos alpes, da região do Piemonte, foram invadidos inúmeras
vezes até que finalmente os antigos valdenses foram totalmente destruídos ou
dispersos. Os daquelas regiões que atualmente se chamam de valdenses não são os
mesmos da antiguidade. Eles são descendentes de pessoas que se uniram aos
reformadores, e não passam de igrejas reformadas protestantes, como veremos
adiante.
Ao descrever uma dessas
incursões na província de Calabria, de soldados em serviço do papa, um
historiador contemporâneo neapolitano (católico) diz o seguinte:
“Alguns (dos valdense) tiveram seus pescoços cortados, outros foram
serrados pelo meio, outros jogados do alto das gargantas e dos penhascos; todos
foram cruelmente, mas merecidamente (diz o católico) mortos”.
Muito estranho foi ver a
teimosia deles, porque os pais e seus filhos, assistindo a morte um do outro,
nem pareciam ficar tristes, mas alegremente afirmavam que iriam ser anjos –
“repararem como o diabo, ao qual eles
haviam se entregue, os tinha enganado! ” (Jones, página 528).
Em outra incursão, um dos valdenses
descreve o seguinte retrato:
“Os
soldados torturaram 150 mulheres junto com os seus filhos, e depois cortaram as
cabeças de alguns deles, e bateram a cabeças dos bebês contra as pedras para
lhes estourar os miolos; alguns dos que foram levados prisioneiros, e que se
recusaram a assistir à missa, foram enforcados, e outros pregados nas árvores
pelos padres, com a cabeça para baixo... além de perderem tudo, casas, campos,
e plantações, totalmente queimados e destruídos! ” (Jones, página
563).
Entretanto em uma vila,
os soldados do papa fizeram soar os sinos da igreja, chamando os valdenses para
a missa. Como eles fugiram das suas casas para as florestas, os soldados os
perseguiram, caçando-os como se fossem feras, matando-os todos (Jones, página
524). Um dos valdenses, pelo nome Marson, foi despido e surrado com varas, e
depois arrastado assim pelas ruas, para depois ser morto, queimado com tochas.
Seu filho foi levado para o alto da torre, onde lhe apresentaram um crucifixo,
oferecendo-lhe sua liberdade se o adorasse. Ele respondeu que preferia morrer
do que cometer a idolatria. Eles o jogaram da torre, e o inquisidor comentou,
“Vamos ver agora se o Deus dele o salvará da morte! ” (Jones,
página 526).
Bernadino Conde, outro
valdense, foi condenado a ser queimado vivo. Quando o levaram para a estaca,
colocaram um crucifico nas mãos, o qual ele jogou para o chão. O inquisidor
ficou tão raivoso que mandou que fosse coberto de piche antes de ser queimado
(Jones, página 526). O mesmo inquisidor, por nome Penza, enviado do Papa
Piedoso IV, mandou que oitenta e oito dos valdenses tivessem seus pescoços
cortados, como o matador faz com o gado, seus corpos repartidos em quatro
parte, e cada uma das partes espetada em cima de estacas fincadas na terra ao
longo de uma distância de 50 quilômetros, entre Montauld e Castelo Villar,
(Jones página 526).
Uma testemunha ocular,
enviada do inquisidor Ascânio Caracciolo, numa carta ao mesmo, datada de 11 de
junho de 1.560, descreve pormenorizadamente a cena chacina:
Os
valdenses prisioneiros foram fechados numa casa. O carrasco entrava e saía com
um dos prisioneiros, fazendo-o em seguida ajoelhar-se, e cobrindo-lhe o rosto
com um pano, cortava-lhe o pescoço. Depois entrava e trazia outro, repetindo a
cena macabra, até que o carrasco ficasse com o braço cheio de sangue, e o pano
ensopado e pingando o sangue dos massacrados. (Jones, páginas 526-527).
Dessa maneira milhares e
mais milhares de valdenses marcharam para a morte com coragem e mesmo com
alegria durante os séculos treze a dezesseis. O massacre final foi ordenado
pelo duque de Savoy, a pedido do papa, no ano 1.686 d.C. Depois dessa data, não
aderiram ao movimento dos reformadores, e atualmente eles praticam o batismo
infantil, e têm um sistema de episcopado contrário à praxe (Jarrell, página
176).
1)
Segundo Robinson, com que grupo de crentes os
reformadores queriam se identificar?
2)
Robinson acredita haver uma sucessão de igrejas
apostólicas através da linhagem dos valdenses, albigenses, e outros mais?
3)
A que grupo de crentes atuais se pareciam os
antigos valdenses e albigenses, segundo o testemunho dos três historiadores: Cretzer,
Limborch e Mosheim?
4)
Mencione pelo menos duas das crenças dos
valdenses, mencionadas por Venema, consideradas heréticas pelos católicos.
5)
Mencione pelo menos duas das crenças dos
valdenses contidas em suas próprias confissões de fé.
6)
Os valdenses criam na igreja universal, ou só em
uma local?
7)
Segundo Comênio, como sabemos que os valdenses
faziam questão de ter um ministério devidamente consagrado?
8)
Falso ou Verdadeiro: Pierre Gilles afirma que os
pastores dos valdenses eram homens rudes e sem estudos.
9)
Luiz XII, rei da França de 1.498 D.C., tornou-se
simpatizante, ou perseguidor, dos valdenses que moravam na Provença?
10)
O que afirmam as confissões de fé valdenses, a
respeito das ordenanças (ceia e o batismo)?
11)
Falso ou Verdadeiro: Ermengardo afirma que os
valdenses apoiavam o batismo infantil.
12)
Qual a diferenças básicas das ideias dos
reformadores e dos valdenses, com respeito à natureza da igreja na terra?
13)
Segundo Jarrell, como sabemos que os valdenses
eram batistas no regime do governo das suas igrejas?
14)
Falso ou Verdadeiro: Os valdenses foram para sua
morte com coragem e alegria.
15)
Os atuais batistas são descendentes dos antigos
valdenses. (Falso ou Verdadeiro).
OS ANABATISTAS
(Do ano 1.500 D.C. ao ano
1.600 D.C.)
INTRODUÇÃO
Datamos os anabatistas
europeus do ano 1.500 d.C. a 1.600 d.C., não porque o nome “anabatista”
fosse novidade nessa época, aparecendo pela primeira vez; o apelido
inclusive data da época de Tertuliano (200 D.C.) e foi aplicado a qualquer
igreja ou seita que repetisse o ato do batismo para a pessoa ingressante,
oriunda de outras igrejas ou seitas.
Em certos casos, o ato
foi repetido para as pessoas que tivessem renunciado Cristo sob a pressão da
perseguição; em outros, houve re-batismo devido à disciplina frouxa da igreja
ou da pessoa que ministrou o primeiro batismo; e por outras vezes, foi devido à
diferença de doutrina das respectivas igrejas.
Qualquer igreja julgada “irregular”
pelos batistas teria perdido o seu direito divino de ministrar as
ordenanças de Jesus Cristo. Mas nessa época, acima indicada, os reformadores
europeus romperam com o papa, e, embora de primeiro concordando com os
batistas, os reformadores mais tarde resolveriam marginalizá-las e ainda os
perseguir.
Eles (os reformadores)
desejavam estabelecer igrejas nacionais, apoiadas pelo governo e, portanto,
acabaram recuando-se das posições doutrinárias dos batistas. Martinho Lutero,
da Alemanha, ao romper com o papa, pelo ano de 1.520 D.C., traduziu o Novo
Testamento para a língua alemã, no qual a palavra “batizar” foi
traduzida pela palavra, em alemão, “mergulhar”,
e João o batista foi traduzido “João o mergulhador! ” (Orchard,
página 344).
Isso muito ajudou a causa
dos batistas! Nos seus primeiros escritos, Lutero afirmava:
“Não
poderá encontrar apoio nas Escrituras o batismo infantil; Cristo não o
estabeleceu; nem foi inaugurado pelos apóstolos, nem ainda pelos cristãos
primitivos depois dos apóstolos”. (Orchard).
Mais adiante, quando
parecia que os batistas iriam tomar conta do movimento reformador da Alemanha,
Lutero se retratou, e amaldiçoou os batistas por não batizarem os seus filhos
recém-nascidos! Lutero ainda conservaria a doutrina da “consubstanciação”
(Cristo presente literalmente na “hóstia”),
e o sistema católico de culto e de catequismo. Enfim, a única
diferença entre as igrejas luteranas “evangélicas e
reformadas” e as católicas, acabou sendo
somente o seu desligamento da autoridade do papa! Lutero não admitia rival na
liderança da reforma, até brigando com João Calvino (França) Ulrich Züinglio da
suíça, Muncer, Carolostadt, e Melancthon da Alemanha, os quais ele venceu e se
tornou o líder indisputado da grande reforma europeia.
Se não lhe eram
antipáticos os demais líderes da reforma, os batistas lhe causavam verdadeiro
horror! Ele lhes tratava com a mesma severidade e espírito de perseguição aos
quais eles já haviam sido subjugados pelos regimes católicos das épocas
passadas. Milhares de batistas alemães foram mortos através de afogamento na
água (com punição correspondente ao seu “crime” do
re-batismo), e do fogo nas estacas. Outros fugiram para os países vizinhos.
Mosheim (História, capítulo 16, parágrafo 11, página 336) afirma que multidões
deles passaram para Holanda e os “países Baixos”
onde se misturavam com os batistas holandeses, (Orchard, páginas
341-353).
OS
ANABATISTAS DESCENDEM DOS ANTIGOS VALDENSES
A ligação dos anabatistas
deste período com os antigos valdenses torna-se óbvia através de vários fatos
da história. Infelizmente, os que atualmente trazem o nome “valdense”
não podem mais ser identificados com os valdenses (batistas) antigos.
Jarrell cita várias
fontes histórica que afirmam o seguinte: Diz Armitage (página 304):
“Um
grande concílio dos valdenses foi realizado em Angrogna, no estado de Savoy, no
ano 1.532, para o qual os protestantes (reformados) da Suíça enviaram Farel e
Olivetan (dois pastores reformados, colegas de Lutero) e como resultado desse
encontro, os valdenses em parte deixaram a doutrina do batismo só de crentes
adultos, passando a tolerar, e mesmo praticar, o batismo das criancinhas. A
partir dessa data, os valdenses e os protestantes se tornaram único grupo
evangélico unido”.
Roberto Baird afirma que
esse desvio da maioria daqueles ainda chamados de valdenses, da época da
reforma, foi devido à influência dos reformadores, exercida através das suas
escolas teológicas de Genebra e Lausanne (da Suíça) para as quais os valdenses estavam
já enviando seus jovens pregadores e obreiros para serem doutrinados e
treinados para o ministério, os quais levavam de volta para suas igrejas
valdensianas as falsas doutrinas protestantes e católicas, aprendidas nas
referidas escolas.
Felizmente nem todos os
valdenses concordavam com essa união com os protestantes, e esses passavam a
ser chamados de “anabatistas”.
