sábado, 4 de julho de 2015

A [Histórica] Relutância dos Batistas em Engolirem a Teoria da Igreja Universal e Invisível-Difusa



Mais acentuadamente (e mais crescentemente) a partir do século 20, muitos dos livros de Teologia Sistemática nos seminários batistas, e muitos de seus professores, e muitos dos pastores e missionários deles egressos, mesmo clamando serem de linha batista fundamentalista e mesmo alegando que põem maior ênfase nas igrejas locais, decididamente também passaram a admitir e até calorosamente defender uma teologia que é uma mera modificação/ atenuação da (e mesmo uma ponte para a) da doutrina católica da “una e única igreja universal e visível, fora da qual não há salvação, e que (sempre que se tornar possível, mesmo antes do Milênio) deve governar sobre todos os reis, e sobre todos os homens ser imposta à força, como a igreja- estado ou, pelo menos, como a igreja oficial”. Essa abominável doutrina católica foi, com o mínimo de atenuação necessária, herdada pela maioria dos reformados originais. Depois, quando foi necessário para se infiltrar entre os batistas, foi levemente modificada e transformou-se na teoria que sempre houve e há (atualmente, e aqui na Terra!) uma tal de "igreja universal e invisível-difusa” (IUID), permeando todas as igrejas locais de todas as denominações em todo o planeta terra, e englobando todos os verdadeiros salvos (e somente eles) no céu ou entre as igrejas locais sobre toda a Terra. Os autores dos supra mencionados livros de Teologia Sistemática escrevem (e os professores e pastores falam) coisas lindas, que eu Hélio, poderia tentar resumir assim:

"Olhem para fora e para dentro de si mesmos, e vejam: na realidade, há um só oceano cobrindo ¾ de todo o planeta Terra, mas há uma só e maravilhosa superfície sólida cobrindo 100% de toda a Terra (parte dessa superfície sólida estando abaixo e parte estando acima de oceano), mesmo que nem todos percebam tudo isto, nem reconheçam como tal superfície sólida é gloriosa em sua unidade abrangente de todo o planeta. Essa superfície sólida aqui está abaixo e encoberta pelo oceano, ali se ergue formando uma ilha isolada ou um pequeno arquipélago, acolá se ergue formando um grande continente, etc. Os habitantes de cada um desses locais emersos do oceano talvez não percebam, mas todos eles estão sobre um mesmo e majestoso lençol de terra que é único e universal. Semelhantemente (Aleluia! Glória a Deus!) é com a Sua Igreja: há centenas ou milhares de denominações, há dezenas de milhões de igrejas locais, há centenas de milhões de crentes, mas, Aleluia, todos nós, os verdadeiros salvos, quer vivos ou mortos, já formamos uma só igreja, a Igreja Universal e Invisível-Difusa, o conjunto de todos os verdadeiros crentes, quer ainda estejam sobre a terra ou já estejam no céu. Tal Igreja deve ser considerada infinitamente mais sublime que cada uma e todas as igrejas locais, cada uma dessas sendo apenas a expressão visível daquela, uma mera célula daquela. Deve ser aceita como A verdadeira Igreja, una e indivisível, o conjunto de todos os verdadeiros crentes que estão quer sobre a terra quer já no céu, o uno e indivisível Corpo [místico, invisível] de Cristo."

Essa teoria da IUID, mesmo se pouco a pouco, leva a muitos e graves erros, prejuízos, perdas, e mesmo heresias. Ver, por exemplo, The [9] Evils Of The Universal Church Theory (“Os [9] Males da Teoria da Igreja Universal”], em http://www.baptistbecause.com/Tracts/invch-3.html, o terceiro e último capítulo do pequeno livro In Search of the Universal Invisible Church (“À Procura da Igreja Universal e Invisível”), Milburn Cockrell, Pastor - Berea Baptist Church, Mantachie, Mississippi. Por exemplo, pode levar algumas pessoas a dizerem:

"Minha igreja do coração, a única que amo mesmo, a única que sirvo aqui na terra, é a 'igreja universal, difusa e invisível’, ela é a única que me interessa, eu não preciso ser membro nem ser fiel a nenhuma igreja local, eu frequento a todas elas sem me amarrar a nenhuma. Abaixo as separações, abaixo as diferenças doutrinárias, sejamos uma só religião, sejamos 'A Igreja'."

Recentemente, um eminente pastor batista fundamentalista, formado em um eminente Seminário Batista Regular, escritor de livros, professor de várias disciplinas relativas à Teologia Sistemática em vários seminários e institutos bíblicos de linha batista fundamentalista, e quem, na minha avaliação, pode ser considerado um pastor e professor na nata dos 2% mais fundamentalistas, militantes e sinceros egressos daquele Seminário Batista Regular,
demonstrou enorme surpresa ao ouvir-me completamente repudiar a teoria da igreja universal e invisível-difusa, e defender que o único sentido para a palavra igreja, no Novo Testamento, é o de igrejas locais. Surpreso e zangado, ele: 

a) Disse-me ser a primeira vez que jamais ouvia falar de defesa de tal doutrina (que só há igrejas locais, no ensino de todo Novo Testamento]. Em minha mente (somente nela) lamentei profundamente e não pude deixar de pensar que, por aquela afirmativa daquele pastor paradigma do fundamentalismo batista regular, e por outras suas afirmativas sempre desculpando e defendendo e admirando os “melhores” católicos e reformados, aquele seminário de sua origem, e seus livros e professores, me parecem estar formando não batistas, mas apenas reformados que praticam imersão de adultos e não aspersão de bebezinhos. Tanto assim que, depois que ele saiu, fiz a seguinte pesquisei em Google
      "no universal church" OR "just local church" OR "local church-only"

e encontrei 1.310.000 (!) artigos ou livros tratando do assunto (tanto contra como a favor dessa posição!... Como é possível que um dos melhores egressos de tão eminente seminário, e um dos melhores professores de tantos outros seminários batistas fundamentalistas, jamais tenha examinado nem mesmo ouvido falar da doutrina que sempre li e ouvi ser pregada e cri e preguei e ensinei, em 37 anos de ativa membresia em tantas igrejas realmente batistas realmente fundamentalistas, em 3 países?

b) Disse-me que aquilo em que eu cria não tinha nenhum precedente entre os batistas, era uma absoluta novidade estranha aos batistas, era um “estupro teológico” (depois ele me pediu perdão por ter usado termo tão ofensivo), etc., etc.
Horas depois, consegui encontrar um tempinho e busquei na internet e em 2 minutos encontrei, em
este artigo que mostra exatamente o contrário: W. David Phillips faz uma breve análise de um livro cujo principal autor é um reformado (presbiteriano, ver http://www.amazon.com/Richard-D.Phillips/e/B001HMQX9C/ref=ntt_athr_dp_pel_1 )
defensor da teoria da IUID, e dedica uma boa parte do seu livro para explicar porque, historicamente, esta teoria sempre foi oposta, recusada, por bem significativa parte dos batistas de vários matizes!!! O que está entre colchetes [] são explicações adicionados por mim 

(Hélio):

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