Assim, bem no início da época da grande reforma, encontra-se um grande
número de anabatistas na Europa. Essas igrejas anabatistas não tiveram origem
simultaneamente com as igrejas reformadas; elas já existiam mesmo antes da
grande reforma, e os anabatistas são os legítimos sucessores e continuadores
dos antigos valdenses, assim ficando estabelecida a ligação direta dos
anabatistas com as igrejas fundadas pelos apóstolos do Senhor Jesus Cristo.
Não devemos nos esquecer
do testemunho, frequentemente citado, do historiador insuspeito de favorecer a
causa batista, Mosheim, que defendia com ardor a causa da sua própria igreja, a
luterana, mas que teve a sinceridade, em qualidade de historiador eclesiástico,
de fazer a seguinte concessão espantosa:
A verdadeira origem dos batistas...os quais receberam o estigma do
apelido “anabatista” por
ministrarem de novo a ordenança do batismo para aqueles que
passavam para suas igrejas, está escondida (ou seja, oculta) nas mais remotas
profundezas da antiguidade! (História, volume III, página
320).
Armitage (página 405) diz
o seguinte, a respeito do relacionamento dos valdenses com os anabatistas:
“.... Assim podemos verificar as razões
pelas quais os batistas foram adquirindo o nome de anabatistas em vez de “valdenses”.
Quando Lutero apareceu,
os batistas foram assim incentivados a saírem da sua obscuridade e dos
seus esconderijos, para espalhar a luz do evangelho e para anular o poder das
doutrinas supersticiosas romana. O zelo com que eles defendiam o batismo adulto
(dos crentes), suscitou a oposição do governo, o qual emitia os editos mais
severos contra eles (os anabatistas). Mesmo assim, eles batizaram grande número
de católicos antes que se ouvisse falar em Lutero e na grande reforma!
Normalmente a primeira
pergunta feita pelos inquisidores aos “heréticos”
anabatistas quando sujeitos aos inquéritos católicos,
foi sempre a mesma: “Foi você
re-batizado? ”, o que
demonstra como essa prática do anabatismo já foi muito espalhada...
Durante a grande reforma, segundo diz DE
Hoop Scheffer,
“O
número de valdenses holandeses que se juntou aos anabatistas, foi igual ao que
aderiu ao movimento protestante dos luteranos e dos zuinglianos...”
A essa altura, convém
destacar o testemunho de João T. Chistian (History of the Baptists, volume I,
página 90).
“Em
todos os lugares onde existiam os valdenses da época medieval se encontram os
anabatistas, já bem numerosos na época da grande reforma. O terreno ao longo do
Rio Rino ficou tão bem preparado que um valdense do século quinze da nossa era
podia viajar de Colônia (da Alemanha) a Milão (da Itália) e passar pelo menos
uma noite na casa de um (valdense) irmão na fé. É exatamente nesses lugares que
os batistas florescem durante a grande reforma”.
Christian ainda afirma
que muitos dos destacados pastores anabatistas ou tinham sido como pastores
valdenses, ou tinham sido doutrinados pelos valdenses. Entre esses ele menciona
os seguintes nomes: Hans Koch, Leonardo Meyster, Miguel Sattler, e Leonardo
Kasser, os quais foram mortos pelos protestantes nos anos 1.524 a 1.527 D.C.,
na Alemanha. Em Augsburgo, no ano 1.525, diz Christian, “Havia uma igreja batista de 1.100 membros, da qual Hans Denck era o
pastor. Ele era de origem valdense. Assim também o eram Ludwig Hätzer e Hans
Hut”. Ele menciona os nomes de Leonardo Cheimer e Hans Schaffer entre os
pastores batistas também de origem valdensiana.
Tomás Hermann, o qual, no
ano 1.522, trabalhava como pastor valdensiano, já era pastor de uma igreja
batista quando morto como mártir no ano 1.527. Conrad Grebel, famoso pastor
anabatista da Suíça, foi doutrinado pelos valdenses. Muitas das destacadas
famílias batistas de Hamburgo, Altona, e Emden eram de origem valdensiana. Um
fato também curioso é que muitos dos “sindicatos”
ou “grêmios”
de classe, bem como a maior parte do comércio de tecelagem, o qual
anteriormente estava nas mãos dos valdenses, aparecem em mãos de batistas
na época da
grande reforma.
Todos esses fatos,
documentados por Christian, servem para reforçar a conclusão de que os
anabatistas não eram de origem recente quando surgem Lutero e os reformadores
do século dezesseis.
Christian ainda dá
confirmação da ligação dos anabatistas com os batistas antigos. Ele diz: “Os batistas da grande reforma afirmavam ter
uma origem muito antiga, e reivindicavam para si uma sucessão de igrejas. Saiu
um documento, de autoria anabatista, do ano 1.521, chamado (em latim): “Succedio Ana-baptistica”. O documento alega ser dos irmãos suíços, escrito e dirigido para os
anabatistas holandeses, a respeito da sua origem, um ano antes de 1.522. No
mesmo, eles alegam que “a
verdadeira igreja só existe no meio deles, e que nunca houve tempo que não
existissem igrejas verdadeiras de Jesus Cristo! ”
Van Obsterzee da Holanda
afirma:
“Os
batistas da Holanda...são mais antigos que a grande reforma, e não devem,
portanto, ser confundidos com os protestantes do século dezesseis, porque está
provado que a origem dos batistas é mais antiga e venerável” (Herzog, Real
Encyclopaedie, IX, 346, citado por Christian, páginas 92-93).
Ouçamos
novamente as palavras de Ypeij e Dermout, historiadores holandeses, os quais pertenciam
à igreja
reformada da Holanda, escrevendo no ano 1.819:
“Os menonitas (outro nome para os anabatistas) descendem dos
evangélicos puros valdenses... os quais existiam bem antes de surgir a igreja
reformada da Holanda. Vemos, portanto, que os batistas, antigamente chamados de
anabatistas, são oriundos dos valdenses primitivos...e por isso os batistas
devem ser considerados a única comunidade cristã que tem permanecido desde os
dias apostólicos, e que tem conservado puros as doutrinas do evangelho através
de todos os séculos...isso vem a desmentir a reivindicação católica no sentido
dessa igreja (romana) ser a mais antiga! ” (Citado por
Christian, página 96 do volume I).
Christian acrescenta que o governo da
Holanda Ofereceu aos batistas, por causa desse testemunho, seu apoio oficial e
financeiro, o qual foi cortês, mas firmemente recusado pelos batistas por
contrariar o conceito batista da total separação de igreja e estado.
1)
Desde
que data o nome anabatista aparece na história?
2)
Verdadeiro
ou Falso: Lutero, no início, se simpatizava com as doutrinas batistas.
3)
Por
que motivo Lutero se recusou e começou a perseguir os batistas?
4)
Qual
a fonte da corrupção que aparece na doutrina dos valdenses na época de Lutero?
5)
O que
Mosheim diz para confirmar a antiguidade dos anabatistas?
6)
Qual
o fato, a respeito de muitos pastores anabatistas, que tende a confirmar a
ligação dos anabatistas com os valdenses?
7)
Qual
o documento escrito pelos anabatistas suíços comprovando sua antiguidade?
8)
Cite
as palavras de Van Doesterzee a respeito da origem dos batistas.
9)
Verdadeiro
ou Falso: Ypeij e Durmout afirmam que os batistas haviam surgidos na época da grande
reforma protestante.
10)
Qual
foi o efeito, com respeito ao governo holandês, da declaração de Ypeij e
Durmout?
OS ANABATISTAS
(Do ano 1.500 d.C. ao ano
1.600 d.C.) [continuação]
INTRODUÇÃO
No último título
demonstramos a ligação históricas dos anabatistas com os antigos valdenses. Os
que querem datar a origem dos anabatistas da Grande Reforma de Lutero e Calvino
se esbarram no fato de os mesmos encontrarem igrejas batistas já formadas e com
suas doutrinas bem definidas e seu regime interno já aperfeiçoado, existindo em
grande número quando eles iniciam seu movimento de reforma.
A reforma das igrejas
reformadas (Luterana, calvinista, zuingliana etc.) demorou de 25 a 50 anos. Se
os batistas começaram na mesma época, como se explica a existência de igrejas
formadas e funcionais desde o início da reforma? É uma pergunta que nenhum
historiador até hoje consegue responder sem admitir que os batistas tenham
ligação com os valdenses anteriores a essa época.
II. OS
ANABATISTAS BATIZAVAM POR IMERSÃO
William (Guilherme) R.
Estep (“The Anabaptist Story”) escritor
de tendência decididamente ecumênicas, embora professor “batista”
do seminário batista de Fort Worth, Texas, E.U.A., afirma que o
anabatismo europeu começou na casa de Felix Manz de Zurique, da Suíça, na noite
de 21 de janeiro de 1.525, quando ele, junto com Conrado Grebel, Jorge
Blaurock, e outros foram batizados por aspersão, um batizando o outro (páginas
10-11).
Mais adiante na sua obra, ele (Estep) se
contradiz, ao dizer em uma anotação: “Zuinglio
considera Grebel o líder mais importante do movimento anabatista..., mas isso
não quer dizer que Grebel deve ser considerado o fundador dos anabatistas. Não
se pode afirmar que os anabatistas tivessem um fundador...” (página 38). Com
esta última afirmação estamos de pleno acordo! Os anabatistas não tiveram um
fundador humano. Suas origens podem ser traçadas desde os próprios apóstolos.
Eles não são filhos da Grande Reforma! ”
John T. Christian
(History of the Baptists, páginas 116-119) explica o caso da narração acima
referida, como sendo baseada em uma “crônica moraviana”,
qual documento não é muito digno de confiança. E mesmo se fosse
verdade, Grebel e os colegas mencionados, tinham-se, havia poucos dias,
separado do Zuinglio justamente porque este não queria abandonar o batismo
infantil. Pode ser que eles, convictos do “batismo de crentes
adultos somente” pensavam corrigir-se da maneira indicada na “crônica
moraviana”.
Muitas vezes as pessoas,
vindas do catolicismo, passavam por “estágios”
para o anabatismo, finalmente encontrando a verdade. Do catolicismo,
Grebel e outros passariam primeiramente para a doutrina de Zuinglio e Lutero;
depois, aceitaram o batismo batista e se tornaram destacados pastores
anabatistas da época.
A história nos diz que
apenas três meses depois do seu suposto “batismo por imersão”
acima indicado, Grebel se encontra na cidade de Schaffhausen (no mês
de março de 1.525). Lá ele “instruiu
Wolfgang Ulimann tão bem no conhecimento do anabatismo, que este lhe pediu o
batismo, mas não de uma taça de água! Logo Grebel o mergulhou e o cobriu com as
águas do Rio Reno”.
Estas são as palavras de
um pastor de igreja reformada de Lutero, pelo nome Kessler, na sua obra, “Sabatta”,
II, página 266, citado por Christian. Isto prova que Grebel costumava batizar
por imersão segundo o costume anabatista.
Segundo Van Braght
(Martirologia dos anabatistas, I, 7), Grebel e seus colegas eram chamados de “mergulhadores”
e “afogadores”
pelos protestantes reformadores da Suíça. No mesmo mês, Grebel voltou
para São Gall e lá batizou por imersão (ainda segundo o pastor luterano
Kessler) centenas de convertidos no Rio Sitter, o qual se encontra uns cinco
quilômetros distantes da cidade, provando conclusivamente que eles foram
batizados por imersão (caso contrário, para que procurar o rio fora da
cidade?).
A igreja anabatista (batista)
de São Gall logo chegou a ter 800 membros! Lá mesmo saiu-se um dos primeiros
editos do governo contra os “mergulhadores”.
Como os batistas submergiam seus candidatos, e isso lhes era atribuído
como crime, deveriam ser submergidos e mortos afogados como punição. Em
Zurique, investigados por Zuinglio, o Concílio da cidade (o corpo governante)
determinou: “Aquele que imerge será imerso (“afogado! ”).
(Christian, página 122). Isso é uma prova incontestável que os
batistas tinham o costume de batizar somente por imersão! Grandes números de
batistas foram mortos de acordo com essas leis dos governos “protestantes,
reformados, e evangélicos” de Zuinglio da Suíça e Lutero da
Alemanha.
Entre os mártires foi
executado Felix Manz, grande pregador e pastor anabatista. Foi condenado diante
do tribunal como “herético”
no dia 5 de janeiro de 1.527. Foi conduzido até o rio, onde foi
colocado dentro de uma pequena embarcação. Ele ficou louvando a Deus
audivelmente, pelo privilégio de morrer pela verdade. Seu irmão e sua mãe
chegaram perto e o exortava para que não recuasse, e sim, ficasse firme até à
morte! Ao ser jogado para a água, no meio do rio, foi ouvido cantando as
palavras de Cristo: “In manus tuas, Domine, commendo
spiritum meum”. (“Nas tuas mãos, Senhor,
recomendo (entrego) o meu espírito”). (Christian,
páginas 123-124).
Outra prova da imersão
dos anabatistas é o fato de serem chamados, além de anabatistas (rebatizadores),
pelos nomes catabatistas. A palavra grega significa os que imergem. É o mesmo
que a simples palavra “batista”, mas,
com a preposição intensificadora “cata”,
que significa “em baixo”...os
que põe a pessoa em baixo das águas, ou seja, os que mergulham o corpo
completamente! (Christian, página 109).
Por vezes os documentos
que nos trazem a história desses tempos mencionam batistérios usados pelos
anabatistas que eram um tipo do “casco”, ou “tina”, e disso alguns
historiadores modernos se esforçam por provar que os anabatistas batizavam por
aspersão seus candidatos em casas particulares, em receptáculos especialmente
preparados para essa finalidade. Como muitos dos batismos eram realizados em
segredo, por causa da perseguição, certos, irmãos abriam suas casas para os
cultos, e preparavam esses “batistérios”
para facilitar os batismos. Mas a palavra traduzida por “casco”,
ou “tina”, não significa apenas um
pequeno “barril”, ou “balde”,
e sim um receptáculo do tamanho de um tanque grande, em que tanto o
ministrante como o candidato podiam descer para efetuar-se a imersão total do
batizando. Aí não se encontra nenhuma contradição às afirmações acima
mencionadas. (Christian, página 112; Jarrell Baptist Perpetuity, páginas 198
ss.).
Jarrell cita um historiador antigo de
Augsburgo, pelo nome Sender, que diz:
“A
seita (os anabatistas) odiada se reunia durante o ano de 1.527 nos jardins das
casas, e homens e mulheres, ricos e pobres, mais de 1.100 ao todo, foram
rebatizados. Eles se vestiam de roupas especiais para a ocasião, e nas casas
eles tinham seus batistérios sempre havia roupas preparadas para o batismo”.
III. A
ECLESIOLOGIA DOS ANABATISTAS
Apesar do Estep ser um
batista “tipo ecumênico”, na sua obra, “The Anabaptist Story” ele
trata com sinceridade a maior parte do material histórico a respeito desse
povo. Ao comentar o que os anabatistas criam a respeito da doutrina da igreja,
ele afirma: “O anabatismo não se interessava pelo conceito da igreja universal e
invisível”. (Obras citada, página 181).
Ele cita os escritos de
Dirk Philips, destacado pastor anabatista:
O
nome “igreja” ou
“congregação” indica...a igreja visível, pois a
palavra (grega) é Eclésia,
e significa: um ajuntamento ou a congregação de um grupo de pessoas...
Ele ainda cita o historiador dos
anabatistas, Bender, que diz: “O movimento anabatista original rejeitava a ideia
de uma igreja invisível, qual foi inventada por Lutero, e ensinava que uma
igreja (congregação) local será tão visível quanto um crente individual, e que
o caráter de tal congregação cristã deverá ser manifesta”.
Eles acreditavam que a
ordem bíblica para se tornar membro da verdadeira igreja de Jesus Cristo é a
seguinte: ouvir a Palavra, arrepender-se, crer, confessar sua fé publicamente
diante da igreja local, e ser batizado por imersão.
Hubmaier, grande pastor
anabatista, enfatiza muito esta ordem nos folhetos e livrinhos publicados por
ele durante o seu ministério. Hubmaier, Mantz, Grebel, Pilgram Marpeck, e a
maioria dos demais pastores anabatistas, tanto suíços como alemães e
holandeses, selaram seu testemunho e ministério, no qual literalmente milhares
e milhares foram batizados e unidos às igrejas anabatistas, com o derramamento
do seu próprio sangue. Muitos morreram depois de serem horrivelmente
torturados. Foram desprezados e perseguidos, tanto pelos católicos, como pelos
reformadores, por causa da sua posição sobre a doutrina da salvação pela graça,
seu desprezo pela missa e pelo batismo infantil, demonstrado pela prática do
batismo bíblico e da ceia bíblica; também pela recusa de pegar nas armas para a
guerra, ou mesmo para se defenderem.
Um dos pastores de maior
influência foi Menno Simons, o qual foi convertido do sacerdócio da igreja
romana. Ele espalhou o anabatismo por muitos países, e muito ajudou a causa,
tanto externa como internamente. Ele era muito hábil nas Escrituras, muito
erudito, e muito cheio dos frutos do Espírito Santo. Ele conseguiu sarar muitas
divisões entre os irmãos, e definir bem as doutrinas fundamentais batistas,
escrevendo largamente. Os anabatistas ganharam o nome “mennonitas” dele, mas
foi ele quem aceitou o batismo dos anabatistas, e simplesmente se tornou um dos
seus pastores muito bem-sucedidos. Os que hoje trazem esse nome (mennonitas)
não são mais aderentes das doutrinas dele em muitos pontos; os menonitas atuais
aceitam o batismo infantil e não mais praticam a imersão para o batismo, senão
aspersão.
Encerramos com um resumo do movimento
anabatista, dado por Christian (páginas 103-104):
“Os
reformadores pretendiam reformar, pela Bíblia, a Igreja Católica Romana, mas os
batistas voltavam diretamente para a época apostólica e aceitavam somente a
Bíblia como regra de fé e prática. Os reformadores queriam fundar igrejas
estatais (oficiais do governo), as quais abrangeriam todos os cidadãos e suas
respectivas famílias, mas os batistas insistiam no sistema voluntário, com
congregações de crentes batizados, separados do mundo e do estad” (shaff, History
of the Christian Church, VII, 72).
Os
anabatistas pregavam o arrependimento e a fé, organizavam congregações locais.
Eram inteiramente ortodoxos nos artigos da fé cristã.... Os batistas não
achavam nenhum indício do batismo infantil na Bíblia, e o denunciavam como
doutrina inventada pelo papa e pelo diabo. O batismo, eles falavam, pressupõe
instrução (no evangelho), a fé, e a conversão, as quais são impossíveis aos
bebês... O batismo voluntário de adultos e convertidos responsáveis e,
portanto, o único batismo válido. Eles negavam que o batismo seja necessário
para a salvação, e afirmavam que os bebês são salvos pelo sangue de Cristo sem
o batismo. (Confissão de Augsburgo, parágrafo IX).
Mas afirmavam que o
batismo seja necessário para se tornar membro da igreja, e como sinal visível
da conversão. “Dessa doutrina do batismo
segue-se que todos querendo unir-se aos batistas de outras seitas e igrejas
teriam que submeter-se ao “re-batismo”
batista. Essas duas ideias: uma igreja pura só de crentes, e o batismo de
crentes somente, foram as crenças básicas do credo batista.
A
administração dos negócios da igreja local era muito simples. Através do
batismo, o crente era recebido na comunhão dos membros. Cada igreja tinha seu
líder, chamado “ensinador” ou
pastor, o qual era eleito pela própria congregação. Se ele fosse removido
através da morte ou perseguição, outro obreiro era imediatamente eleito para
substituí-lo. Além dos pastores, haviam pessoas escolhidas para cuidar dos
membros necessitados e obreiros competentes eram mandados para o campo como
missionários. Os deveres do pastor eram os de exortar, ensinar, dirigir os
cultos, ministrar a ceia, representar a igreja no ato de exclusão de membros da
comunhão da igreja. Aos domingos, a igreja se reunia para a leitura da palavra
de Deus, para a exortação mútua, e a edificação na doutrina de Cristo. De
tempos celebrava-se a ceia do Senhor, a qual eles chamavam de “O partir do pão” (Cornélio, II,
página 49).
Ao lermos de várias
fontes, muitas das quais nos falta tempo e espaço para incluir nesta obra, o
batista atual se convence que os verdadeiros anabatistas da Europa eram,
realmente, os nossos antepassados espirituais e doutrinários. Não nos
envergonhamos de nos identificarmos com eles. Convém mencionar a rebelião de Munster
da Alemanha, do ano 1.534, a qual tem sido atribuída aos anabatistas. Somente
queremos dizer que a rebeldia contra o governo civil da Alemanha foi liderada
por pessoas de orientação mais política do que religiosa. E que os anabatistas
verdadeiros nada tinham a ver com a mesma. Os batistas não pregavam a revolução
civil, em tempo nenhum, e durante essa época (1.500 a 1.600 D.C.) eram
decididamente “pacifistas”.
Em várias reuniões de
confraternização, os líderes anabatistas condenaram os “homens
loucos de Munster” e publicamente se
livraram de qualquer responsabilidade quanto ao acontecido. Entre a “guerra
dos camponeses” e a referida rebelião de Munster,
pela ordem pessoal de Lutero, houve 100.000 mortes. O mais destacado líder dos
revolucionários foi certo pastor luterano, Bernardo Rothmann, e não algum
anabatista. Martinho Lutero pessoalmente assumiu por todas essas mortes. Disse
ele:
“Eu,
Martinho Lutero, derramei o sangue dos camponeses rebeldes; pois fui eu quem
deu ordens para que fossem mortos. O sangue deles está, sim, sobre a minha
cabeça, mas por outro lado, e o coloco em cima do Senhor Deus, pois foi pelo
mando Dele que eu ordenei a morte deles! ” (Luther, table talk, página 276). [Citado
por Christian, página 156].
Os anabatistas já ficaram
totalmente isentos de qualquer ligação com os “anabatistas fanáticos”
de Munster, através do testemunho de centenas de historiadores. Em
todas as épocas, sempre havia muitos que queriam o nome, mas não a fé, o
testemunho, e a doutrina dos batistas.
1)
Qual o fato citado na introdução para provar a
antiguidade dos anabatistas?
2) Qual a ocasião
citada por Estep como sendo o início dos anabatistas? Ele estará certo ou
errado?
3) Como explica
Christian o caso do falso batismo do Grebel?
4) Como sabemos que
Grebel batizava por imersão os candidatos de São Gall?
5) Falso ou
Verdadeiro: A mãe de Felix Manz tentou salvar a vida do seu filho da morte de
mártir.
6) Como prova a
imersão o apelido “catabatista”?
7) Comente os
batistérios particulares dos anabatistas.
8) Como encaravam
os anabatistas a doutrina da “igreja universal e invisível”?
9) De onde ganharam
os anabatistas seu apelido de “menonitas”?
10) Verdadeiro ou
Falso: O mais destacado líder dos “fanáticos de Munster” era um
anabatista.
OS BATISTAS BRITÂNICOS
Os batistas da Grã-Bretanha, entre os quais a
maioria dos batistas das Américas encontra suas raízes, apresentam duas
linhagens ou origens. Esses batistas não tiveram sua origem na dita “grande
reforma” de Martinho Lutero, nem durante os dias em que a
igreja Anglicana, ou seja, a Igreja da Inglaterra se formava.
O rei Henrique VIII da Inglaterra separou-se da
Igreja Católica Romana no ano de 1.534 d.C., criando assim mais uma denominação
distinta. Diz Barclay, um historiador Quacker (Quacre) (citado por Christian,
página 174), e existem bons motivos para se crer que na Europa muitas
sociedades ocultas, as quais defendiam as opiniões dos anabatistas, têm
existência desde os tempos dos apóstolos.
No sentido da transmissão direta da verdade
divina e da natureza da religião espiritual, é muito provável que essas igrejas
(anabatistas) têm uma linhagem sucessão mais antiga do que a da Igreja Romana
(Braclay, The Inner life of the Religious Societies of the Commonwealth, página
12).
A primeira dessas linhagens doutrinária descende
diretamente dos trabalhos dos apóstolos ou pessoas batizadas por eles que
pregavam e organizaram igrejas nas ilhas da Grã-Bretanha já no primeiro século
da nossa era. Davis (History of the Welsh Baptists, página 6), bem como outros
historiadores, afirma que os primeiros cristãos batistas britânicos eram
Cláudia Rufina, filha de um rei galês, e seu marido Púdens (II Timóteo 4:21),
os quais levariam o Evangelho de Roma para Gales. Alguns afirmam que o próprio
apóstolo Paulo chegou a pregar o Evangelho e estabelecer igrejas na Grã-Bretanha.
Certo monumento de pedra, com inscrição escrita
em galês (o idioma de Gales), o qual foi descoberto há 200 anos, diz que Paulo
visitou e pregou no país de Gales (Davis, página 179). O santo padroeiro do
país da Irlanda, o “São Patrício”,
foi evidentemente batista na sua fé e prática. Ele batizou mais de
120.000 pessoas na Irlanda e na Escócia, e formou muitas igrejas lá nos fins do
quarto século da nossa era. Eram igrejas batistas e não católicas! (Christian,
Volume I, página 178). Ele não acreditava no purgatório, batizava por imersão
somente crentes confessos (nada de bebês), consagrava pastores segundo a ordem
dos batistas, e não acreditava na doutrina da missa, crendo ao contrário, que a
ceia é simplesmente um memorial, não um sacramento.
Austin (Agostinho) foi enviado por Gregório
(bispo de Roma que governava um pouco antes do primeiro verdadeiro papa,
Bonifácio III, a fim de evangelizar os pagãos e converter os bretões em
cristãos católicos, no ano de 597 d.C. (Christian, volume I, página 178). Ele
conseguiu converter o rei saxão Etelberto para o catolicismo, e batizou junto
com 10.000 dos seus súditos no Rio Swale. Para facilitar a “conversão”
dos bretões, o bispo Gregório havia instruído ao Austin para que este
não modificasse de todo a religião pagã original. Deveria somente converter
seus costumes e templos em ritos e lugares sagrados, com sentido “cristão”,
de acordo com essas instruções, os seus templos seriam consagrados com
“água benta”, e seriam edificados
altares dentro, nos quais seriam colocadas as relíquias dos “santos”
católicos, e ao povo seria permitido a continuar seu costume de
sacrificar animais, só que isso seria doravante feito em homenagem a Cristo!
Assim os pagãos não ficariam espantados por mudanças radicais, e seriam mais
facilmente induzidos a aceitar a “nova religião cristã”.
Muitos cristãos britânicos, porém, encontrados lá
por Austin, não o aceitavam com missionário, e não queriam reconhecer a
autoridade do bispo Gregório de Roma. Eles não aceitavam “romanizar” a sua
fé e prática pura e apostólica. Austin então lhes ofereceu uma espécie de “meio-termo”:
seria permitido que eles continuassem nos seus costumes primitivos em
todos os demais pontos, se estivessem dispostos a aceitar as seguintes três
propostas:
1)
Inaugurar o batismo dos seus filhinhos (o que
prova que até essa data, os cristãos da Grã-Bretanha tinham conservado pura a
doutrina dos apóstolos e eram batistas na prática do batismo por imersão só de
crentes confessos);
2)
Observar o costume romano da páscoa (o que prova
que eles também não tinham o costume de observar “dias santos”); e
3)
Unir-se à Igreja Católica para juntos pregarem
aos saxões, invasores das ilhas britânicas, os quais eram na sua maioria ainda
pagãos e idólatras (o que foi o primeiro esforço “ecumênico” de
unificação).
Os
cristãos britânicos recusaram a aceitar essas propostas. Austin muito furioso,
pediu a Etelberto, rei saxão, que destruísse esses “heréticos”,
o qual foi realizado com zelo. Em seguida, os batistas fugiram para os
distritos montanhosos de Gales. Novecentos anos mais tarde, quando se iniciou a
Grande Reforma na Inglaterra, os batistas se encontravam muito numerosos
naquelas regiões. Várias igrejas batistas galesas eventualmente imigraram para
a América do Norte. Uma delas foi a Igreja Batista “Welsh-tract”
(distrito dos galeses) de Pensilvânia.
A
segunda linhagem dos batistas britânicos pode ser traçada através dos batistas
(anabatistas) europeus que imigraram para Grã-Bretanha. (Christian, volume I,
página 182). No ano de 1.154 um grupo de alemãs (paulicianos, ou batistas)
imigrou para Inglaterra, saindo da Alemanha por causa da perseguição. Uma
porção deles se estabeleceu em Oxford, William (Guilherme) Newberry conta do
castigo terrível dado ao pastor Gerhardo e seu povo.
Seis
anos mais tarde, outro grupo de paulicianos chega a Oxford. O rei Henrique II
manda que eles sejam marcados a ferro quente nas suas testas e publicamente
açoitados pelas ruas da cidade, com suas roupas cortadas à altura da cintura, e
forçadas a saírem para o campo aberto. As vilas não deveriam lhes oferecer nem
abrigo, nem alimento, e eles sofrerem a morte lenta do frio e da fome. (Moore, Earlier and Later Nonconformity in Oxford, 12,
citado por Christian, página 182).
Walter
Lollard, holandês muito eloquente por sinal, chegou a Inglaterra durante o
reinado do rei Eduardo III (século doze). Diz Fuller (citado por Christian,
página 183): “Ele veio do meio dos valdenses, entre os quais ele era um pastor”.
Seu ministério foi tão bem-sucedido que Knighton, historiador inglês,
afirma que “mais que a metade do povo da
Inglaterra, dentro de poucos anos, se tornou lolardos (batistas) ”. Eles
andavam afixando um número de teses nas portas de várias igrejas (catedrais
católicas) que denunciavam a vida escandalosa dos padres romanos e o erro das
suas doutrinas com respeito aos “sacramentos”
(Christian, página 184).
Trezentos
anos mais tarde, Lutero iria imitar os lolardos ao pregar sua famosa tese de 95
itens na porta da igreja de Wittenburg. Assim se vê que os batistas já existiam
por toda parte muito tempo antes de Lutero! Entre os batistas que se tornaram
bem conhecidos na Inglaterra como resultado do trabalho dos lolardos, foi João
Wyclif (1.371 d.C.), o qual fez uma tradução para o inglês popular da Bíblia.
Ele foi,
por isso, posteriormente condenado à morte. Christian na página 187 cita Hook
(Lives of the Archbishops of Antebury, volume 123), que diz que os lolardos
mais tarde se uniram aos anabatistas. Os lolardos continuaram até a Grande
Reforma (Mosheim, Institutes of Ecclesiastical History, III, 49).
Outro
grande batista da Inglaterra antes dos tempos de Lutero e a Grande Reforma foi
William Tyndale (1.484-1.536 d.C.) o qual também traduziu a Bíblia para o
inglês do povo comum. Tornou-se também um dos mártires batistas ingleses. Na
época da reforma, surgiam muitas novas seitas. Entre elas, haviam pessoas que
saíram do catolicismo e também não queriam nada com as igrejas dos
reformadores. Eram chamados de “independentes”.
Alguns
crentes de Londres, ao estudarem o Novo Testamento, chegaram à conclusão de que
precisavam do verdadeiro batismo bíblico. Como não tinham conhecimento da
existência dos batistas em outras partes da Inglaterra, esses irmãos resolveram
mandar um do seu grupo, Ricardo Blount, para Holanda, onde ele foi recebido e
batizado por imersão por João Batte, pastor de uma igreja anabatista holandesa.
Ao voltar para Londres, Blount batizou Samuel Blacklock e os dois batizaram
mais 53 irmãos, dos quais se formou uma igreja batista, pela autorização da
igreja anabatista de Amsterdã, da Holanda. (Crosby, History of the English
Baptists, volume I, páginas 100-103).
Os
batistas ingleses acreditavam na necessidade de uma sucessão de igrejas desde
os apóstolos em diante. Afirma-se, por alguns historiadores, que os batistas
derivam sua origem de um certo inglês, João Smyth, e do seu discípulo, Tomás
Helwys. Os dois foram “seekers”
(os que procuram a verdadeira igreja por julgarem que a igreja cristã
ficou totalmente deturpada). Eles se batizaram mutuamente e formaram uma igreja
inglesa na Holanda, para onde haviam fugido da perseguição na Inglaterra. A
verdade é que a igreja deles nunca foi batista, e que nenhuma igreja batista
posterior deriva sua origem e seu batismo desse movimento. Portanto, cai por
terra a teoria de que se os batistas têm uma origem “humana”
igual às demais seitas e denominações que surgiram na Grande Reforma!
1)
O que é que Barclay diz sobre a sucessão das
igrejas anabatistas com relação à da igreja romana?
2)
Verdadeiro ou Falso: Os batistas existem na Grã-Bretanha
desde o primeiro século da era cristã.
3)
Verdadeiro ou Falso: “São Patrício”, padroeiro
da Irlanda, foi um batista.
4)
De que maneira ficou facilitado a “conversão”
ao cristianismo (católico) dos pagãos da Grã-Bretanha?
5)
Quais as três propostas aos batistas britânicos
feitas por Austin?
6)
Qual o resultado da recusa dessas propostas pelos
batistas?
7)
Quem foi Walter Lollard? Qual o nome dado aos
seus “seguidores”?
8)
Quais os nomes de dois batistas ingleses famosos,
antes da Grande ReformComo resolveram os crentes de Londres o problema de
obter-se o batismo bíblico e autorização bíblica?
9)
Verdadeiro ou Falso. Muitos batistas têm sua
origem da igreja de João Smyth.
OS BATISTAS BRITÂNICOS
DÃO ORIGEM AOS BATISTAS AMERICANOS.
II. AS PERSEGUIÇÕES DOS BATISTAS DA GRÃ-BRETANHA.
Como foi
no caso dos seus antecessores (isto é, os anabatistas europeus, os valdenses,
os paulicianos, os donatistas etc.), os batistas britânicos sofreram muito da
religião dominante, a qual não vacilava em investigar o poder político para
tentar liquidar os batistas e suas doutrinas neo-testamentárias.
Desde a
época de Austin, vimos os batistas sendo perseguidos, torturados, e mortos,
através dos séculos da história britânica. Todas essas perseguições eram
investigadas pela Igreja romana, a qual dominava as Ilhas Britânicas da época
de Austin (600 d.C.) até o rei Henrique VIII (1.509 d.C.). A partir do momento
em que ele rompeu relações com a igreja romana para poder casar-se com a Ana
Bolyne, divorciando-se da primeira esposa, Caterina, declarando-se
posteriormente o chefe da Igreja Anglicana (ou seja, a da Inglaterra), os
batistas continuaram a sentir a mão pesada do banimento, do confisco das suas
propriedades, da destruição dos seus templos, das torturas, das prisões, e das
mortes. Henrique, secundado por seu homem forte, o arcebispo de Cantebury,
William (Guilherme) Warham, prosseguiu no seu propósito de destruir o último
vestígio da doutrina batista.
Ficou
lavrada na história que vários batistas foram levados presos para comparecerem
diante do arcebispo em Knoll, no dia 02 de maio de 1.511. Eles afirmavam sua fé
e doutrina, contrárias às católicas e às anglicanas (as quais pouco modificadas
das católicas). Como temos o registro das acusações feitas contra eles, em que se
afirma que negavam o poder dos padres para perdoar pecados, a inutilidade da
missa e das imagens, que o pão da “eucaristia”
era só pão mesmo, e a água benta do batismo continuava sendo simples
água, e mais outros pontos contrários à doutrina da igreja anglicana, sabemos
que eles eram batistas.
Como
João Smyth aparece somente no final daquele século (cerca de 1.600 d.C.),
notamos que havia batistas na Inglaterra 100 anos antes desse suposto “fundador” dos
batistas! Vários deles foram mortos nessa ocasião, queimados por “heresia”,
entre os quais, Alice Greville, Simon Fish, e James Bainham. Essas pessoas
eram envolvidas em atividades de imprimirem livrinhos e os escritos que
espalhavam doutrinas batistas. Eles acreditavam que somente crentes deviam ser
batizados, membros de uma igreja visível, e admitidos para a ceia do Senhor.
Várias
leis foram promulgadas sob o reinado de Henrique, as quais condenavam à morte
quem praticasse o “re-batismo”
(anabatismo). O arcebispo Latimer (famoso na história inglesa)
escreve. Amônio “Os anabatistas que foram
queimados em várias cidades da Inglaterra, ouvi dizer de homens dignos de
confiança, foram para sua morte com coragem, sem qualquer medo, até com
alegria. Então, que morram assim mesmo! ” Escreveu, em 1.531, para Erasmo,
reformador europeu, que tantos anabatistas foram queimados vivos na Inglaterra
nessa época, que:
“O preço da lenha para nossas casas subiu
bastante por causa dessas fogueiras, mas assim mesmo, os anabatistas continuam
a crescer muito! ”
“Vossa Senhoria tem razão em estar nervoso com
esses heréticos por estarem encarecendo o preço da lenha, visto que está bem
iminente o inverno! ”
Essa
brincadeira mostra um senso de humor bem pervertido!
O rei
Eduardo VI seguiu Henrique, e foi tão zeloso pelo extermínio dos batistas
quanto o seu predecessor. Seu reinado foi de 1.547 a 1.553. Ele fazia
cumprir-se as leis baixadas contra os batistas. As outras seitas dissidentes
ficaram em segurança e não foram perseguidas, mas os batistas foram excluídos dessa
proteção! Dois batistas foram queimados vivos durante o reinado dele. Mesmo
assim, os batistas se multiplicaram por todas as Ilhas Britânicas.
Como
alguns historiadores afirmam que a primeira igreja batista inglesa começou em
Londres depois do ano de 1.600 d.C., é interessante citar o testemunho do bispo
de Londres, João Hooper, o qual escreve no ano de 1.549: “Os anabatistas chegam em grandes levas aqui em Londres, e me dão muito
trabalho! ” (Christian, páginas 189-197). Nessa época, João Calvino (da
França) começou a exercer muita influência na Inglaterra. (A igreja
presbiteriana, fundada por ele, se tornou, por pouco tempo, a religião oficial
da Inglaterra).
Ele escreve para o Lorde
Protetor Somerset em 1.548 d.C.:
“Os
anabatistas devem ser executados com a pena de morte. Eles merecem ser punidos
pela espada porque conspiram contra Deus...” (Christian, páginas 198-199).
A
primeira pessoa a ser queimada nesse reinado foi Joana de Kent, membro
influente da igreja batista de Eythorne (Evans, The History of the English
Baptists, volume I, página 72, citado por Christian, página 199). Era uma
mulher nobre e rica, e uma crente batista zelosa e consagrada. Foi queimada na
estaca no ano de 1.549.
A rainha
católica, a Maria “Sanguinária”,
a qual procurava estabelecer novamente a igreja católica na
Inglaterra, durante os 5 anos do seu reinado (1.553 a 1.558) determinou matar
todos os “heréticos”, tanto de batistas como
dos reformados. Não se sabe quantas centenas de batistas morreram sob o seu
reinado. A rainha Elizabete, a qual reinou até 1.603 d.C. apesar de ter voltado
ao poder a igreja anglicana, continuou a perseguição dos anabatistas. Nessa
época nasceu a Igreja Congregacional (os puritanos), dos quais era a colônia de
ingleses que viajaram no navio “Mayflower”
e fundou a colônia de Plymouth, a primeira do que seria chamado de
estado de Massachusetts. Essa igreja aprendeu o sistema de regime
congregacional dos batistas de Norwich, Inglaterra, e foi fundada essa igreja
dos “independentes” por Roberto Browne, mas
esses puritanos ao chegarem até a América não admitiam a liberdade religiosa, e
perseguiam até a prisão e muitas como veremos adiante.
O rei James I (1.603 a
1.625) continuou a perseguição aos batistas, e mesmo assim, sob o seu reinado,
o número dos batistas da Inglaterra foi calculado em 10.000 e Omerod, página
1.605, diz: “O seu número cresce a cada
dia que passa em todos os lugares” (Christian, página 217).
IV. OS BATISTAS INGLESES CHEGAM À AMERICA DO
NORTE
Muitas pessoas de várias
crenças religiosas saíram da Inglaterra, imigrando para as novas colônias
inglesas da América do Norte. Entre elas foram muitos batistas. Na colônia
puritana de Massachusetts, Cotton Mather (famoso pregador congregacional,
caçador de bruxas, etc.) afirma:
“Muitos dos primeiros pioneiros de Massachusetts
eram batistas, eles eram tão santos, vigilantes, fiéis, e consagrados quanto
aos adeptos de qualquer outra seita, talvez superando a todos! ” (Magnália, II,
459, citado por Christian, página 359).
A
palavra “anabatista” para os primeiros colonizadores da América
tinha certa implicação de fanatismo até o ponto de rebeldia civil. A difamação
de todos os anabatistas, sem nenhuma distinção, que surgiu por causa dos
verdadeiros fanáticos de Munster, da Alemanha, 100 anos antes, ainda persistia
na mente dos homens. Por isso em todas as 13 colônias, menos uma (a de Rhode
Island), os batistas encontraram a perseguição. Mencionaremos alguns detalhes
mais adiante. Enquanto isso chega a Massachusetts Roger Williams, um anglicano
que tinha se tornado um “seeker”,
buscando a verdadeira igreja de Cristo. Ele estava bem inclinado para
o lado dos batistas, e muito zeloso na defesa dos direitos de todos de
praticarem sua religião sem incomodados pelas autoridades. Tanto é que ele
acabou lavando a fama de ser o primeiro a defender a total liberdade de
religião, e total separação do estado e da igreja, como se os batistas dos
séculos anteriores tivessem derramado seu sangue sem nenhum motivo! Pelo
contrário, Roger Williams havia aprendido essa doutrina dos batistas ingleses
antes de sair da Inglaterra, o que ele fez no ano de 1.631. Ele ajudou a fundar
a colônia de Rhode Island, a primeira a garantir os direitos de culto para
qualquer grupo ou seita. Mas ele não chegou a se unir com os batistas. Ele
acabou batizando-se a si mesmo e mais 11 pessoas, e fundando uma igreja “por
conta própria” na cidade de Providence, Rhode Island, no de
1.639. Muitos historiadores, até de nome batista, caíram no engano de supor que
esta fosse a primeira igreja batista da América do Norte, e que a causa batista
teve sua origem com Roger Williams. Muito pelo contrário, esta igreja durou
apenas quatro meses, de modo que nenhum batismo e nenhuma igreja batista acha
sua origem com esta igreja! (Cotton
Mather, citado por J.R. Graves, “The
first Bapstis in America”,
página 36).
A igreja
batista de Providence, que ainda existe, realmente iniciou-se anos mais tarde,
no ano de 1.652, 13 anos depois de Roger Williams, e foi organizada e
pastoreada por três pastores batistas: Charles Brown, Wickenden, e Dexter. O
motivo por que a igreja organizada (realmente “fundada”) por
Williams acabou sendo desfeita foi o próprio Williams “deixou os batistas e tinha declarado
publicamente que não existia nenhuma igreja nas colônias que tinha autoridade
para ministrar as ordenanças, apesar dos batistas chegarem mais próximos à
igreja verdadeira! ” (Dr. Adlam, citado por Graves, página 35).
Se não
foi Roger Williams, quem foi o primeiro a organizar uma igreja batista no
continente novo da América do Norte? Foi João Clarke, o qual chegou da
Inglaterra e organizou a igreja batista de Newport, Rhode Island, no ano de
1.638, um ano antes da igreja “espúria”
de Roger Williams (Graves, página 13).
Diz
Christian, volume I, página 374- 375):
“Os batistas da América não têm sua origem em
Roger Williams. Benedict, página 364, menciona o nome de cinquenta e cinco
igrejas batistas, inclusive do ano de 1.740, na América, e nenhuma delas saiu
da igreja de Roger Williams fundou em Providence”. J.P. Tustin
(Discourse Delivered...”, página 38)
Diz o
seguinte sobre a origem das primeiras igrejas batistas da América:
“E um fato geralmente conhecido
que muitas das igrejas batistas do nosso país têm sua origem de igrejas
batistas de Gales (Grã-Bretanha), um país que sempre serviu de berçário dos
princípios peculiares aos batistas. ”
Nas
colônias originais do nosso país, multidões de imigrantes galeses, ao saírem do
seu próprio país, trouxeram com eles as sementes desses princípios batistas, e
seus pastores e membros deitaram o alicerce de muitas igrejas batistas da
Inglaterra Nova (o que se chamava o nordeste dos E.U.A. no início). As igrejas,
portanto, deste país, foram feitas de membros que vieram diretamente da
Inglaterra (Christian, página 375). A primeira sede da pura democracia das
Américas foi fundada, então, pela influência batista de João Clarke e Roger
Williams, no ano de 1.641. Esse patrimônio tão precioso das Américas deve então
aos batistas, depois de séculos de luta!
1)
Verdadeiro ou Falso: Quando Henrique rompeu
relações com o Papa e a igreja católica, o mesmo concebeu total liberdade de culto
aos batistas ingleses.
2)
Por que motivo, segundo Amônio, o preço da lenha
subiu tanto (no ano de 1.531)?
3)
Verdadeiro
ou Falso: sob o reinado do rei Eduardo VI, todas as seitas, menos os batistas,
foram protegidas pela lei.
4)
Dá o nome de uma mulher batista famosa da
Inglaterra, queimada viva sob o reinado de Eduardo.
5)
Verdadeiro ou Falso: João Calvino se tornou amigo
dos batistas ingleses.
6)
Indique o nome do fundador e o lugar da origem
dos “puritanos”,
e de quem o fundador aprendeu o “congregacionalismo”.
7)
Quantos batistas ingleses havia no ano de 1.605
D.C.?
8)
Verdadeiro ou Falso: Roger Williams foi o
primeiro a defender a tese da liberdade de religião.
9)
O que aconteceu com a igreja fundada por Roger
Williams?
10)
Dá o nome do pastor da primeira igreja batista da
América, bem como o local e a data da organização.
OS BATISTAS DA AMÉRICA DO NORTE.
Acostumamos como estamos atualmente
com a liberdade total de religião, achamos difícil imaginar que os batistas
tivessem que enfrentar duras provas de perseguições, mesmo aqui nas Américas. A
perseguição religiosa não se restringe à época da Grande Inquisição da Europa.
Na América do Norte, grupos que haviam fugido de perseguições na Inglaterra
fundaram colônias em que era considerado crime a religião oficial estabelecida
por eles.
Os puritanos fizeram da Igreja
Congregacional (fundada na Inglaterra por Roberto Browne) a religião oficial de
Massachusetts e baixaram leis que castigavam todos quantos fossem dissidentes
da mesma. Todos os cidadãos eram obrigados a participar, e quem não batizasse
suas criancinhas, assistisse aos cultos, tomando a ceia (congregacional) com
regularidade, seria punido por multas, e por vezes com açoites em praça
pública.
Os batistas infiltraram essa colônia
e fazia seus protestos dando as costas na hora do batismo do bebê. Certo
batista pelo nome de William Witter vem ao caso como exemplo dessas
perseguições. Segundo as atas das igrejas puritanas de Salem (Massachusetts);
Ele foi excluído por se ausentar das ordenanças públicas (da
igreja) durante nove meses, e por ter se convertido em batista, deixando-se
batizar “de novo”.
O fato é que ele tinha viajado até
Newport em Rhode Island, a verdadeira “ilha” de liberdade e refúgio de todas as colônias, onde reinava a liberdade
total de religião, e lá se batizou e foi recebido como membro da primeira
igreja batista da América por João Clarke. Acontece que o irmão Witter pediu a
seu pastor que fosse visitá-lo, realizando um culto na casa dele, lá em Salem,
em “pleno
território puritano”.
Esse pedido o pastor Clarke atendeu,
já que o irmão Witter era velho e impossibilitado de ir aos cultos tão longe em
Newport. Enquanto pastor Clarke estava pregando, explicando as Escrituras, na
casa do irmão Witter, dois delegados invadiram a casa e o prenderam. O pastor
estava acompanhado por mais dois irmãos de Newport, Obadias Holmes e João
Crandall, os quais foram também presos. Isso aconteceu na noite de 19 de julho
de 1.651 (Christian, volume I, página 379).
O governador puritano de
Massachusetts, Endicott, os acusou de serem “anabatistas”. Eles responderam que eram batistas,
não “anabatistas”.
Foram julgados sem júri, pelos magistrados. Sua sentença foi a de, ou pagar multa
alta, ou aceitar serem açoitados em praça pública. Alguns amigos pagaram as
multas, contrário à vontade dos presos.
Soltaram Clarke e Crandall, mas
Obadias Holmes insistiu em não aceitar ser solto, pois, afirmava que não era
criminoso, e não tinha feito coisa alguma de que fosse envergonhado. Foi
devidamente açoitado com trinta golpes de chicote. O sangue escorria e a carne
ficou totalmente rasgada, mas ele disse ao carrasco no final, “me batam com rosa! ” Ele afirmava que durante o castigo,
Deus lhe proporcionava tanta paz que ele não chegou a sofrer tanto. Mas durante
várias semanas ele não podia descansar o corpo, sendo necessário dormir “de
quatro”, apoiando-se
nos joelhos e nas mãos.
Também a colônia de Virgínia, onde a
igreja anglicana dominou até a Revolução de 1.776, pela qual a América ganhou
sua liberdade da Inglaterra, os batistas foram muito perseguidos. Por causa
disso, quando o Congresso continental se reuniu para debater a nova
constituição da nova república dos Estados Unidos da América do Norte, os
batistas se fizeram representar e pediam, através dos estadistas James Madison
e Thomas Jefferson, para que a plena liberdade de culto fosse garantida na
constituição. Isso foi combatido por aqueles que desejam ver estabelecida
alguma igreja como oficial, mas os batistas ganharam a causa, e mesmo depois de
adotada a constituição, e pela influência do primeiro presidente, o general
George Washington, foi adotada pelo novo Congresso a primeira emenda à
constituição que diz:
“O congresso não fará nenhuma lei regulamentando os artigos da fé, nem o
modo de culto, ou que proíba o exercício livre da religião, ou restringindo a
liberdade de comunicação ou da imprensa, ou impedindo o direito do povo de
pacificamente se reunir, ou de pedir ao governo a correção de qualquer
injustiça pública”. (Christian,
volume I, páginas 381-392).
Assim fica claro que o patrimônio da
liberdade religiosa das Américas é uma dádiva dos batistas aos povos
americanos! Afinal, eles tinham lutado durante quase dezoito séculos para
alcançá-la!
II. AS CLASSIFICAÇÕES DOS BATISTAS
Desde a época da grande reforma,
quando os batistas ficaram mais bem conhecidos na Inglaterra, os batistas
tinham principalmente duas “divisões”, ou categorias. Crosby, volume I, páginas 173-174
diz:
“Desde o início da Grande Reforma, houve dois grupos de batistas
ingleses: aqueles que aderiram ao sistema de doutrina calvinista, portanto
adotam a doutrina de eleição pessoal, são chamados de Batistas Particulares
(crendo que Cristo morreu para salvar somente “os eleitos”); e aqueles que creem nas doutrinas “armenianas”, principalmente na
doutrina da redenção universal (que Cristo morreu por todos os homens, ou seja,
por todos os descendentes de Adão), são chamados de Batistas Gerais... Mas também tem havido sempre
outros que não aceitavam ser chamados por qualquer um desses nomes, porque eles
recebem o que julgam ser a verdade (bíblica) sem respeitar o sistema de
doutrina com o qual possa vir a concordar ou a discordar”.
Ao chegarem nas colônias inglesas do “novo
mundo” (da América), os
batistas particulares passam a ser chamados pelo nome de “Batista
Regulares”. Esse nome
nada tem a ver com o grupo atualmente chamado de “batistas regulares” (veremos mais adiante a origem do
grupo atual). Os batistas gerais passam a ser chamados de batistas “separados”. Esse último grupo, na época dos
grandes “avivamentos”
ocasionados pela vinda de George Whitefield, o evangelista metodista, da
Inglaterra, o qual pregou por toda a “nova Inglaterra”, chegou a ser denominado como “batistas
nova-luz”.
Eles eram muito entusiasmados no
evangelismo, e, seus cultos muito animados. Como resultado do grande “despertamento
geral” de 1.800, os
batistas cresceram por todos os Estados Unidos (que nessa época ocupava a
região oriental da América do Norte, desde o mar Atlântico até ao Rio
Mississipi). Ganharam milhares e milhares de novos convertidos. Muitos dos que
convertiam pelas pregações de George Whitefield se tornaram batistas.
Whitefield era realmente um anglicano, mas aderente ao novo movimento metodista
da época, da Inglaterra, o qual procurava “avivar” a igreja anglicana, mas que
posteriormente separou-se da mesma.
George Whitefield muito desagradou
tanto aos anglicanos, como puritanos da nova Inglaterra, devido à sua insistência
na necessidade de se crer apenas o que ensinam as Escrituras! Como resultado de
assim orientar os novos convertidos a buscarem na Bíblia as doutrinas certas,
muitos deles passaram para as igrejas batistas. Por outro lado, os metodistas
da América iniciaram o grande movimento avivalista de “camp-meetings” (acampamentos), nos quais
comunidades rurais inteiras se ajuntavam em determinado local, para lá “acamparem” durante semanas a fio, ouvindo,
todos os dias, pregações, muitas das quais eram extremamente emocionais e do
tipo que atualmente se chama de “pentecostal” ou “carismática”.
Em tais ocasiões os ouvintes ficavam
acometidos de vários tipos de “manifestações” tais como: pular, agarrar-se ao
tronco de uma árvore e ficar convulsionando, sacudindo o corpo em movimentos
súbitos e espasmódicos. Outros ficavam de quatro, em posição de cachorro, e
ficavam mesmo latindo em imitação a um cão. Muitos outros excessos foram
registrados. Mas entre os batistas, o avivamento foi calmo e profundo, e
resultou em um acréscimo realmente volumoso em todas as suas igrejas,
espalhados pelo país. (Christian, volume II, páginas 355-363, ver especialmente
a página 364). Diz Christian que ao menos 10.000 novos membros foram
acrescentados às igrejas batistas durante o espaço de apenas dois ou três anos
(página 365).
Eventualmente, no ano de 1.787, houve
uma união entre os batistas regulares e os batistas separados, os quais
chegaram a adotar o nome de “Batistas Unidos”. Os batistas em geral não eram mais
extremamente “calvinistas”,
e também as doutrinas puramente “armenianas”, tais como a de que o crente está em perigo de ainda
perder a sua salvação (contrário à doutrina da segurança dos salvos), foram-se
desaparecendo. Aqueles que queriam ficar com essas doutrinas “armenianas”
chegaram a ser novamente
chamados de “batistas free-will” (livre-arbítrio), e “batistas
gerais”. (Christian, página 279ss).
Desde o ano de 1.830, surgiram duas
divisões notáveis no meio dos batistas. Uma foi a dos “batistas
primitivos” (ou “hardshells” “cascas-duras” como são popularmente chamados) os
quais caíram para o lado do “ultra-calvinismo”, negando até a necessidade de
pregações evangelísticas, escolas dominicais, trabalhos missionários etc. Criam
que Deus haveria de salvar “seus eleitos” sem nenhum esforço da parte dos
crentes.
Esse grupo se separou dos batistas “missionários” neste ano, liderados por Josué
Lawrence e Daniel Parker. Outra divisão pela mesma época, foi liderado por
Alexandre Campbell, e eventualmente levou à origem da seita “Igreja
de Cristo” ou “Discípulos
de Cristo” (existem
essas duas divisões da seita até agora). Ele (Campbell) pregava a doutrina da “regeneração
batismal”, aceitando a
idéia batista do batismo só de adultos, mas com finalidade de obter-se a
remissão dos pecados através do próprio “ato de obediência” do batismo. Essa
seita também se acha atualmente no Brasil. Os batistas da América do Norte os
chamam frequentemente de “campbelitas”. (Christian, volume II, páginas
404-436).
1)
De que maneira os batistas mostravam seu desagrado na hora do
batismo de um bebê “puritano” de Massachusetts?
2)
Qual o nome do irmão batista que foi açoitado pelos
puritanos, no caso citado?
3)
Verdadeiro ou Falso:
Os batistas nada fizeram para se conseguir a garantia de liberdade religiosa na
constituição norte-americanos.
4)
Por que os batistas particulares ganharam esse nome? Por que
os batistas gerais?
5)
Como vieram a ser
chamados os particulares e os gerais na América?
6)
Verdadeiro ou Falso: George Whitefield era um grande
evangelista batista inglês.
7)
Mencione algumas
“manifestações” dos cultos de acampamento durante o grande despertamento de
1.800.
8)
Explique como os regulares e separados se uniram, e qual o
seu novo nome?
9)
O que foi que Daniel Parker pregava, e qual a seita fundada
por ele?
10)
Qual era o nome do fundador da Igreja de Cristo?
________________________
OS BATISTAS DA AMÉRICA DO NORTE
III. A POSIÇÃO DOUTRINÁRIA DOS
BATISTAS COM RESPEITO AO BATISMO ALHEIO OU ESTRANHO
Christian
dedica cinco páginas do segundo volume da sua “History of the Baptists”, páginas 437 a 441, para a
discussão desse tema, e cita caso após caso que ilustra a posição rigorosa dos
batistas originais das Américas com respeito à recepção, por parte das igrejas
batistas, de imersões (para mencionar os batismos infantis realizados pela
aspersão) ministrados por qualquer grupo ou ministrante fora das igrejas
batistas. Christian deixa fora da dúvida a conclusão de que quase todos os
batistas americanos durante os 200 primeiros anos adotavam a posição agora
ocupada pelas igrejas batistas de linhagem e doutrina histórica.
No
final da discussão, ele cita o afamado e respeitado historiador batista,
Benedict, o qual, no ano de 1.848, diz: “Achei, através de larga correspondência, que a maioria da nossa
denominação (batista) batiza “de novo” e consagra “de novo” os pastores, e todos quantos querem
ingressar nas suas igrejas, vindos de qualquer outra igreja ou denominação”. (Christian,
volume II, página 441).
Essas
citações, das quais nos falta espaço para registrar todas, confirmam a posição
dos batistas atuais de comunhão “estreita”, que afirmam que a posição é realmente a defendida no
passado pelos batistas, e que os que usam o “rótulo” de batista, e os que aceitam
batismos de outras denominações, são os que se desviaram da posição primitiva.
IV. AS ASSOCIAÇÕES E
CONVENÕES
As
duas organizações gerais mais presente na vida batista são associações e
convenções. As associações aparecem entre os batistas particulares e os
batistas gerais da Inglaterra desde 1.640 a 1.660 (Christian, volume I, páginas
313-329). Essa organização teve por finalidade promover a confraternização das
igrejas batistas, e visava maior união de esforços para a evangelização e para
os trabalhos missionários. Dava aos batistas os meios de se conhecerem melhor.
Nos
Estados Unidos atualmente esse sistema de organização é usada por muitas
igrejas batistas de fé e doutrina iguais às das nossas igrejas independentes
brasileiras atuais. As associações também procuram identificar tendências
heréticas que possivelmente possam penetrar no meio das igrejas e servir de uma
proteção ou escudo para as igrejas.
O
problema maior dessas organizações é o de conter e restringir a sua própria
autoridade, para que as mesmas não venham a dominar as igrejas e lhes roubar a
sua autonomia e independência. Essas associações são frequentemente sacudidas
com ideias e filosofias estranhas aos princípios bíblicos, e as divisões são
cada vez mais frequentes, formando-se novas associações, por causa do zelo de
certos elementos pelo princípio da autonomia das igrejas, e por causa de
tendências que deturpam os princípios originais.
Ocasionalmente,
se ouve de uma reunião de “mensageiros” de determinada associação que chega a “disciplinar”
alguma igreja,
expulsando-a da sua confraternização por meio de votação. Por esses e outros
motivos (entre os quais, o fato de essas organizações não se encontrarem na
Bíblia), os batistas independentes preferem confraternizar-se sem organizarem
esse tipo de organização.
Outro
tipo de organização geral no meio dos batistas é o da convenção. A primeira, a
Convenção trienal (chamada assim porque os representantes das igrejas se
reuniam uma vez em cada três anos) foi organizada nos Estados Unidos no ano de
1.814 (Christian, volume II, páginas 392 ss).
Essa
organização teve por finalidade declarada na sua constituição a de “organizar um plano que visa evocar, unir, e dirigir
as energias da denominação (batista) inteira em um grande esforço para mandar
as boas novas de salvação para os pagãos e para as nações destituídas da luz
pura do Evangelho etc....”
A
representação nas suas reuniões era baseada na contribuição de, no mínimo, cem
dólares por ano. Apesar das boas intenções dos seus fundadores, o sistema de convenções
tem gerado no meio dos batistas, muitas divisões e brigas. Ano após ano,
centenas de igrejas norte-americanas saem das convenções devido às tendências
notadamente heréticas, e antibíblicas, as quais dominam as suas instituições,
principalmente os seus seminários e as suas faculdades, as quais abrigam
professores incrédulos e até ateístas, que procuram minar a autoridade da
Bíblia como a verdadeira Palavra de Deus. Eles são pagos por dinheiro batista
para ensinar suas heresias. Esse dinheiro é mandado pelas igrejas para seu
plano cooperativo, controlado pela liderança da convenção. Os batistas
independentes têm motivos demais para trabalharem totalmente desligados de tais
organizações.
A
convenção trienal se dividiu em duas partes no ano de 1.845, quando se formou a
convenção batista do Sul dos Estados Unidos, a qual mandou os primeiros
missionários batistas para o Brasil, o que resultou na formação da convenção
batista brasileira. Os batistas do Norte ficaram conhecidos pelo nome de “Convenção
Batista do Norte”.
Outras
igrejas batistas do Norte, e principalmente certas igrejas do Sul do E.U.A.,
continuavam independentes como batistas, sem outro apelido. Normalmente, os
batistas do Sul do país ficaram com o nome geral de “batistas missionários”, nome esse que os distinguia dos “primitivos” (anti-missionários) que se separavam
dos batistas no ano de 1.830.
A
convenção do Norte se liberalizou mais rapidamente do que a do Sul,
confraternizando-se com as demais denominações. Na sua eclesiologia, a
convenção do Norte chegou a adotar o conceito protestante da igreja universal e
invisível, contrariando a posição batista primitiva, que defende a doutrina da
igreja somente local. Pela influência dessa ideia, houve uma abertura quase
completa nessas igrejas, as quais começaram a aceitar o batismo alheio, isto é,
o de outras denominações.
A ceia
também ficou aberta para a participação de pessoas não batistas, ou de batistas
que eram membros de outras igrejas. Houve logo, nessa convenção, desvios
doutrinários graves. Certos pastores e líderes destacados chegavam a negar que
Cristo nascesse de uma virgem; negavam que a Bíblia fosse verdadeiramente
inspirada pelo Espírito Santo; negavam os fatos históricos da Bíblia; negavam a
doutrina da redenção pelo sangue de Cristo, enfim, atacavam muitas das
doutrinas históricas dos batistas e dos evangélicos em geral.
Houve
dentro da convenção um movimento para recuperar esses “fundamentais” da fé, mas isso não foi possível. A
convenção do Norte já havia se desviado ao ponto de não mais ser “purificados”. Foi então que vários irmãos se
separaram da mesma, formando mais dois grupos de batistas. O primeiro foi o dos
batistas regulares (General Association of Regular Baptists churches),
associação essa que se organizou no ano de 1.932 na cidade de Chicago, estado
de Ilhinois.
O
segundo grupo a se separar da convenção do Norte foi o dos batista
conservadores, os quais organizaram a Associação Batista Conservadora no ano de
1.947, na cidade de Atlantic City, estado de Nova Jersey. Ambos esses grupos
estabeleceram trabalhos missionários no Brasil. Nenhum dos grupos conserva até
hoje a doutrina, aprendida dentro da convenção do Norte, de duas igrejas: a
universal e invisível, e a local e visível.
Naturalmente
a adoção da doutrina da igreja universal abriu as portas para a recepção de
imersões estranhas de outras denominações, e para a prática da “ceia
aberta”. Os pastores
dessas igrejas não veem dificuldade em receberem o batismo pentecostal e
imersões de outras denominações. Torna-se impraticável, portanto, para as
igrejas independentes, a troca de cartas ou a aceitação de batismos ministrados
por essas igrejas. (Os dados históricos citados acima, bem como os seguem, se
baseiam em informações fornecidas pelo livrinho: “Who are the Baptists? ”, publicado pela imprensa da
Associação Batista Americana, Terxakana, páginas 28-56).
Outro
grupo já conhecido no Brasil é o dos batistas bíblicos. A “Confraternização
Batista Bíblica” teve
sua origem com um movimento conhecido de primeiro nome, Batistas Fundamentais,
mas atualmente pelo nome, “Confraternização Batista Mundial”. J. Frank Norris, de Fort Worth,
estado de Texas, E.U.A. foi quem encabeçou esse movimento na primeira parte do
século XX. Esse grupo de batistas se separou da convenção do Sul e, portanto,
de modo geral, conservaram a eclesiologia batista da igreja local. Discordando
com a política demagógica do fundador, J. Frank Norris, vários pastores
induziram suas igrejas a se separarem dos “fundamentalistas” e formarem nova confraternização, a
dos “bíblicos”.
Entre
os líderes mais destacados, que formaram o novo grupo de “batistas
bíblicos”, no ano de
1.950, foram G.B. Vick e W.E. Dowel, O seminário e os escritórios principais
desse grupo se encontram na cidade de Springfield, estado de Missouri. O
primeiro missionário desse grupo para o Brasil, Byron MacCartney, adotou várias
igrejas interdenominacionais e delas “fez” ou as converteram em igrejas
batistas, sem, porém, a devida re-estruturação doutrinária, e sem o “re-batismo” batista.
Os
pastores das suas igrejas no Brasil adotam em geral a doutrina da “igreja
universal” e o batismo
estranho proveniente dessa doutrina. O que dissemos acima a respeito das
igrejas “regulares” e
conservadoras, também se aplica aos “bíblicos”. Existe outro grupo relativamente grande de igrejas
batistas, os quais zelam pelos princípios batistas, em matéria de eclesiologia,
mas adotam o sistema de associações. Essas igrejas se chamam de “igrejas
batistas missionárias” e
são o maior grupo organizado em associações, de igrejas batistas da América que
ainda conservam firme as doutrinas batista. Sua organização nacional se chama: “A
Associação Batista Americana”. Foi organizada no de 1.924 por igrejas que tinham saído na sua maior
parte, da convenção do Sul, ou que nunca tinham sido ligados à convenção, e
sim, tinham confraternizado com igrejas da mesma fé e ordem das associações
locais e estaduais.
Houve uma divisão nessa associação em 1.950, e
surgiu a “Associação Batista Missionária da América”. Essa última separou-se da primeira
por motivos de divergências na liderança, e não por motivos doutrinários. Eles
têm algumas igrejas aqui no Brasil. Existem milhares de igrejas batistas na
América do Norte que defendem a doutrina verdadeiramente batista, mas que não optam
por pertencer a qualquer uma dessas organizações estudadas.
Essas
igrejas enviam missionários e os sustentam, para que possam organizar igrejas
batistas no Brasil, firme na doutrina batista. O título “independente” não faz parte, oficialmente, do nome
dessas igrejas, por se tratar de uma expressão larga no seu sentido. Algumas
igrejas de doutrina pentecostal se chamam de batistas independentes. Lá na
América do Norte, há igrejas que adotam esse nome, mas não são fiéis aos
princípios batistas.
1)
Verdadeiro ou Falso: A maioria dos batistas
originais da América era relaxada quanto à recepção de “batismo estranho”.
2)
Verdadeiro ou Falso: Associações batistas
existem desde a época dos apóstolos.
3)
Qual a base de representação nas convenções
batistas?
4)
Qual a declarada intenção da convenção, com
relação às igrejas?
5)
Verdadeiro ou Falso: A convenção do sul dos
E.U.A. já se desviou dos princípios básicos dos batistas.
6)
Qual das convenções (a do Norte ou a do Sul) dos
E.U.A. foi a primeira a “liberalizar-se”?
7)
De qual das duas convenções saíram os movimentos
batistas regulares (atuais) e conservadores?
8)
Qual é a prática desses dois últimos quanto à
questão de aceitar o batismo “estranho”?
9)
Por que
motivo não será recomendável receber os batismos pelos “batistas bíblicos”?
10)
Por que é que não aceitamos o título de “independente”
como nome oficial?
OS BATISTAS DO BRASIL
(Os seguintes dados são na maior parte, extraídos do
livro escrito pelo missionário batista da convenção do sul dos E.U.A., A. R.
Crabtree: “Baptists in Brazil”,
publicado pela Casa Publicadora Batista da Convenção Batista Brasileira, da
edição de 1.953. Esse livro existe também em português, mas as citações nesta
apostila são da edição em inglês).
Depois
da guerra civil dos E.U.A., que terminou pelo ano de 1.864, um grupo de
colonizadores saiu dos estados do sul dos E.U.A. para se radicar no Brasil,
perto de Santa Bárbara, estado de São Paulo. Havia alguns batistas no grupo, os
quais se organizaram no ano de 1.871 em uma igreja autônoma, e apelaram para a
junta de missões estrangeiras da Convenção do Sul dos E.U.A., localizada em
Richmond, Virgínia, para que a mesma enviasse missionários de lá para o Brasil.
Finalmente, veio o casal W.B.Bagby, e também Z.C. Taylor com sua esposa.
Os
primeiros desses casais chegaram aqui no Brasil em 1.881. Até o ano de 1.899,
havia 15 missionários norte-americanos e 1.500 batistas brasileiros, como
resultado dessa iniciativa. Deve-se lembrar que no início era muito difícil
evangelizar os brasileiros devido à situação política da Igreja Romana no
Brasil, a qual, até o ano de 1.889, era a igreja oficial.
Os
batistas foram frequentemente perseguidos. Certa vez quando o pastor Bagby
estava pregando, uma turba começou a jogar pedras através das janelas. Uma
delas atingiu o pastor na testa e o deixou caído no chão inconsciente. O outro
missionário presente irrompeu em lágrimas, não pelo pastor Bagby, mas porque
não era ele a pessoa que teve a felicidade de sofrer por Jesus Cristo! Isto
mostra a fibra dos primeiros obreiros batistas mandados para o Brasil. Diga-se,
de passagem, que esses primeiros trabalhos foram bem batista, sem nenhuma
mistura de interdenominacionalismo.
Debates
eram frequentes entre os pastores batistas e os de outras denominações, como da
presbiteriana, a respeito do batismo bíblico (o livro registra que W.C Taylor
confronta em debate um pastor presbiteriano, dando provas cabais do significado
do batismo bíblico praticado pelos batistas). Desde o ano de 1.950, a convenção
batista brasileira ficou dividida, e a nova “convenção nacional” toma a posição doutrinária
carismática, afirmando a validade e uso de todos os dons apostólicos, inclusive
o “das línguas estranhas”. Esses batistas às vezes são chamados de “Batistas
Pentecostais”. Não são
reconhecidos como ocupando a posição doutrinária batista, havendo desvirtuado o
nome nobre e significativo de batista.
Sem entrar em pormenores quanta às
estatísticas do crescimento dos batistas da convenção, compete aqui apenas as
seguintes observações. Infelizmente a convenção brasileira sofre de muitas
influências antibíblicas, muitas das quais vêm da outra América, trazidas frequentemente
por missionários e professores das escolas, colégios, faculdades, institutos
bíblicos, e seminários batistas da convenção do sul. A doutrina da igreja
universal e mística, a qual abre caminho para o ecumenismo, está sendo aceita
cada vez mais, por um número maior de líderes batistas da convenção brasileira.
Pastores
formados nos seminários estão espalhando a doutrina de Karl Marx (fundador do
comunismo), Freud, e outras filosofias nocivas e antibíblicas. Muitas das
maiores igrejas estão aos poucos abrindo-se para a aceitação do “batismo
estranho”, e para a
prática de ceia aberta. É frequente, principalmente nas igrejas batistas da
convenção que se encontram nas cidades grandes, a “troca de púlpitos”, o que significa que pastores de outras
denominações, e em alguns casos, até padres católicos, são vistos em púlpitos
batistas.
Por
esse motivo é aconselhável a maior cautela na aceitação de membros dessas
igrejas, tornando-se necessário da parte de igrejas que desejam conservar-se
dentro dos padrões antigos, fazer “sindicância” dos candidatos e das igrejas a respeito da sua
origem, para constatar a regularidade dessas igrejas quanto à sua doutrina e ao
seu batismo.
Do ano
de 1.957 a 1.959, chegaram ao Brasil os três missionários pastores Steve Harold
Montgomery, Jerry Donald Ross e Eldwyn D. Rogers. Foi organizada a primeira
igreja batista, independentemente de qualquer convenção ou associação, no
bairro de cidade Leonor, do Jabaquara, na capital de São Paulo. Os missionários
foram autorizados por suas respectivas igrejas da outra América para
organizarem tal igreja, a qual foi inaugurada com dois dos missionários e suas
respectivas esposas e mais dois irmãos brasileiros, no dia 7 de dezembro de
1.958.
No dia
13 de janeiro de 1.963, o missionário Bill (William) Heslep organiza a Igreja
Batista de Vila Espanhola, na casa verde alta, zona norte da cidade de São
Paulo. Dessas duas primeiras, vem-se espalhando a obra, agora contando com
várias igrejas e congregações na capital, bem como no interior do estado, e em
outros estados do Brasil. A confraternização dessas igrejas estende-se ao norte
do Brasil e abrange outros missionários e seus trabalhos bíblicos e batistas.
Essas
igrejas não são somente independente, como também igrejas “missionárias”, as quais estabelecem congregações,
enviam e sustentam obreiros para a implantação de novos trabalhos. Todos esses
esforços missionários são realizados através dos princípios bíblicos de missões
“diretas”, ou
seja, de relações diretas entre a igreja e obreiro.
Não se
cogita a formação de juntas ou organizações “intermediárias”. As igrejas colaboram umas com as
outras em confraternização livre e espontânea. O nosso pedido a Deus se baseia
na exortação do nosso Senhor Jesus Cristo quando disse:
“A seara é realmente
grande, mas poucos os ceifeiros. Rogai, pois, ao Senhor da seara que mande
ceifeiros para a sua seara! ” (Mateus 9:37-38).
Que
Deus abençoe os variados esforços, entre os quais o Instituto Bíblico Batista
Independente, instituto esse patrocinado pela Igreja Batista em Vila São Pedro,
capital, São Paulo, que estão sendo realizados para ajudar no preparo de mais
obreiros. Pedimos que o Senhor chame mais obreiros para a obra!
1)
Onde foi organizada a primeira igreja batista no
Brasil, e qual a data?
2)
Dê o nome dos dois primeiros missionários
norte-americanos enviados ao Brasil pela junta de Richmond.
3)
Falso ou Verdadeiro: O primeiro trabalho batista
brasileiro era muito relaxado em matéria de doutrina batista.
4)
Qual a posição doutrinária da Convenção Batista
Nacional, que se separou da primeira?
5)
Verdadeiro ou Falso: A liderança da Convença
Brasileira está conduzindo os batistas da convenção em direção ao desvio das
doutrinas batistas.
6)
Como penetra nas igrejas da convenção as más
influências?
7)
Qual a maneira mais segura de aceitar membros de
igrejas batistas da convenção?
8)
Qual é o sistema de obra missionária praticado
pelas nossas igrejas batistas independentes?
9)
Por que não se deve cogitar a organização de
juntas ou outras organizações para facilitar a cooperação das igrejas?
10)
Verdadeiro ou Falso: É Deus quem chama o obreiro
e o instituto apenas serve de ajuda para que ele aprenda e se prepare melhor
para a obra